São tantas esperas em tantas salas que perdemos a conta.
Procuramos alguém que nos enxergasse.
Alguém que visse em nós o que não queríamos mostrar.
Alguém que pudesse ver o que nem sabiamos mais se existia em nós.
Não seria qualquer pessoa.
Precisava ser alguém que suportasse nos ver despidos de todas máscaras. E que, ainda assim, nos aceitasse.
Alguém que não tivesse medo de nós.
Alguém que desse o valor devido ao que somos, sem errar na medida.
Alguém que soubesse separar todo o nosso lixo emocional, verbalizado, exteriorizado, atentando para o que pode ser reaproveitado.
Alguém que sorrisse com a paz de um anjo, satisfeito por presenciar um encontro 'nosso com nós mesmos'.
Alguém que desviasse o olhar e ouvidos das bobagens que dizemos e fazemos para chamar a atenção, porém, sem nos dar as costas.
Alguém que descrevesse as visões que tem de nosso passado e do nosso futuro sem receio de que não nos pertencessem.
Alguém que dissesse que não há nada de errado conosco.
Alguém que serenamente respondesse a nossa insistente pergunta, dizendo carinhosamente: - É isso o que você faz.
Alguém que nos fizesse perceber em todas as pequenas ações que realizamos, que é isso o que nós fazemos.
Alguém que ao acolher nos libertasse. E que, ao nos libertar, acolhesse nossa alma carente do 'para sempre'.
P.S. Escrevi pensando na sala de espera do psicólogo mas acredito que se aplica a muitas outras salas de espera.