O estacionamento rotativo teve sua ampliação iniciada a partir desta segunda-feira (17), nos bairros Comerciário, Pio Corrêa e Centro, em Criciúma. O martelo sobre a situação só foi batido de fato na última sexta-feira (14), quando a Prefeitura de Criciúma emitiu uma nota confirmando o início da cobrança, apesar da recomendação contrária do Ministério Público.
"O parecer da Procuradoria, muito responsável, foi de que não haveria problema de tocar o processo adiante, conforme a programação, que era a partir do dia de hoje. E assim foi feito", conta o coordernador do Comitê Gestor de Criciúma, Celito Cardoso, em entrevista ao Programa Adelor Lessa, na manhã desta segunda, após o início da cobrança do rotativo.
O assunto provocou opiniões divergentes nas últimas semanas, principalmente das associações de moradores dos bairros Comerciário e Pio Corrêa. Porém, para Cardoso, a mudança pensa na questão pública do município. "Eu entendo perfeitamente que a mudança provoca alguma incomodação. E o prefeito Vagner também tem essa noção de que a mudança gera alguma incomodação, alguma adaptação. Mas nesse momento nós estamos saindo assim um pouquinho, subindo um pouco o helicóptero e privilegiando a questão pública, o espírito público", destaca Celito. "Claro que nós não somos surdos em não prestar atenção nessa demanda. A medida que elas vão surgindo. é claro que a dinâmica da engenharia vai estar estudando novas alternativas. Mas no momento o que nós estamos enxergando é que a amplitude do estacionamento rotativo cumpre não necessariamente uma análise demanda do local, mas da demanda do centro como um todo", acrescenta.
Outra reclamação do público é em relação a uma audiência pública ocorrida em 2021, que contou com baixa participação popular. "Eu digo que o rito que foi proposto para a época, em função da situação que a gente vivia naquele momento, da proibição de fazer reuniões com o público grande, foi cumprido dessa forma. Inclusive, na análise que a procuradoria mandou ao promotor, anexou, inclusive, filmes, entrevistas, textos, da ampla divulgação que foi dada à época, de todo o projeto na sua amplitude total", lembra o coordenador.
Ouça o que disse o coordenador do Comitê Gestor:
Manifestação dos moradores
Com a mudança já implementada, os moradores dos bairros afetados, além do presidente da União das Associações de Bairros de Criciúma (UABC), se pronunciaram nesta manhã, em entrevista ao Programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior.
Comerciário
A recomendação do Ministério Público, que recomendou o postergamento do início da cobrança, partiu de uma ação da Associação de Moradores do Bairro Comerciário (Ambac), que entrou com ação judicial contra a cobrança do rotativo. Porém, após a decisão da prefeitura, a Ambac decidiu não organizar outro protesto.
"Após a divulgação da nota do município, a diretoria da Associação teve oportunidade de se reunir e refletir um pouco a respeito da realização desses protestos. A gente chegou à conclusão de que o protesto talvez não fosse a melhor alternativa por conta dos riscos dessa manifestação eventualmente se desvirtuar, e a gente sabe que os propósitos, os objetivos a serem atingidos não vão se dar por meio, pura e simplesmente, da realização de um protesto", explica o vice-presidente e advogado da Ambac, Sérgio Biava Júnior.
Apesar da decisão, os moradores seguirão alinhados ao Ministério Público, para tentar mudar a situação. "Nós vamos continuar diligenciando junto ao Ministério Público, junto aos órgãos competentes. Também vamos continuar trabalhando na realização da audiência pública, que está programada o próximo dia 27, para buscar a reversão e alteração desse cenário que se tem hoje", revela Biava. "O papel da associação, para poder deixar bem claro, não é necessariamente contra a implementação do rotativo. O que se quer é levar esse tema ao debate, fazer com que a prefeitura pondere especificamente com relação àquilo que determina a lei", amplia.
Ouça o que disse o representante do Bairro Comerciário:
Pio Corrêa
Outro bairro afetado pela ampliação é o Pio Corrêa, que não se manifesta totalmente contrária ao rotativo, mas reclama da falta de contato com a prefeitura. "É uma pena isso, nós desde janeiro praticamente a gente vem tentando o contato com a prefeitura a fim de que a gente pudesse conversar; Porque no fim quem conhece da realidade do bairro, das ruas, do dia a dia é quem está no bairro, quem mora no bairro, quem vive ali", avalia o presidente da Associação de Moradores do Pio Corrêa, Renan Búrigo.
A reclamação principal dos dois bairros é o baixo comércio existente nos locais, o que quebra uma regra do rotativo. "Existe uma legislação que fala que esse rotativo deve ser implementado em ruas onde existem comércios e serviços, para que aconteça a rotatividade dos carros e favoreça os comércios e serviços, que não é o que a gente está vendo. A gente está vendo a aplicação do rotativo em ruas que não tem comércio e serviço, e aí qual é o fim então desse rotativo? Se não é rotacionar os carros para nenhum tipo de comércio", questiona.
Ouça o que disse o presidenta da associação do Pio Corrêa:
UABC
Além dos bairros já abrangidos pela ampliação, outros bairros de Criciúma entraram em contato com a União das Associações de Bairros de Criciúma (UABC), para entender a situação. "Nós fomos procurados por vários presidentes de bairro, inclusive empresários e comerciantes de várias comunidades. Posso citar o Santos Dumont, posso citar o São Luiz, posso citar o Michel, cito o Marista, cito o Comerciário, Santa Luzia e Rio Maina no tocante à implementação do estacionamento. Por quê? Porque eles não sabem como será", afirma o presidente da UABC, Gentil Francisco.
A cobrança do rotativo pode provocar problemas também para moradores de outros municípios, que não entendem como o serviço funciona. "A pessoa vem de fora, sai, não vê um monitor, não vê um parquímetro, não tem o aplicativo e leva o canhotinho ali para pagar, mas ele se esquece. Ele não sabe que ele vai levar R$ 195 de multa e cinco pontos na carteira. Então, são coisas que não foram colocadas. As pessoas não sabem disso", aponta Francisco.
Ouça o que disse o presidente da UABC: