O grande tormento do brasileiro na primeira metade dos anos 90 era a inflação. Um pouco menor do que aquela que levava pelo ralo o nosso dinheiro nos anos 80, mas ainda era um problema seríssimo. Tempos em que havia os remarcadores, os sujeitos contratados pelos supermercados para, de maquininha em punho, passar de produto em produto, até três vezes por dia - ou mais, conforme o tamanho da crise - para trocar os preços. Encontrar um litro de leite por um preço em cruzeiros logo cedo, outro ao meio dia e um terceiro valor, mais alto, no meio da tarde, era algo corriqueiro. E isso quando havia produtos nas gôndolas. Tempos em que se fazia filas para comprar pão, carne e, também, o leite.
Eis que o ministro Fernando Henrique Cardoso apresentou, no governo Itamar Franco, o Plano Real. Primeiro, a esquisita URV, a Unidade Real de Valor que convertia os preços estratosféricos e descontrolados em uma medida cambial que prometia estabilizar os números até que a nova moeda pudesse entrar em circulação. E assim foi em 1º de julho de 1994. Os brasileiros começaram a sentir o prazer de comprar com moedas, algo que há muito não se fazia. As antigas notas do finado cruzeiro real, o último estágio da antiga e moribunda moeda, deram lugar a notas coloridas, vistosas, bonitas, desejadas e com valor. As moedas eram perseguidas e bem guardadas. Cada real valia um dólar quando da estreia da nova moeda brasileira, o equivalente a CR$ 2.750 (os cruzeiros reais).
Aqui em Criciúma, a cena resgatada na manhã desta segunda-feira pelo jornalista Nei Manique em postagem no Facebook ilustra como foram aqueles novos tempos em Criciúma há exatamente um quarto de século.
25 anos do Real
No dia 30 de junho de 1994, uma quinta-feira, soldados do 28º GAC montaram guarda no entorno da agência do Banco do Brasil em Criciúma. A operação garantiu a chegada dos primeiros lotes de Real, a moeda que entraria em vigor no dia seguinte. (Arquivo / Jornal da Manhã)
Claro que as moedas de Real não compram que compravam há 25 anos, e as cédulas, fruto da inflação que não é mais galopante mas ainda existe, não contam com tanto valor assim. Mas o Real vem garantindo o quarto de século mais estável desde os tempos dos mil-réis do Império.