Qualquer pessoa que tenha trabalhado com a Tati, sabe: quando ela parava, apoiava os cotovelos na mesa, cruzava as mãos próximas do rosto, era possível ler o que seus olhos fulminantes, diziam. Agitada, bem-humorada, atenta. Tinha na figura paterna, o Professor Nei, um exemplo a seguir. Ela nunca escondeu a falta que sentia daquele que fora sua maior inspiração na política.
Na política criciumense foi pioneira. Primeira mulher a se reeleger vereadora e primeira presidente da Câmara de Vereadores do município. Também foi prefeita interina e em 2021 assumiu como deputada estadual pelo período de 30 dias.
Tati é de uma geração da política em que o ódio cabia menos, era menos naturalizado. Trabalhei na assessoria de comunicação dela em 2018 quando ela foi candidata a deputada estadual. Naquela eleição, a polarização não só mostrou suas garras como também foi determinante para que ela não atingisse a votação necessária. Sabíamos que polarizar poderia converter em votos. Ela não quis. Foi enfática ao dizer que esse caminho ela não seguiria. E ela estava certa. Do início ao fim de sua vida pública foi fiel às suas convicções. Tati não fez coro à geração de muito barulho e pouco trabalho. O engajamento nunca era seu objetivo. Fez política na rua, com as pessoas, com as crianças, por quem era adorada. A educação foi sua bandeira de vida, para além da política. E, agora, escrevendo sobre isso, a gente se dá conta do valoroso trabalho que ela deixou para nossa cidade.
Os caminhos da vida nos levaram para rumos diferentes, mas mantínhamos a mesma relação carinhosa de sempre. Em dezembro de 2020, Tati me ligou e disse que queria tomar um café. Boa de café que sou, aceitei o convite. Ficamos pouco mais de uma hora conversando sobre a vida e seus encontros e desencontros. Ela me deu de presente um quadro que havia pintado. Guardo com carinho o presente, aquele café e aquela conversa que eu queria que tivesse durado mais porque eu queria ter dito mais coisas. Queria ter dito o quanto me orgulhava de ter tido a oportunidade de trabalhar com ela e do quanto ela engrandecia a política criciumense. Os olhos fulminantes daquele encontro, sempre com a curiosidade de quem não tem tempo a perder, talvez tenham conseguido captar aquilo que eu não consegui dizer. Tati era sorridente e leve, porém muito atenta. E ela sabia que haviam coisas que não precisariam ser ditas.
Ultimamente, sempre a encontrava num supermercado aqui perto de casa. Era engraçado, até, pois os encontros eram recorrentes. E seria numa dessas oportunidades que a veria pela última vez. É fato que a gente não sabe quando irá se despedir de alguém pra sempre. Quando nos despedimos de alguém dessa forma, também nos despedimos de tudo que poderia ter sido. E a Tati foi muito. Colocou sua alma em tudo, se dedicou e não passou por aqui em vão.
Certa de que a Vida não começa e nem termina aqui, peço a Deus que a receba como ela sempre recebia as pessoas: com um sorriso largo e de braços abertos.
Minha singela homenagem à Tati Teixeira, neste dia 21 de março de 2023.
Com carinho,
Maga