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"Abrir não é voltar ao normal", alerta especialista da saúde

Formado em saúde pública em Harvard e USP, médico Márcio Sommer Bittencourt analista flexibilização do isolamento Santa Catarina

Por Heitor Araujo 08/05/2020 - 14:34
Cardiologista Márcio Sommer Bittencourt (Foto: Reprodução)
Cardiologista Márcio Sommer Bittencourt (Foto: Reprodução)

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Entrevistado na Rádio Som Maior pelo Programa Adelor Lessa nesta sexta-feira, 8, o médico Márcio Sommer Bittencourt, mestre em saúde pública por Harvard e doutor pela USP, analisou a flexibilização do isolamento social, proposta no país e em vigor em Santa Catarina. De acordo com o médico, não há possibilidade de "volta à normalidade" enquanto o coronavírus estiver presente.

No Estado, são mais de 3 mil casos de Covid-19, com 63 óbitos. A rede de saúde não apresentou problemas até o momento, ao contrário de outros lugares do país; em Manaus, segundo o portal El País, 90% dos leitos de UTI estão ocupados há mais de duas semanas e há gente morrendo, com os sintomas da doença, sem fazer o teste para o coronavírus.

Em Criciúma, com a situação nos atendimentos de saúde tranquila, há uma estimativa, levantada pela prefeitura em parceria com a Unesc, de que até 20 mil pessoas podem estar ou já foram infectadas pelo coronavírus. De acordo com Márcio, a indicação de que o vírus está na cidade pode trazer um surto repentino de internações.

"É muito bom fazer o controle de amostragem, o sorológico, que tem um objetivo diferente do PCR que é para medir o vírus durante a doença. Os dois tipos de controle são importantes. O dado de ver que aumenta a prevalência da sorologia na comunidade, indica que a doença está se espalhando. Talvez tenha um surto crescendo que pode explodir. Esse dado preocupa a flexibilização do distanciamento", avalia o especialista.

"Quando a gente está com o distanciamento, a progressão é mais lenta. Na hora que abre, ao invés de aumentar 10 casos por dia, aumenta 100 e o sistema não absorve essa demanda. Santa Catarina está mais aberto do que outros estados e o risco é que demora uma a duas semanas para ver o pico subir. Mesmo com tudo muito bem, a abertura não deve ser rápida", alertou Márcio.

O médico preocupa-se com o entendimento da população sobre a abertura. Para ele, não há a possibilidade de retomada da "normalidade" enquanto houver o risco do vírus.

"O abrir não é voltar ao normal. É um conceito que as pessoas não estão entendendo a dinâmica do que vai acontecer. Tem um clássico da gripe espanhola, em Saint Louis (Eua) que fechou e foi muito bem, resolveu abrir e viu um surto tardio", exemplificou, lembrando da epidemia da gripe espanhola, que matou mais de 50 milhões de pessoas entre 1918 e 1920. 

Assim, a alternativa é achar a equação para, se for o caso de abertura, fazer de forma que minimizem-se os riscos. "Mesmo quem abriu devagar, vai ter um pico. Só que se o pico for pequeno, talvez seja o preço a se pagar. A economia é importante, tem o risco de colapso, mas é o balanço de até quanto pode-se flexibilizar o distanciamento a cada momento", concluiu Márcio. 

Tags: coronavírus

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