A Prefeitura de Criciúma realizou na manhã desta segunda-feira, 31, uma coletiva para detalhamento do plano de retorno das aulas 100% presenciais nas escolas públicas do município a partir desta terça-feira, 1. O planejamento para retomada total surgiu após uma busca ativa das autoridades de saúde, que alegam e defendem que o ambiente escolar é sanitariamente mais seguro para os estudantes.
O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, juntamente com o secretário de Educação, Miri Dagostim, visitaram todas as 66 escolas do município para atestar o retorno. Segundo Salvaro, algumas salas de aula estavam vazias e, em outras, apenas dois ou três alunos estavam presentes.
“Entendemos que nós estamos adotando uma medida mais restritiva levando a criança de volta para a sala de aula”, destacou o prefeito. “E quem disse que as crianças não são obedientes? Elas seguem regras, até muito mais do que jovens, adultos e idosos a seguem”, completou.
A Prefeitura alega que o distanciamento necessário será respeitado dentro das salas de aula, assim como a obrigatoriedade do uso de máscaras e álcool em gel. No momento do intervalo, os estudantes irão fazer suas refeições nas próprias carteiras, para que não haja aglomeração na cantina.
Para incentivar a retomada, o município realizou a busca ativa de pais e alunos com o intuito de convencê-los a levarem os seus filhos de volta para a sala de aula. Conforme decreto do Governo de Santa Catarina, no entanto, até o fim da pandemia da Covid-19 o Estado é obrigado a oferecer o ensino híbrido e remoto para os pais que optarem pela permanência de seus filhos em casa.
“O pai não quer mandar? Há uma equipe da Prefeitura trabalhando nessa busca ativa para trazer a criança de volta para escola. Talvez essa criança que os pais não querem que vá para escola estejam brincando nos parques, praças e rua”, disse Salvaro. “O sistema continuará sendo híbrido, mas a consciência é dos pais”, completou.
“Além da humanização e do acolhimento, temos merenda de qualidade, profissionais preparados para a sala de aula, na qual o aluno terá um engrandecimento”, apontou Miri Dagostim.
Dificuldade de aprendizagem
Durante a coletiva, as autoridades presentes destacaram uma grande preocupação com relação à aprendizagem dos alunos que não estão na aula presencial e que optaram pelo modelo remoto. O secretário Miri aponta para um diferencial negativo na “competitividade”.
“Na avaliação que temos feito semanalmente nas escolas percebemos que o aluno que está distante tem 80% menos de aprendizado. Onde ele vai ser competitivo com aquele que estuda na escola privada? Aquele que paga hoje, mas amanhã vai fazer vestibular para ir para a escola. Quando teremos igualdade”, reforçou.
De acordo com a professora Cris Fretta, membro do corpo da Secretaria de Educação, a equipe pedagógica iniciará um atendimento para verificar, de fato, qual foi o aprendizado do aluno que saiu do remoto para o presencial.
“O aluno retoma as atividades e aí sim é feito uma relação diagnóstica com vários critérios de aprendizagem para saber em qual nível ele está. Assim poderemos ter um norte pedagógico. Paralelo a isso, estamos fazendo um projeto de distorções de série e idade, onde fazemos toda uma movimentação pedagógica para que o aluno esteja realmente na sua série. Estamos com apoio pedagógico e vamos iniciar no próximo mês, para que o aluno realmente consiga ter um nível qualitativo e quantitativo das atividades que ele deixou de estar buscando nesse período de pandemia”, declarou.
Ônibus e ações
Com a retomada das aulas presenciais, surge também a preocupação com relação a infraestrutura do transporte público para que os alunos possam ir às escolas. De acordo com a professora Cris, em Criciúma, somente 5% dos estudantes utilizam o transporte urbano. A grande maioria utiliza das linhas municipais, com um roteiro próximo, em que o aluno é deixado quase que na porta de casa.
O município lançará ainda um aplicativo para que os pais possam saber se o estudante de fato entrou no ônibus e para onde ele está indo, através de um acompanhamento via GPS. O mesmo vale para a entrada nas escolas, que contará com um sistema que comprovará a presença ou não dos estudantes.