Na semana que passou o principal fato político do sul do estado foi a filiação do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, ao PSD. A ida para o partido já vinha sendo construída há algum tempo, mas havia no ar a possibilidade de que ele pudesse optar pelo Progressistas. Na última semana, num tom de urgência, Salvaro convocou seus aliados, vereadores e suplentes para uma reunião aonde anunciou que sua decisão estava tomada. Dois dias depois, estava de ficha assinada no PSD. Até aí, seria só mais um ato de filiação de uma importante liderança política a um dos partidos mais bem estruturados de Santa Catarina. Só que em seu novo endereço partidário já existe um pré-candidato a prefeito de Criciúma: o deputado federal Ricardo Guidi e esse não é o mesmo nome apoiado por Salvaro que vê em Arleu da Silveira o seu sucessor.
Se por um lado Ricardo Guidi se manteve em silêncio, por outro, a deputada federal Júlia Zanatta tratou de reagir à filiação de Clésio, que ela considerou “muito estranha”, como disse durante entrevista ao Programa Adelor Lessa hoje cedo. Júlia foi entrevistada pois partiu dela a articulação de um encontro entre deputados do PSD e o governador Jorginho Mello (PL), que esteve recentemente em Brasília. Para entender o que motivou o encontro e quais desdobramentos futuros podem ocorrer, ela foi uma das convidadas do quadro Plenário da Som Maior, nesta quarta-feira (14).
A parlamentar disse que a ideia do encontro surgiu na segunda-feira quando encontrou no vôo para Brasília, o colega deputado Darci de Matos (PSD) que revelou o desejo de uma aproximação com o governador. Júlia foi questionada se essa aproximação entre os partidos (PL e PSD) poderia valer também para o cenário político de Criciúma. Em sua resposta, a deputada disse:
“Eu achei muito estranha essa entrada do Clésio Salvaro no PSD, porque ele é um nome histórico aí do PSDB, do 45, acaba mudando de partido sendo ele que não é mais candidato, e ele tem um candidato, ele já deixou muito claro, que é o Arleu da Silveira. Ele entra num partido que já tem candidato, que é o Ricardo Guidi, que tem demonstrado muita intenção de disputar a prefeitura. Então eu acho que o cenário ficou um pouco estranho dentro do PSD. Não se sabe quem vai ser o candidato. Tem um deputado federal, presidente do PSD de Criciúma que, aparentemente, pelas declarações que deu publicamente, não foi ouvido sobre a entrada do Clésio no partido. Então eu acho que fica uma situação chata, mas isso não é problema meu, eu não sou do PSD, mas é o que passou pra quem tá de fora”.
A deputada foi sondada se ela, seu partido e o governador, apoiariam a candidatura de Ricardo Guidi a prefeito pelo PSD
“É muito cedo pra dar uma decisão final. Eu vejo uma vontade do Ricardo Guidi de ser prefeito e achei uma sacanagem o que fizeram com ele. O problema não é meu, o partido não é meu, mas eu posso dar minha opinião, né? Eu achei uma sacanagem o que foi feito, porque é deputado federal, presidente do partido, assim como eu ia gostar se filiassem alguém da maneira que foi feito, se fosse comigo. E eu sou reativa, ele é diferente, ele é mais quieto. Filiar alguém no partido é bom, mas há maneiras e maneiras de fazer as coisas. Então o que me parece é que isso foi feito pra acabar com a candidatura do Ricardo Guidi. Por isso que eu gravei um vídeo dizendo que o PL vai ter candidato a prefeito em Criciúma. Nós temos diversos nomes, agora se vai estar com Guidi, ou com fulano, não é uma decisão só minha. O PL nesse momento é o maior partido do Brasil. O PL tem que jogar pra ganhar. Nós temos que pensar uma maneira de Criciúma voltar a ter novos ares. Quem já contribuiu com a cidade, ok, muito obrigada, fica na história, que bom. Achei uma deselegância, o que aconteceu. Me parece que não querem a candidatura dele. Me parece que criaram um fato justamente pra criar uma situação pra colocar dúvida na candidatura dele, que já estava vindo, se construindo".
Sobre como foi o clima do encontro em Brasília entre os parlamentares do PSD e o governador Jorginho Mello, Júlia Zanatta deixou no ar que a reunião poderá produzir desdobramentos futuros. “O encontro foi bom. Essa reunião que a gente fez em Brasília vai render bons frutos, que talvez em breve a gente possa ter mais notícias sobre isso”. Ouça a entrevista completa no canal do Programa Adelor Lessa no Spotify.
Blog Maga Stopassoli
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito