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Sempre que ocorre um evento político de magnitude considerável, acabo levando algum tempo para escrever sobre o assunto, pois gosto de buscar na memória todos os detalhes daquilo que vou relatar aos nobres leitores. Foi o caso da convenção do PSD, realizado na noite deste domingo (4), em Criciúma. Porém, entre o evento de ontem e a publicação desse texto, entrou em cena um novo e importante fato. Trata-se da operação policial deflagrada pelo gaeco que prendeu sete pessoas em Criciúma e visitou a casa do prefeito, alvo de um mandado de busca e apreensão.
A análise da convenção peessedista passa pelo fato ocorrido hoje.
A AM Master Hall estava completamente lotada para o encontro do partido. O espaço é grandioso e impressiona quando está cheia. O PSD, nesse quesito, não brinca em serviço. Os encontros da sigla são sempre lotados e muito animados. Minutos antes das autoridades subirem ao palco, o partido acabou com a dúvida que embalou os últimos das pré-campanha em Criciúma. Afinal, quem seria o vice do candidato do PSD a prefeito de Criciúma, Vagner Espíndola? A pergunta foi respondida quando o nome do vereador Salésio Lima foi anunciado para a vaga. O partido optou por disputar a eleição com chapa pura, indicando um nome de confiança do deputado Júlio Garcia. Na sequência, os principais nomes do PSD do estado, subiram ao palco para o tradicional discurso em apoio a agora chapa formada, Vaguinho e Lima.
Foi nesse momento que foi possível perceber que o tom do evento não era o mesmo do último encontro do partido em Criciúma, em 6 de março deste ano, quando até o ar estava pesado. No encontro de ontem, o tom era outro. Bem menos bélico. Nas falas iniciais, Júlio Garcia e Eron Giordani miraram em Ricardo Guidi, mas com uma certa cautela. Julio disse que se perguntou se para ser prefeito de Criciúma ser rico ou ter estudado nos melhores colégios (em referência a Guidi). Eron, presidente do partido, disse que a eleição em Criciúma está sendo observada “pelo interesse de outros líderes em tentar impor uma derrota política a você (Clésio)”, como quem prevê que uma derrota de Clésio, em sua cidade, possa significar uma mudança de rota no partido. O ponto alto dos discursos foi o momento em que Salvaro se dirigiu a João Rodrigues, prefeito de Chapecó e disparou:
- João, em 2026 eu quero percorrer o estado de Santa Catarina pra pedir voto pra ti ser o governador de todos os catarinenses. João Rodrigues, o próximo governador de Santa Catarina.
A sinalização de Salvaro a Rodrigues mira a eleição estadual de 2026 na qual o prefeito de Chapecó figura como possibilidade do partido para compor a majoritária, mas ainda sem saber em qual vaga. A declaração de Clésio, projeta que João Rodrigues seja candidato a governador, numa chapa de oposição a Jorginho Mello, que é candidato natural à reeleição. São nuances de um evento feito para lançar a candidatura de Vaguinho e Lima, mas que Salvaro sabe aproveitar como poucos. O prefeito de Criciúma, aliás, abriu sua fala dizendo em tom de brincadeira que gostaria de ele próprio ser o candidato a vice, na chapa de Vaguinho.
Topázio não foi
Falando em 2026, anotada a ausência do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, no palanque de Vaguinho. A falta dele no evento, é mais um sinal da difícil relação entre PSD e PL. Topázio está afinado com nomes importantes do PL, a exemplo do advogado Filipe Mello, que deve coordenar sua campanha à reeleição. Na chapa do prefeito da capital, Maryanne Matos (PL), estabelecendo de vez um vínculo umbilical entre o tiktoker e os liberais. E todo esse novelo de informações pode justificar a ausência de Topázio na noite de ontem.
Arleu foi
Se Topázio não foi, Arleu foi. O ex-pré-candidato a prefeito de Criciúma pelo PSD, Arleu da Silveira, compareceu ao evento de lançamento de Vaguinho demonstrando grandeza de espírito público. Mesmo assim, não foi chamado ao palco, lugar que deveria estar, por uma questão de justiça, já que foi ele que, literalmente, segurou a bandeira do partido, para a disputa deste ano. Apesar de não se viabilizar como candidato, sempre foi leal ao prefeito. Merecia estar no palco.
Para fechar a noite, Vagner Espíndola, ao lado da família e, do agora vice, Salesio Lima, aproveitou a festa e fez um discurso já como candidato do partido.
- Sabe qual é a maior de todas as certezas? Porque aqui onde eu estou agora, com a minha família, olhando pra vocês, esse exército de pessoas? Não tem como nós perdermos essa eleição”, disse.
Operação Caronte
Na manhã desta segunda-feira (5), uma operação policial deflagrada pelo Gaeco, ofuscou a repercussão da convenção. A ação investiga denúncias de supostas ilegalidades envolvendo a prestação de serviços funerários do município de Criciúma. Foram expedidos sete mandados de prisão e um de busca e apreensão na casa e no gabinete do prefeito Clésio Salvaro. Veja aqui os citados. Entre os presos estão o ex-secretário de Assistência do município, Bruno Ferreira e o presidente do Republicanos, Jefferson Monteiro.
Clésio Salvaro se manifestou no fim da manhã por meio de um vídeo em suas redes sociais onde diz que solicitou a abertura de uma sindicância interna para colaborar com a investigação do Ministério Público. Ainda no vídeo, ele diz que a investigação não tem nada a ver com a eleição. O tom adotado por Clésio Salvaro foi de cautela. Em seu blog, o colega Adelor Lessa disse que a prefeitura sabia desde a última sexta-feira sobre a operação deflagrada hoje. Leia aqui.
