As declarações do prefeito Clésio Salvaro e do secretário de Educação, Miri Dagostin, para as aulas 100% presenciais na rede municipal de Criciúma encontra resistência no sindicato dos servidores e pais que querem manter os filhos em casa durante a pandemia.
Pais e avôs demonstram-se confusos sobre a obrigatoriedade e cobram esclarecimentos se poderão manter os filhos e netos em ensino remoto durante a pandemia. "Sou avó e minhas filhas estão aflitas com a decisão do prefeito. Ele voltou atrás na decisão?", questionou uma avó. "Meu filho não volta para a aula presencial, estão crescendo os casos e o prefeito não pode obrigá-lo a ir à escola", disse outro pai.
A presidente do Siserp, Jucélia Vargas, criticou a postura do prefeito Clésio Salvaro e de Miri Dagostin e ressaltou que a o decreto estadual prevalece e o município é obrigado a ofertar o ensino remoto.
"Tem a lei. Existe decreto estadual em vigor. Meus netos vão estudar em casa, como cidadã minha filha tem o direito de receber as aulas remotas dos meus netos em casa. Vai fazer o município cumprir o decreto estadual. A vontade do prefeito e secretário pode ser de irresponsabilidade, mas a lei ainda é responsável e protege aqueles que querem ter os filhos protegidos em casa", ressaltou Jucélia.
A presidente do Sindicato mantém postura crítica à gestão de pandemia da prefeitura. "Chamem psiquiatra para consultar o prefeito e o secretário. Eles não estão verificando o que está acontecendo. As pessoas estão morrendo de Covid-19, os hospitais lotados e a terceira onda está aí. Vão buscar solução na forma de distanciamento, proteção ou vão ser cúmplices das mortes?", indagou Jucélia.
Segundo ela, há falhas na fiscalização das aulas presenciais ofertadas, com a falta de cumprimento do distanciamento estabelecido, inclusive com fornecimento de máscaras adequadas insuficente aos professores e funcionários das escolas. Jucélia cobrou medidas da secretaria de Educação que preze pela recuperação do aprendizado no período pós-pandemia.
"É preciso construir um projeto político e pedagógico para o pós-pandemia, quando as escolas estiverem em plenas condições de atendimento e trabalho coletivo. Agora vai cantar o hino nacional e da cidade, quando o momento era para pensar no que fazer para reduzir as lágrimas das famílias que têm perdido gente por conta do Covid-19. É uma coisa desumana e de desrespeito", apontou a sindicalista.
Jucélia também criticou a manifestação de Salvaro que insinuou que os pais estão indo para o "boteco" e não estão mandando os filhos às aulas. "O prefeito faz um pronunciamento dizendo que os pais vão para o boteco e as crianças não vão para a escola. O prefeito já insinuou, no ano passado, em contaminação de uma determinada virose, que as mães não lavavam os filhos e não sabiam quem eram os pais. E agora chama por tabela os pais das crianças de bêbados. Não entendo o desejo do prefeito".
"Ele tem que ir para as salas de aulas e buscar solução, saúde e forma de salvar vidas e não querer enchê-las de crianças e aumentar ainda mais o índice de contaminação. Meu dia é de muita indignação. A população toda tem que cobrar os desmandos do prefeito", concluiu Jucélia.