Pela terceira vez, durante o mesmo mandato, o prefeito de Urussanga, Gustavo Cancellier (PP), foi alvo de uma operação policial. A primeira foi em maio de 2021, quatro meses após o início de seu mandato como prefeito de Urussanga, para o qual havia sido eleito, ao lado de Jair Nandi (PSD), em outubro de 2020. A Operação Benedetta apurou supostas irregularidades na gestão de recursos federais. À época, ele ficou afastado do cargo por 1 ano e um mês e retornou às funções em junho de 2022. Como desdobramento do caso, ele foi alvo de duas tentativas de cassação na Câmara de Vereadores, que não prosperaram. Em dezembro de 2022, uma nova operação lhe rendeu mais uma investigação. Dessa vez, a Operação Wotman passou a apurar possíveis crimes de corrupção ativa, por conta de uma Comissão de Investigação instaurada na Câmara municipal. Ele inocentado e o caso foi arquivado.
Já na manhã desta terça-feira (16), a 2ª fase da Operação Terra Nostra, que apura supostos desvios de recursos públicos, Gustavo Cancelier, dois vereadores e um servidor, foram presos preventivamente. Os mandados foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por meio da desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, a mesma da Operação Mensageiro. No centro da ação, estão os crimes de organização criminosa, falsidade ideológica e a aquisição de imóveis superfaturados. Ainda na tarde desta terça-feira, o vice-prefeito, Jair Nandi, assumiu novamente a prefeitura do município, função que já ocupou em 2022, em circunstâncias semelhantes.
As ações que o prefeito afastado Gustavo Cancelier responde na Justiça cabem a ele e à sua defesa. É seu direito se defender daquilo que é acusado. Pode ser que, ao final do processo, prove sua inocência e possa retomar a normalidade da sua vida pública. Mas, enquanto isso não acontece, Gustavo Cancelier deveria se afastar em definitivo de suas funções, tanto na prefeitura de Urussanga, quanto da presidência da Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera), mandato que assumiu em janeiro deste ano. A Amrec, diga-se de passagem, que viveu uma gestão anterior marcada por picuinhas e por uma nítida dificuldade de superar as diferenças entre alguns representantes. Neste caso, o próprio Gustavo não deveria ter aceitado a função, já que Urussanga precisava de dedicação integral. O município, que já foi referência pela sua cultura italiana, viu desaparecer seu nome do noticiário que durante anos mostrou tudo que a Benedeta tinha de melhor. Há quatro anos, Urussanga mudou da editoria de cultura e turismo para a editoria de polícia. Nem a cidade, nem seus moradores, não mereciam isso.
Entrar para a vida pública, requer dedicação e, na maioria das vezes, desapego da sua própria vida, já que o trabalho nunca tem fim. Cuidar da saúde, educação, infraestrutura toma tempo todo o tempo de quem escolhe a árdua missão da vida pública. Sair da vida pública não é diferente. Abrir mão do poder em benefício de sua cidade, também é um ato de grandeza. Não há clima para que o chefe do executivo urussanguense permaneça em suas funções, nas condições atuais. E esta decisão não precisa partir da Câmara de Vereadores. É um ato solitário, grandioso e necessário. Urussanga precisa parar de virar notícia policial e voltar a falar de investimentos e desenvolvimento, em respeito a sua história, à sua gente e a todos aqueles que deram início à cidade, lá em 1878.
Blog Maga Stopassoli
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito