A indicação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do BNDES foi a gota d'água para a crise política do fim de semana, que culminou com a saída de ele e do presidente do BNDES, Joaquim Levy, cujo pedido de demissão foi entregue ao ministro da Economia, Paulo Guedes na manhã deste domingo. Barbosa Pinto foi chefe de gabinete na presidência do BNDES entre 2006 e 2007 em uma época de grande influência do então ministro Guido Mantega.
"Boa parte do buraco em que a economia brasileira está enfiada foi graças ao Guido Mantega. A certo ponto, dá para entender o presidente Jair Bolsonaro, pois tudo o que lembra o Guido Mantega dá arrepios", disse o comentarista de mercado financeiro da Rádio Som Maior, Lucas Rocco, no Programa Adelor Lessa desta segunda-feira.
"Não é uma grande tragédia, é mais um percalço do governo Bolsonaro. E já começaram a trazer nomes no sábado, quando ele deu o recado, antes mesmo de o Levy ter mandado a demissão. A saída era clara. Falam até em Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, mas não é uma figura nada fácil. Difícil imaginar o Bolsonaro em harmonia por tempo prolongado com o Gustavo Franco", observa Rocco.
"Os lados são bem claros. A turma do Bolsonaro e a turma do PT. O Levy já tinha um histórico de participação no governo petista. Ele foi ministro da Fazenda com o PT, para inglês ver. Não era o nome ideal nem muito alinhado com as ideias do PT, por isso conseguiu entrar agora, por indicação de Paulo Guedes, e o Bolsonaro endossou a indicação. Mas a relação não vinha bem, já existia a expectativa pelo presidente de abrir a caixa preta do BNDES dos empréstimos feitos a grandes companhias, JBS e outras, e também para governos como Cuba, Venezuela, e ainda essa expectativa não foi cumprida", enfatiza.
A semana é de expectativas no mercado. "Com a possibilidade de redução de juros essa semana, e tem as negociações sobre a previdência", lembra. Confira o comentário completo de Lucas Rocco no podcast: