Após Santander Brasil (SANB11) e Bradesco (BBDC4) decepcionarem com seus número, o Itaú (ITUB4) nos surpreendeu.
Os resultados demonstrados foram acima do esperado no quarto trimestre de 2021, sendo que as estimativas já eram altas.
Com uma alta de 45% em seu lucro em 2021, comparando com o ano anterior para R$ 26,9 bilhões. O lucro liquido gerencial foi de R$ 7,159 bilhões no quarto trimestre de 2021, é um salto de 32,9% levando em consideração o mesmo período em 2020, onde a instituição foi afetada pelos efeitos da pandemia da covid-19.
Os resultados foram bem recebidos pelo mercado, com os ADRs (na prática, os papéis negociados na bolsa de Nova York) subindo no after market. As 09h15 (horário de Brasília) no pré-market da NYSE, os ativos alçavam 5,32%, a US$ 4,95, chegando a subir mais de 7%. As 10h10, o ITUB4 já avançava 5% na B3 e as 10h12 tinham alta de 4,97%, a R$ 26,25. Os papeis amenizaram, mas ganharam força e subiram mais de 7% considerando que as 10h15, subiam a 6,43%, a R$ 26,66.
Avaliando os resultados do Itaú no quarto trimestre como muito fortes, o Bradesco BBI disse esperar uma reação positiva do mercado. O Bradesco manteve a avaliação outperfom que é a perspectiva de valorização acima da média do mercado e o Itaú como sua escolha favorita no Brasil.
A receita liquida do Itaú ficou 5,6% superior ao trimestre imediatamente anterior sendo R$ 7,2 bilhões. 32,9% acima do ano anterior e 5,6% acima do consenso de analistas que foram ouvidos pela agencia de noticias internacional Bloomberg. Na avaliação do BBI, o bom resultado foi impulsionado pelo crescimento dos resultados com seguros, que ficaram 8% acima de sua estimativa. No entanto esses resultados foram parcialmente ofuscados por provisões mais altas, ficando 3,2% acima da estimativa. A receita com taxas e gastos operacionais se manteve em linha com suas estimativas.
Impulsionada pela alta de 9,5% de empréstimos a indivíduos, o BBI avalia que a expansão de 6,7% na base trimestral foi “forte”.
As projeções do Itaú para 2022 são fortes, com receita líquida recorrente de R$ 30,8 bilhões no ponto médio, representando crescimento de 15% na comparação anual e 7% acima de sua estimativa e 7% acima do consenso da Bloomberg.
Ficando 7,8% acima da estimativa do Bradesco BBI, a receita líquida de R$ 21,2 bilhões representou alta de 8,7% na comparação trimestral e de 20,6% na anual. Ela foi impulsionada pela receita líquida com clientes de R$ 19,9 bilhões, alta de 13,2% na comparação trimestral e de 24,3% na anual, e 10,6% acima da estimativa do Bradesco, impulsionada por volume de crédito maior e um mix de produtos melhor.
Na comparação trimestral e anual, os gastos com provisões subiram 18,5% e 2,8% respectivamente, sendo 3,2% acima da estimativa do Bradesco refletindo expansão do portfólio que envolve principalmente crédito sem garantia ao consumidor. Como resultado, o custo com o crédito do banco subiu a 2,5%, 0,3 ponto percentual mais alto do que no terceiro trimestre de 2021. A taxa de crédito não produtivo (NPL) de 90 dias caiu 0,11 pontos percentuais na comparação trimestral, a 2,5%.
O Itaú apresentou um trimestre “sólido” na avaliação do BBI, indicando os benefícios do crescimento forte e de um mix melhor, assim como os impactos positivos de taxas de juros mais altas sobre seu capital.
O Bradesco afirma que as previsões positivas e “agressivas” do banco trazem fortes expectativas quanto à taxa líquida de juros com clientes, compensando assim o crescimento esperado no risco do custo com um mix de empréstimos mais arriscados. O ponto médio da guidance representa um crescimento de 15% no rendimento em 2022, sendo 7,4% acima da estimativa do Bradesco e 6,6% acima do consenso da Bloomberg. Assim, a recomendação para os ativos é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 31, ou potencial de alta de 24% em relação ao fechamento da véspera.
“Além dos resultados de altíssima qualidade superados pelo consenso, as diretrizes para 2022 reforçam nossa visão de um ambiente de margem financeira líquida muito forte para o Itaú Unibanco impulsionado pela Selic, crescimento do crédito no varejo e melhor mix (ajudado pelo retorno das linhas de crédito rotativo).”
Para o Credit Suisse, os resultados foram muito positivos para as ações, vendo como um divisor de águas para o Itaú Unibanco, diferenciando-o ainda mais de seus similares.
Já o ponto médio do guidance implica em lucro líquido recorrente de R$ 29,9 bilhões (19,3% ROE), 3% acima do consenso, 2% acima da estimativa do Credit, um crescimento robusto de 11% na comparação anual.
“Melhor ainda, o crescimento dos lucros está sendo acompanhado pelo fortalecimento do balanço patrimonial. O banco adotou uma abordagem conservadora nas provisões para 2022, apesar do bom desempenho da qualidade dos ativos, a fim de manter o índice de cobertura estável”, apontam os analistas.
Para os analistas do banco suíço o guidance para 2022 é altamente alcançável e acreditam que o ambiente de NII deve continuar favorável em 2023 sendo impulsionado por uma taxa Selic média mais alta, apoiando a expectativa de um ciclo de crescimento de lucros plurianual, com pelo menos cerca de 10% de crescimento de lucros em 2023, 4% acima do consenso.
Apontando que o Itaú Unibanco está sendo negociado a atraentes múltiplos de preço sobre o lucro de 8,2 vezes para 2022, eles reiteram que o rating Outperform para o Itaú Unibanco, continua sendo a primeira escolha entre os bancos brasileiros. Eles ainda avaliam que devido ao maior crescimento dos lucros e ao fortalecimento do balanço patrimonial um aumento no prêmio Itaú é garantido. O preço-alvo para os ativos é de R$ 33, ou potencial de alta de 32% frente o fechamento da véspera.
O Morgan Stanley também avaliou que o banco demonstrou um trimestre muito forte, superando as expectativas do mercado com uma boa margem. Ressaltando que pode visualizar mais pontos positivos que negativos neste trimestre.
As métricas de qualidade dos ativos parecem boas e provavelmente serão bem recebidas pelo mercado. O crescimento do crédito foi muito forte e, juntamente com a elevação da Selic, deve continuar impulsionando as receitas financeiras nos próximos 6-12 meses.
O Morgan Stanley diz que em relação ao guidance para 2022, que o consenso de mercado é melhor e acredita que há espaço para o Itaú entregar acima do guidance, como foi o caso em 2021. Mantendo a classificação overweight para Itaú e preço-alvo de US$ 7,20 para os ADRs, ou upside de 53% em relação ao fechamento da véspera.
De acordo com a XP, o Itaú apresentou a melhor qualidade de resultado entre seus similares privados. Mesmo que as provisões tenham aumentado 24% no trimestre e 21% no período, eles veem a qualidade como positiva, uma vez que o índice de cobertura aumentou 7 pontos percentuais no trimestre para 241%, sendo que o Bradesco e o Santander consumiram cobertura, com a taxa de inadimplência diminuindo 9 pontos-base no trimestre e alta de 1 pontos-base na comparação anual, enquanto os pares privados alcançaram em um ritmo acelerado XP destaca a projeção de crescimento da carteira de crédito entre 11,5% e 14,5% com relação ao guidance.
“Apesar de ser semelhante ao número do Bradesco, o Itaú tem maior exposição a linhas de crédito de maior crescimento. Isso nos leva a ver seu Guidance como mais atingível do que seu par”, avaliam os analistas.
Os analistas apontaram expectativa de reação positiva do mercado ao lucro construtivo combinado com a boa qualidade dos resultados no próximo pregão. No entanto, reiteraram a recomendação neutra e preço-alvo de R$ 28 por ação (com upside de 11,8%) diante do cenário macroeconômico mais desafiador pela frente.