Gostem ou não de Paulo Henrique Amorim, mas ele era um homem que gerava debate. Que suscitava a controvérsia. Que mexia. E tinha conhecimento. De economia, falava muito bem, embora não fosse possível concordar com tudo. Ou talvez você concordasse com muito pouco, ou quase nada. Mas era uma voz crítica, que cativava o debate e colaborava, nesses tempos difíceis, com o cultivo da imprensa livre, democrática, ampla e plural.
Tinha as convicções dele, natural, inerente do ser humano. O exercício de um direito. E claro que, por isso, gerava discórdia muitas vezes. Havia quem o adorasse, e quem dele não gostasse. Mas convenhamos, viveu do risco de opinar, de cativar ou não, deixando de lado o conforto que para muitos o muro oferece.
A partida do Paulo Henrique Amorim no dia em que a reforma da Previdência tem sua crucial votação na Câmara me faz pensar na pressa. Na pressa que pode ser danosa. Senão vejamos. Essa reforma é abrangente demais. Ampla, enorme, imensa. Não está ela sendo debatida a toque de caixa em nome de uma necessidade que, convenhamos, já existe faz muito tempo? Será prudente apressar um debate que precisaria ser mais aprofundado, ponto a ponto? E estará efetivamente preparado o atual Congresso para uma missão tão importante?
Há quem diga que essa reforma está sendo discutida há anos, foi preparada desde Lula, Dilma e Temer, mas não é bem assim. A retirada de estados e municípios foi de agora. Ainda ontem o presidente Bolsonaro falava de sacar a segurança pública do texto. E há muitas controvérsias. Muitas dúvidas.
A pressa é inimiga da perfeição. Frase velha, surrada porém tão necessária quanto útil nessas horas de debates acirrados por paixões alojadas em polos. Até essa divisão dramática que o Brasil vive, com esse olhar ambidestro preocupante, torna a reforma perigosa para todos com essa pressa toda. Um pouco de prudência seria muito importante.
Tudo isso para dizer que hoje é Dia da Pizza, e não gostaríamos que uma reforma que valerá para as futuras gerações não terminasse em pizza. Comentamos a respeito hoje no Jornal das Nove. Está no podcast: