Foi um susto. “Quando vi, o vento levava tudo”, comentou o administrador Gustavo Ghisi, que passava pela Avenida Centenário pouco depois das 19h, ontem, quando um forte vento soprava. “E foi questão de segundos para retorcer aquelas placas todas”, contou, enquanto olhava, um tanto incrédulo, para alguns outdoors no chão.
Os meteorologistas não conseguem qualificar o fenômeno de ontem, ainda, como um ciclone ou algo do gênero. “Foi uma tempestade mais forte, consequência de um dia muito quente”, definiu o climatologista Homero Haymussi. O que todos sabem é que Criciúma e Içara foram as cidades mais castigadas.
Durante cerca de uma hora, o vento ia e vinha com força, acompanhado de muita chuva e trovoadas. Houve uma breve estiagem e depois mais precipitação. A essa altura, equipes da Celesc, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros mobilizaram todas as suas estruturas. O fenômeno teve focos definidos. “O vento mais forte atingiu parte do Centro e os bairros Santa Bárbara, Santo Antônio e Operária Nova. Foram rajadas centralizadas”, confirma o coordenador municipal da Defesa Civil. “Não recebemos chamados nem da Próspera, Santa Luiza e Rio Maina”, completa Dioni Borba.
Casas destelhadas
Houve uma família desalojada. “Provisoriamente”, atenua o coordenador. Foi no Bairro Operária Nova, onde um destelhamento forçou o deslocamento de moradores para a casa de parentes. “Chegamos a preparar o abrigo provisório no Ginásio Municipal, mas não foi necessário”, disse.
O Bairro Santo Antônio também sofreu com destelhamentos. “E uma árvore caiu sobre uma casa no Bairro Santa Bárbara, mas atingiu apenas a ponta do telhado”, explica Borba. Na Vila Zuleima, um incêndio destruiu parcialmente uma residência. “Uma mulher acendeu velas quando faltou luz e uma dessas caiu e gerou o fogo. Mas não houve vítimas”, refere.
Ciclone? Ou apenas consequência do calor
As mais diversas imagens circularam. Desde as nuvens ameaçadores do fim de tarde até uma gravação feita da porta do Bar do Juca, na Rua Henrique Lage, onde, em questão de segundos, um outdoor, depois da outra calçada, no pátio do Senac, voava como se fosse uma folha de papel. O vídeo, disponível no portal 4oito, mostra a violência do vento.
Tantos testemunhos levantaram logo a suspeita de que tivesse havido um ciclone em Criciúma. “Foi um temporal de verão, comum da época, mas piorado, pois chegou uma frente fria que chocou-se com um sistema muito quente”, explicou o climatologista Homero Haymussi, lembrando que ontem fez 38,4oC em Criciúma, com sensação térmica de 44,7oC. Os termômetros digitais de rua chegaram a acusar 47oC. “Com o calor que fez, era normal que isso acontecesse”, avaliou. “Não teremos de volta esse tipo de fenômeno nos próximos dias. Sábado chega uma nova frente fria, mas o temporal, se der, será de menor intensidade”, prevê.
As temperaturas de hoje a sexta-feira devem oscilar entre 21oC e 35oC.
Muitos problemas com eletricidade
Muito trabalho para a Celesc com as quedas de árvores em redes elétricas. “No Centro, na Praça Nereu Ramos, Santa Bárbara, Santo Antônio e Lote Seis, foram seis quedas de árvores derrubando fiação elétrica”, contabiliza Borba. Um ponto crítico foi na Rua Visconde de Cairú, em frente ao Criciumaprev. “Árvores derrubaram a rede de energia, a rua ficou um tempo fechada e uma quadra inteira ficou sem luz”, informa o coordenador Dioni Borba, da Defesa Civil.
No auge, por volta das 21h30min, havia cerca de 4,5 mil unidades consumidoras sem energia em Criciúma. Sofriam também algumas centenas de famílias de Lauro Müller, Sombrio e São João do Sul. Perto das 23h já eram cerca de mil as unidades criciumenses sem luz.
Placas não resistiram também. Uma delas, pesada e alta, desabou do poste que a sustentava na esquina da Avenida Centenário com a Travessa Antônio Augusto Althoff, no Centro. “Causou danos materiais em dois carros que estavam defronte a uma sorveteria, sem vítimas”, assegura o coordenador da Defesa Civil. Caíram outdoors defronte à Estação Rodoviária, na Avenida Luiz Lazzarin, Rua Álvaro Catão e Rodovia Luiz Rosso.
Embora a força da chuva, houve poucos pontos de acúmulo de água. “Uma lâmina na Centenário, altura do Santo Antônio, foi o que mais chamou a atenção”, conclui Borba.