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Avenida Santos Dumont: Transtorno necessário para um futuro promissor 

A obra vista pelos comerciantes da região

Por Vitor Netto Criciúma, SC, 08/05/2021 - 16:30
Fotos: Guilherme Hahn/Especial/4oito
Fotos: Guilherme Hahn/Especial/4oito

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Alberto Santos Dumont (1873-1932) foi um inventor, construtor e aviador brasileiro, conhecido como o “Pai da Aviação”. Ele nasceu em Palmira, cidade que hoje se chama Santos Dumont em Minas Gerais, e foi para Paris, na França, onde então realizou o seu primeiro voo em um balão. Mas o que isso tem a ver com Criciúma?

No dia 16 de maio de 1956, o então prefeito de Criciúma Addo Caldas Faraco assinava a lei municipal número 173, que falava em seu artigo 1º: “Fica denominada Avenida Santos Dumont a via pública que parte da antiga estrada Criciúma-Araranguá, nas terras de Irmãos Comin e vai até a futura Estação de Embarque, no campo de pouso desta cidade, com a largura de vinte metros.”.

Mas será que o então prefeito imaginaria o que a Avenida Santos Dumont se tornaria até os dias de hoje? Ou então como ela vai ficar daqui dois, três ou 10 anos?

Mais de seis décadas se passaram e incontáveis carros, caminhões e pessoas passaram por essa via. Inovações, como aquelas de Santos Dumont, aconteceram no mundo até chegarmos nos dias de hoje. Dias estes que exigem que a sociedade caminhe junto com as novidades. Atualizações como essas, que ocorrem atualmente na Avenida Santos Dumont. 

Quem passa pela região não tem como não perceber as inúmeras frentes de obras e trabalhos que compõem a construção do Binário da Avenida Santos Dumont. Obra que mobiliza centenas de trabalhadores semanalmente e exige estudos técnicos diários. A empresa que faz a obra, a Confer, tem até 2023 para concluir, mas as expectativas são de que já no segundo semestre de 2022 o Binário seja entregue à população. 

A obra

Um binário consiste na duplicação de uma via, neste caso a Avenida Santos Dumont, que contará com quatro faixas, sendo duas no sentido São Luiz/Pinheirinho e duas no sentido Pinheirinho/São Luiz, no trecho entre a Avenida Centenário e a rua Pinheiro Machado. 

O binário é um sistema de duplicação das vias, onde duas rotas trabalham em conjunto com o objetivo de “desafogar” o trânsito. Os motoristas que seguirem do sentido Pinheirinho para o bairro São Luiz, vão fazer o trajeto pela rodovia Santos Dumont até o cruzamento da rua Pinheiro Machado, precisando virar à direita e seguir até a Avenida Carlos Pinto Sampaio, virando à esquerda, que seguirá até a rodovia Luiz Rosso. Já os motoristas que fizerem o sentido bairro São Luiz até o Pinheirinho poderão seguir todo o percurso em pista dupla. 

Os trabalhos incluem, ainda, a pavimentação e a urbanização da Avenida Carlos Pinto Sampaio e da rua Fioravante Benedet, que serão duplicadas. O binário compreende também a implantação de galerias de água pluviais, rede de drenagem, calçadas e toda a parte de acessibilidade, rampas, sinalização e iluminação. Tudo isso em um orçamento de R$32.433.128,48.

O investimento para executar esses serviços foi viabilizado por meio de operação de crédito externo, firmada junto ao Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), no valor de US$ 17,2 milhões. Esse recurso foi angariado ainda em 2019, quando apenas três municípios brasileiros conseguiram acessar o Fundo. 

O início das obras se deu em meados do mês de março de 2020, quando o prefeito, Clésio Salvaro, assinou a ordem de serviço que permitiu que a empresa Confer Construtora Fernandes, ganhadora da licitação, começasse a execução dos trabalhos no bairro São Luiz.

Situação da obra

Atualmente, um trecho da Avenida Santos Dumont, da Avenida Centenário até a altura do Fórum, já está em fase de acabamento, faltando apenas a colocação das calçadas. Agora, está sendo feita a parte de esgoto do trecho que compreende o Cemitério Municipal até o trevo do Bairro São Luiz. “Esse binário é composto pela drenagem, colocação das galerias e aduelas. Depois da drenagem, será feita a revitalização do asfalto e a colocação das calçadas e da ciclovia”, explicou a engenheira da obra, Gisella Soares. 

Um dos principais problemas enfrentados na hora do início das obras foi a questão do solo e do esgoto, já que o trecho não contava com uma vazão ampla e necessitou, além dos trabalhos da Confer, um trabalho conjunto da Casan. “Essa obra foi basicamente drenagem, por isso foi uma obra suja, difícil de fazer, com muitos buracos. E ainda vai ver que tem muita caixa aberta, pois precisa de ligação com a parte de esgoto”, comentou. 

A segunda etapa do Binário 

Quando se fala do binário da Santos Dumont, também vem à cabeça o viaduto no trevo do bairro São Luiz e a trincheira que passará por debaixo da rodovia Luiz Rosso. Contudo, esta é a segunda etapa da obra. 

Ela consistirá na construção de um viaduto elevado no trevo do bairro São Luiz e um túnel por baixo da rodovia Luiz Rosso, para ligar a Carlos Pinto Sampaio com a Fioravante Benedet. Essa etapa terá um investimento de R$ 16,6 milhões, captados através do Flonpata.

Essa parte contempla o projeto arquitetônico total, mas ainda não está em execução e não foi licitada. “O que está ocorrendo ali agora é o que a gente chama primeira etapa, que é o binário com a drenagem do trecho e a revitalização dos pavimentos, calçadas e meios-fios. O projeto do Fonplata compreende também o viaduto elevado e a trincheira, mas isso é uma outra etapa que não está em construção ainda”, esclareceu a engenheira. 

A ideia desta segunda etapa é diminuir o fluxo de carros e caminhões pelo bairro São Luiz. “Os caminhões circulam dentro do bairro, mas com essa segunda etapa eles passariam por cima do viaduto”, completou. 

Transtornos causados pela obra 

Como toda e qualquer obra, a construção do binário apresenta transtornos e dificuldades aos moradores e comerciantes durante a sua execução. Poeira, buracos e desvios são cenários comuns para as pessoas que passam por aquele trecho.

Com comércio no ramo de floricultura há mais de 20 anos na Avenida Santos Dumont, Terezinha já viu muitas mudanças na via. Ela já mudou três vezes de sala comercial e agora acompanha na porta do seu estabelecimento as obras de construção do Binário. “Nós estávamos em uma casinha, que todo mundo conhecia como a casinha branca, então nos mudamos para o lado em uma sala comercial, mas o ambiente era pequeno e agora trocamos de lado da rua e estamos acompanhando toda a obra deste lado da rua”, contou Terezinha Farias Machado, proprietária do Paiol das Flores. 

Conforme a empresária, a obra na avenida não afetou diretamente as suas vendas no ano que passou, já que durante a pandemia o fluxo de pessoas diminuiu e as vendas online aumentaram. “Para nós ela (a obra) no momento não atrapalhou muito, pois o pessoal começou a comprar online. Ligavam e pediam ‘manda uma orquídea na casa do fulano’. A pessoa fazia o pagamento online e deu. O que caiu para a gente por causa da pandemia foi a decoração de eventos”, contou.

Contudo, segundo Terezinha, ao falar do binário o que mais impactou no seu comércio foram os transtornos causados pela obra. “O movimento da loja não caiu. Mas o grande problema é a poeira, a buraqueira. É triste, pois já vi carros com rodas caídas, atolados. O que vai acontecer depois a gente não sabe, pois a rua vai ficar dividida”, enfatizou.

O líder comunitário Alcione Coelho, que também representa a padaria e restaurante Santos Dumont e faz parte da diretoria do Edifício Machado de Assis, vê as dificuldades causadas pela obra com bons olhos. “A gente tem que entender que é um mal momentâneo. Para fazer uma omelete a gente precisa quebrar o ovo. Para fazer um bolo, a gente suja a pia. Mas depois limpa e come o bolo”, enfatizou. 

Coelho participou da primeira reunião quando o assunto da construção do binário foi colocado em pauta. Antes mesmo de as máquinas começarem a trabalhar. “Os problemas que estão tendo agora, todos nós sabíamos que aconteceriam. Mas como eu disse, qualquer obra gera um transtorno. Mas o resultado é positivo”, contou. 

Ele sugere a colocação de mais sinalizações no local, indicando as obras. “Às vezes aparecem alguns caminhões trancando a passagem, um pouco perdido. Então poderia ter mais sinalização, minimizando esses problemas”, pontuou. 

O supermercado Marcon foi inaugurado em agosto de 2018 e os proprietários viram de perto todos os avanços, desde o começo até a atual fase de execução da obra. “Desde o começo nós tivemos várias reuniões para debater sobre a obra, pois sabíamos que o impacto seria muito grande. Quando veio realmente o início das obras, a prefeitura nos chamou, tivemos uma reunião com o prefeito e com o vice e os secretários, que nos passaram como seria feito, explicando todo o processo, desde o alargamento da via, bem como também a questão do canal auxiliar para prevenir as futuras enchentes”, explicou a proprietária Silvana Marcon.

Conforme a proprietária, apesar de a obra apresentar dificuldades durante a sua realização, ela é necessária. “Nós temos um grupo para passar as informações, composto por comerciantes, moradores e também integrantes da prefeitura. Claro que dá briga e discussões, pois qualquer obra realizada apresenta seus transtorno. Se você vai fazer uma obra da sua casa, você projeta de uma maneira e acontece de outra”, pontuou Silvana. 

Ela também explica que foi necessário utilizar de outras ferramentas para conseguir passar essa fase e se manter no seu comércio. “Claro que o nosso faturamento caiu, mas nós estamos colocando em prática ações para superar isso, como por exemplo, diminuir a minha margem de lucro. O complicado é que muitas vezes o cliente não vem por causa da obra, pois não quer colocar o carro na estrada. Mas a minha expectativa é boa, pois conversei com o engenheiro da Confer e a expectativa é de que até o mês de fevereiro de 2022 a avenida Santos Dumont fique transitável”, explicou. 

 

O futuro

Conforme a engenheira da prefeitura, o binário terá o objetivo de auxiliar no trânsito dentro do bairro, além de trazer novos investimentos para a região. “Hoje a Avenida Santos Dumont conta com duas pistas. E a gente vê que os carros ficam se atravessando e também passam muitos caminhões. Então a ideia é que as pessoas não percam mais tanto tempo no trânsito” explicou.

Para o secretário municipal de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana, Tita Beloli, a obra é de suma importância para o progresso da cidade. “Trata-se de desenvolvimento econômico da região e a mobilidade urbana. Vários setores que vão melhorar a cidade. Além de ser uma área que hoje é gastronômica, ela conta com empresas e comércio e essa obra vai impulsionar a região e a nossa cidade. É um ponto importantíssimo de uma obra essencial para a cidade”, enfatizou Beloli. 

E além disso, apesar dos transtornos, os trabalhos caminham em ritmo acelerado. “Ela (a obra) está adiantada perante o prazo. O contrato tem a previsão até 2023, mas a expectativa é de entregar no segundo semestre de 2022”, completou Beloli. 

Morador há 15 anos da localidade, o líder comunitário Alcione Coelho vê que as mudanças que estão ocorrendo no local vão trazer melhorias para a localidade. “Todos os anos nós sofríamos com as enchentes aqui na rua. Já vi enchente de cobrir um carro. E pelo material que eles estão colocando para a drenagem, vai ficar bom. Praticamente um rio subterrâneo”. 

O líder comunitário também vê melhorias na qualidade de vida e impulsionamento na economia local. “O bairro São Luiz vai ser outro. Vai mudar da água para o vinho. O comércio vai triplicar, os terrenos vão valorizar. Vai ser um futuro promissor. A entrada e saída de pessoas do bairro vai melhorar”, enfatizou. 

Apesar dos problemas, Silvana Marcon pontua que o futuro é positivo. “O que a gente pede é que os moradores do São Luiz não nos abandonem. Que a gente se una para que depois da obra pronta, o comércio continue forte e atuante. Para que mesmo com esses transtornos a gente tenha um crescimento e no futuro a gente possa oferecer um conforto maior para os clientes. A conclusão da obra vai fazer com que cresça muito o bairro em todos os aspectos”, finalizou.

No vídeo, como ficará a Avenida Santos Dumont após a conclusão das obras do Binário:

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