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É inimaginável uma vida sem plástico. O material é facilmente reconhecido nas sacolas de supemercado e nas embalagens de água, sucos e refrigerantes, mas a verdade é que está presente em quase tudo o que utilizamos - nos carros, eletrônicos, na medicina, indústria de roupas, agricultura e assim por diante. Sem o plástico, a vida seria diferente em diversos aspectos, inclusive financeiramente. Porém, com ele, surge o problema da produção de lixo que demora a se decompor, causando problemas ambientais sérios. Um estudo da WWF, ong voltada à preservação ambiental, aponta que o Brasil é o quarto país do mundo que mais produz lixo plástico e um dos que menos recicla: apenas 1% do material. A campanha Recicla Junto Rincão quer, ao menos localmente, mudar essa história.
Para o empresário da Cristalcopo, Anselmo Freitas, a campanha é uma forma de manter a indústria plástica na região Carbonífera, a segunda maior juntando os municípios de Içara e Criciúma. Ao todo, mais de 8 mil pessoas são empregadas na produção de materiais plásticos e, paralelamente, famílias dependem da reciclagem do lixo para a sustentação financeira. Anselmo afirma que em dezembro, com os problemas de separação dos resíduos, alguns catadores conseguiram juntar apenas R$ 500 no mês - e a reciclagem é o único meio de vida de muitos.
Em Braço do Norte, uma empresa utiliza 500 toneladas de plástico reciclado, aproveitando o boom da reciclagem na região. "Ela faz rodapé para colocar no apartamento, faz piso de plástico, que não acaba nunca mais. Na hora que ele tiver desgastado, pode voltar para ser reciclado e se transformar em novo. Quanto mais reciclar, mais a gente trabalha a economia circular e vai precisar extrair cada vez menos", aponta Anselmo.
A campanha Recicla Junto Rincão começou nesta sexta-feira, com um ponto de recolha do material no Balneário Rincão, junto ao estúdio de verão da Rádio Som Maior, na avenida Beira-mar, próximo ao Calçadão. A ação é uma parceria da Cristalcopo com a Rádio Som Maior. Anselmo reforça a importância da reciclagem como uma ponte para manter forte o setor do plástico na região.
"A segunda economia aqui (em Criciúma e Içara) é a do plástico, só perde para a cerâmica. Nós não podemos perder essa riqueza porque não destinamos corretamente esses resíduos sólidos. São mais de 8 mil profissionais empregados", explica. A ação pode desencadear outras, inclusive até Criciúma, com previsão de começar em março e a possibilidade de abater valor na taxa do lixo. No Rincão, cada sacola com resíduo plástico dá R$ 0,50 de desconto no Container Food Park.
Do lado de quem recolhe, a ação facilita e amplia a fonte de renda. "Está se levando muito isso para as escolas. As crianças ajudam a nos educar, a gente é mais antigo. Elas começam a ter essa noção, tem colégio que faz coleta seletiva e entrega direto na cooperativa. Se a gente não manda os produtos, o pessoal não sobrevive, porque a renda é muito baixa", ressalta Anselmo.
Como o plástico reciclado é aproveitado?
Ele vira plástico de novo e pode ser aproveitado como um novo produto. "Um copo plástico, uma garrafa, uma tampinha, podem ser transformados em vários outros materiais, como por exemplo um banco de jardim. O material é levado para a associação dos catadores e é separado pelo tipo de material, depois é colocado em prensa e feito fardos de 60 a 80 quilos. Um material não pode ser reciclado com o outro. Na indústria, o material é lavado, moído e transformado em pellet, aí ele volta a ser plástico de novo e pode virar outro produto", detalhou Anselmo.
A campanha pede que sejam levados resíduos limpos. "Se for um material contaminado, já não dá pra aproveitar. Qualquer material de plástico, coloca dentro da sacola de supermercado, a nossa equipe estará para receber", afirmou o empresário.
A recolha é feita com base em sacolas de supermercado, porém também são recebidos sacos maiores. "Para facilitar, a gente faz por volume da sacola de supermercado, que é padrão. Se a pessoa trouxer um saco de 100 quilos, a gente consegue dimensionar mais ou menos quanto equivale e converte em pontuação", explicou a engenheira ambiental da Cristalcopo, Carina Girelli.
A reciclagem do plástico
Por muito tempo, o plástico, um produto derivado do petróleo e que pode demorar centenas de anos para se decompor, foi encarado como um vilão ambiental. Visão que é corroborada pelo baixo índice de reciclagem que ocorre. Um estudo divulgado pela revista Science em 2017 estimava a produção de 8,3 bilhões de toneladas do material desde 1950 e que cerca de 60% foram parar em lixões, aterros ou no meio ambiente.
No Brasil, a situação é pior. O país é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e recicla apenas 1%. Esses dados foram levantados pela WWF e divulgado no começo de 2019. São produzidas 11 milhões de toneladas de plástico por ano e apenas 1,2% é reciclado, o que torna o país o que menos reaproveita o material dentre os grandes produtores.
Produzem mais plástico do que o Brasil no mundo: Estados Unidos, China e Índia.
A campanha
A Recicla Junto Rincão recolhe materiais plásticos nas sextas e nos sábados no Rincão, com um ponto de recolha junto ao estúdio da Rádio Som Maior, na avenida Beira-mar próximo ao calçadão. O horário é das 9h às 18h. Neste sábado, a Rádio Som Maior terá uma edição especial do Som Maior Verão, a partir das 10h, ao vivo do Balneário.
