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8 de Março: um texto que você vai amar (ou odiar)

Quando um homem opina sobre política, ele está fazendo análise de cenário. Quando uma mulher opina, está fazendo torcida. É dessa forma que a sociedade lida com o fato.

Por Maga Stopassoli 07/03/2025 - 17:35 Atualizado em 07/03/2025 - 17:38

A política merece uma atenção especial quando o assunto é o Dia Internacional da Mulher. Quando se fala da presença das mulheres nesse ambiente, não se trata apenas daquelas que passaram pelo crivo das urnas e foram eleitas. Devem ser incluídas nesse cenário desde as que “distribuíram santinhos” durante a campanha — porque, sim, em geral, são mulheres que são recrutadas para isso — até as assessoras parlamentares, integrantes de gabinetes e assessoras de imprensa. Mas os espaços ocupados por mulheres na política não se resumem às que acabei de citar.

É importante lembrar das jornalistas que escolheram cobrir a editoria de política, um ambiente majoritariamente masculino até bem pouco tempo. Culturalmente, até na hora de votar, há algumas décadas, as mulheres costumavam seguir o voto do marido ou a sugestão de algum familiar. Imagine, então, como é para essa mesma sociedade em transformação se acostumar a ver mulheres fazendo análise de cenário político. É algo naturalmente estranho porque o machismo ainda está presente nos espaços de poder de maneira silenciosa.

Isso é tão enraizado culturalmente que a sociedade tem dificuldade em aceitar a ideia de ver mulheres ousando fazer exatamente isso. Vale ressaltar que esse sentimento não ocorre, na maioria das vezes, de modo intencional. A ausência de mulheres jornalistas nesses espaços faz com que o cenário pareça mais "comum" quando composto por homens, tornando a presença feminina algo incomum — para não dizer indigesto.

Quando um homem opina sobre política, ele está fazendo análise de cenário. Quando uma mulher opina, está fazendo torcida. É dessa forma que a sociedade lida com o fato.

Os ataques hostis, raivosos e desproporcionais quando discordam da opinião de uma mulher são vistos pela maioria com normalidade. Já as reações são bem mais brandas quando a discordância ocorre em relação à opinião masculina. É a falta de hábito. Não se trata necessariamente de um preconceito doloso, aquele com intenção de maltratar.

Além disso, há inúmeras formas de violência silenciosa a que todas nós já fomos submetidas pelo menos uma vez. O silenciamento, o isolamento profissional, a fofoca de corredor disseminada com veneno na ponta da língua. Tudo isso faz parte da vida profissional de todas as mulheres que, você, que agora me dá a honra de ler este texto, conhece e acompanha todos os dias. E sempre que você pensar: “não, mas com essa aí isso não acontece”, saiba que é justamente com essas que a violência mais se revela.

Não pense que este é um texto pessimista. Há, sim, muita beleza no caminho. Não queremos um 8 de março para falar sobre luta ou sobre o quanto uma mulher é guerreira. Porque uma mulher não escolhe a guerra. Ela luta por falta de escolha. Acredite, nenhuma de nós quer ser guerreira. Todas queremos apenas ser respeitadas ao exercer nossa profissão.

O Dia Internacional da Mulher não é uma data festiva. É, muito mais, um momento de reflexão, especialmente sobre o quanto a sociedade ainda não está acostumada a ver mulheres ocupando determinados espaços. Sou uma exceção ao dizer que tenho, ao meu lado, profissionais que não só me dão espaço opinativo, mas que me respeitam, sem que eu precise dar um único passo atrás.

A todas as mulheres que leram este texto — às que são minhas amigas, às que não são, e até às que nem gostam de mim (porque ninguém é obrigado) —, meus cumprimentos pela trajetória de cada uma de vocês.
Aos homens que leram até aqui, seja porque concordaram, seja porque estão corando de raiva, vale lembrar: as mulheres nunca mais vão arredar o pé na história. 
 

Quem amou o texto, bateu palma. Quem odiou, leu por curiosidade. Eu sei que vcs me observam. Foto: Bruno Mendes. 

 

 

 

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