O ano é como uma estrada comprida, a qual conhecemos bem.
E agosto é o túnel da estrada.
Supomos, a cada começo de ano, saber como estaremos e o que sentiremos em cada trecho desta estrada.
Sabemos que fará calor no início da jornada e que depois virá a meia-estação.
Quase no meio da estrada precisaremos de reforços pois os dias serão mais curtos e as noites mais longas.
Fará muito frio e, em muitos dias, não haverá sol para iluminar o caminho.
Mas sabemos, também, que depois deste trecho a temperatura estará amena novamente e a caminhada será mais fácil.
No final da estrada o calor intenso voltará.
Caminharemos em dias de festa, de recolhimento, de luz e de escuridão.
Caminharemos sentindo a brisa no rosto em alguns dias. Em outros o caminho estará repleto de folhas caídas, trazidas pelo vento.
Andaremos olhando para as flores enfeitando o caminho e poderemos nos refrescar num lago a beira da estrada nos dias mais quentes.
Em alguns trechos encontraremos muitas pessoas e em outros caminharemos sozinhos.
Sempre haverá uma surpresa. Algo que nunca antes enxergamos na estrada. Esta é a graça da caminhada. É na expectativa das surpresas que nos animamos a caminhar.
Há um trecho da estrada que chamo de túnel. É quando já faz frio há muito tempo. Quando passamos dias caminhando sem ver o sol. Dias em que chove muito e os viajantes da estrada ficam mais reservados. Alguns nem cumprimentam quando se encontram. Estão muito preocupados com a própria sobrevivência.
Quase todos vestem roupas escuras, a grande maioria veste preto.
É a parte da caminhada em que já estamos cansados e sabemos que ainda há uma longa jornada até o final. Embora certos de que não desistiremos, caminhamos cabisbaixos, olhando nossos passos.
São os dias em que olhamos para trás e já não enxergamos o início do túnel. Janeiro está muito longe agora.
Olhamos para frente e não vemos seu final. Dezembro ainda não está perto.
Dentro do túnel, a cada dia, somos vitoriosos apenas por ter continuado a caminhar.
Quando agosto chega ao fim conseguimos sentir outra vez o frescor da brisa lá fora, a luz do sol, o perfume das flores. E sentimos renovada a vontade de caminhar com alegria até o fim da estrada.
Talvez seja apenas imaginação, o túnel e até mesmo a estrada. Afinal, filosoficamente falando, não existe agosto, nem janeiro ou dezembro. Não existe começo, meio ou fim.
Nesse sentido tudo o que temos é o agora, o momento presente.
Então querido leitor; agosto, gosto ou desgosto, fica totalmente a seu gosto.
Blog Grayce Balod
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