Um ex-governador diferente do que a gente costumava ver, sem medo de falar e de olho nas próximas eleições. Essa é a leitura inicial sobre a participação de Carlos Moisés da Silva, ex-governador de Santa Catarina, no programa Parlatório, nesta segunda-feira (21), na rádio Som Maior, em Criciúma. Durante uma hora de conversa, Moisés adotou uma postura diferente de outras entrevistas, mostrando que pretende ocupar de vez o lugar de oposição ao atual governo. Na entrevista, Moisés disse que a vida pós mandato está mais leve, que governos são feitos pra fazer a máquina girar, que não se distanciou de Bolsonaro pois nunca houve aproximação e que as coisas aconteceram como tinham de acontecer.
Nas eleições de 2022, Jorginho Mello e Décio Lima foram para o segundo turno, mas os protagonistas dos melhores embates durante a campanha foram Jorginho e Moisés e esse climinha bélico se manteve após o resultado das urnas. Volta e meia Jorginho cita o ex.
Volta e meia, o ex cita a atual gestão. Sempre em tom de críticas, de ambos os lados. Jorginho está concluindo seu 8º mês como governador e até agora não enfrentou nenhum movimento (de verdade) de oposição. Já Moisés, agora, no papel de quem olha de fora, tem aproveitado cada vez mais a oportunidade de tecer críticas a Jorginho. Como foi o caso da declaração que deu sobre o “caixa” do estado. Confira os destaques da entrevista.
O governo tem R$ 6 bilhões em caixa
Moisés criticou a forma como Jorginho Mello está gerindo o dinheiro público e em algum momento da entrevista disse que essa política é velha, como era feita há 30 anos. Ele se referia ao fato de o atual governo ter paralisado o repasse de dinheiro para obras que estavam em andamento, possibilitando que o governo pudesse “fazer caixa”. Além disso, alfinetou Jorginho sobre a mudança de nome das transferências especiais e disse que o governo não fez nada em oito meses.
“O governo atual está guardando dinheiro, deve ter uns 6 bilhões em caixa, eram R$ 5,7 bi, que a gente tinha de informação. Era muito dinheiro. O governo não inova, não faz nada de novo, troca de nome as coisas, como fizeram agora com o pix e, por não inovar, não tem o que avaliar. Não avança. Faz as cirurgias que nós pactuamos. São oito meses e a gente não vê novidades e tem obra parada”.
Educação
“No ensino médio, o relatório do Tribunal de Contas diz que nos quatro primeiros meses desse ano, tem mais evasão escolar do que em 2022 inteiro. Acabaram com o Programa do Bolsa Estudante que repassava R$ 568 reais para os estudantes.”
Minorias
“Toda vez que eu recebi minorias, que eu recebi mães pela diversidade, movimento de famílias assentadas, trazidos por parlamentares, inclusive, esse grupo extremo (ala bolsonarista), me criticou nas redes sociais. Fui governador de todos os catarinenses e não de uma parcela radical e essa é a grande diferença do nosso trabalho.”
Oferta
“Eu tive ofertas pra ser governador hoje, nem tudo dá pra falar aqui.”
Asfaltinho
Moisés teve dedicação especial para obras paradas. Segundo ele, ao alegar que está revendo os contratos e convênios para economizar dinheiro, o governo modifica o planejamento original.
“Vai lá, faz asfaltinho fino, tira ciclo Faixa, e já começa a ter problema no ano seguinte. É um governo de narrativas, mas que elas muitas vezes iludem as pessoas”.
Bolsonaro não investiu em SC
O ex-governador também foi questionado sobre como seria sua relação com o governo federal caso tivesse vencido a eleição. Ele relembrou que governo federal já investiu aproximadamente R$1 bilhão nas rodovias federais do estado neste ano.
“Nos quatro anos da nossa gestão, o governo federal não colocou cifras consideráveis aqui, a ponto da gente colocar R$ 470 milhões, então o governo do estado não tem que apoiar, nem deixar de apoiar o governo federal, ele tem que trabalhar junto. O governo Bolsonaro não tinha orçamento”.
Recentemente Jorginho Mello lançou o programa “Estrada Boa”, que pretende revitalizar as rodovias catarinenses. Questionado se viu a lista de obras e se as reconhecia, Moisés disse, rindo, “reconheço 100%”, dando a entender que eram obras de seu governo e que estavam paradas.
Futuro na política
Carlos Moisés sempre deu a entender que continuaria na política. Uma das especulações recorrentes é a de que ele possa concorrer a prefeito de Tubarão no ano que vem. Moisés não confirma, mas também não nega. Ele deixa em aberto a possibilidade e não esconde que seu desejo é fortalecer o partido e concorrer a uma vaga em 2026. O destino político do ex-governador pode até não estar definido ainda mas, uma coisa é fato: nem de longe ele lembra o Moisés que entrou na política. A figura de oponente à atual gestão parece ter lhe caído bem.
O programa Parlatório que vai ao ar toda segunda-feira, 19h, na rádio Som Maior, em Criciúma. A entrevista da semana fica disponível no canal do 4Oito no youtube. A participação do ex-governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva (Republicanos), pode ser assistida aqui.