Os primeiros começaram a chegar em seguida das 15h. Eram quatro torcedores reunidos em um dos portões de acesso ao pátio do Heriberto Hülse, pelo lado da rua Constante Casagrande. Eis o início tímido do protesto que grupos de tricolores organizaram via WhatsApp para levar ao Criciúma o incômodo da galera com a fraca campanha do Tigre na arrancada do Campeonato Brasileiro.
Pouco antes das 15h30min, hora de início do treino fechado que o técnico Argel Fucks comandou no gramado do Majestoso, um foguete foi lançado por um torcedor da rua Treze de Maio em direção ao estádio. O disparo estourou perto do corredor dos camarotes, na parede do estádio.
Segurança particular contratada pelo clube atuou no entorno do estádio, monitorando o acesso de atletas, dirigentes e funcionários justamente pelo portão onde se concentraram os quatro primeiros manifestantes da tarde. Tudo muito pacífico.
O treino prosseguia e os torcedores, em maior número, mudaram o local da concentração. Passaram para o portão da Desembargador Pedro Silva, ao lado do bandeirão. Uma faixa foi estendida na grade, com as inscrições voltadas para dentro do pátio, para que os jogadores vissem na saída. Nela diz "Salário em dia. Futebol atrasado" e há várias cédulas de papel grudadas na lona.
Concluída a atividade, os jogadores foram saindo aos poucos e, a cada um deles, uma reação dos cerca de 15 tricolores que permaneceram na calçada, isso já perto das 17h, para reforçar a manifestação. A Polícia Militar acompanhou com uma guarnição. A saída do goleiro Luiz foi a mais vaiada. Um torcedor chegou a apanhar um galho com folhagens para simbolizar o que chamou de "mãos de alface". Luiz apenas olhou, não esboçou reação, entrou em seu carro e partiu.
Antes dele, outros dois atletas que revidaram. O primeiro foi o meia Elvis. Ao ouvir os gritos de torcedores, xingamentos inclusive, ele retrucou ao entrar no carro. Pegou pesado no palavrão, ouvido por todos e inflamando ainda mais os já revoltados tricolores. Assista abaixo o momento da saída do meia do estádio.
Em seguida, foi a vez de Fábio Ferreira rebater a torcida. Também bastante apupado e, ao ouvir alguns xingões, não se conteve e ergueu o dedo médio, entrando logo após em seu carro e partindo. Também gerou revolta.
Em contrapartida, os torcedores aplaudiram Carlos Eduardo, Jean Mangabeira, Enzo, Christian e Liel. Para o zagueiro Nino, direcionaram algumas palavras de incentivo intercaladas por cobranças por conta do gol contra diante do CSA.
O principal momento da manifestação foi protagonizado por Sueliton. O lateral embarcou em seu carro e manobrou pelo pátio até onde estavam os torcedores. O grupo logo se reuniu na grade e conversou com o atleta. Sueliton pediu calma, disse que o elenco está fechado, defendeu Elvis e Fábio Ferreira do episódio antes narrado e garantiu que logo o time vai dar a virada na Série B.
No fim das contas, o grupo virou a faixa, deixando os dizeres de protesto expostos para a rua. E prometeram ir ao aeroporto de Jaguaruna em caso de resultado ruim em Campinas contra o Guarani na terça-feira.