O calendário do plantio de soja em Santa Catarina foi ampliado. O deputado federal Valdir Cobalchini recebeu a confirmação da ampliação em reunião com o superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA/SC), Fúlvio Neto, na manhã desta segunda-feira, 11, em Florianópolis. Com a notícia, as regiões oeste, sul e planalto norte catarinenses tiveram o calendário alterado para 120 dias, compreendendo o período de 2 de outubro a 30 de janeiro de 2024. As demais regiões mantêm o cronograma unificado de 100 dias. O parlamentar, que acompanha, de perto, a situação vivenciada pelo agro catarinense, afirma que o calendário de semeadura da soja havia sido definido sem que fossem levadas em conta as particularidades de cada região, o que causou prejuízo aos agricultores. A portaria com as novas datas deve ser publicada ainda nesta semana.
“Agradeço ao Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e ao Superintendente, Fúlvio Rosar Neto, por terem se sensibilizado com o tema e revertido a situação. Agora, Santa Catarina poderá ter duas safras, desde que respeite a rotação de cultura, o que é essencial para a produção de milho silagem, principalmente nas pequenas propriedades pecuárias, que utilizam tanto a soja de segunda safra quanto a silagem de milho para alimentar rebanhos”, destaca.
Entenda o caso
A Embrapa tinha limitado para este ano 100 dias para o calendário de semeadura da soja no Brasil, o que impactaria diretamente os produtores da região sul do país, onde as condições do solo e climáticas permitem um período mais amplo de plantio. Uma estudo técnico, apresentado pelo CIDASC, argumentava a realidade catarinense, defendendo a possibilidade de prorrogação do calendário, totalizando até 140 dias, com garantia da sanidade da produção. De acordo com o documento, em Santa Catarina o arranjo produtivo caracterizado pela agricultura familiar se viabiliza devido a intensa exploração do solo e a realização da primeira e segunda safra de verão, que vem apresentando alta rentabilidade. O expressivo aumento da produção leiteira no estado, propicia a sucessão milho-silagem e soja segunda safra nas pequenas propriedades rurais, o que torna-se importante componente de viabilidade econômica das mesmas. Ainda, a realização da segunda safra de soja, também proporciona o uso do solo após a colheita das lavouras de tabaco, onde se caracteriza a pequena propriedade.
Por que a ampliação é importante:
De acordo com os técnicos catarinenses, com a alteração do calendário, existe a possibilidade de plantio de milho em grão na primeira safra e soja na segunda safra, permitindo o incremento de aproximadamente 450 mil toneladas do cereal e 150 mil toneladas da oleaginosa por safra. O estado apresenta déficit anual entre 5 e 6 milhões de toneladas de milho em grãos, para produção de ração animal que abastece o setor das agroindústrias e que se agravaria com a concorrência entre o milho grão e soja nas áreas da safra de verão. A expansão de plantio será um fator preponderante na harmonização das datas estipuladas para o vazio sanitário da soja, e para o calendário de plantio nos Estados do Sul, fato que também auxiliará em muito as ações de monitoramento e controle da praga e otimizar as ações de fiscalização. Cobalchini destaca que além de Santa Catarina, o Paraná e o Rio Grande do Sul, também tiveram ampliação do calendário, cada estado conforme a sua realidade que observa a questão do clima e características de produção.