O Colégio Unesc contará com um ambiente especial a partir de agosto. Será um Meliponário, uma coleção de espécies de abelhas sem ferrão. O espaço, que será instalado ao lado do ginásio da instituição, vai contar com apoio de professores, funcionários e alunos dos segundos e oitavos anos do Ensino Fundamental da Instituição que vão poder alinhar o que aprendem em sala de aula com a prática.
Além de saberem tudo sobre as abelhas, eles vão cultivar e colher o mel, mantendo assim o contato com a natureza. Mais do que as atividades em sala de aula, a programação conta também com oficinas e palestras. E foi o que fizeram nessa sexta-feira (08), quando participaram de um bate-papo, na Instituição, com educadores e convidados que abordaram e mostraram sobre esse universo das abelhas.
A intenção com o projeto é conservar e conscientizar os alunos acerca do equilíbrio natural do meio ambiente e sobre o papel das Melíponas, que são as espécies de abelhas sem ferrão.
No início do ano, segundo a coordenadora pedagógica Wânia Inácio da Silva Ramos, a escola foi 'invadida' por um enxame de abelhas, despertando nos estudantes um misto de medo e curiosidade.
"As crianças ficaram com medo das abelhas no começo, mas a curiosidade falou mais alto, pois estavam muito curiosas para vê-las. A partir daí o projeto que já vinha sendo discutido, ganhou corpo. As crianças abraçaram a causa e a escola também", descreveu Wânia, lembrando que o jardineiro do Horto da Unesc, Volney Gonzaga, também foi um dos incentivadores do projeto. Ele estava no encontro com os alunos nesta sexta-feira e também parabenizou a Instituição pela iniciativa. "Temos uma fauna e flora muito rica dentro do nosso espaço. Vocês terão uma grande oportunidade de vivenciar isso tudo aqui dentro. O local poderá ainda ser um celeiro de oportunidades para outras escolas que poderão visitar e conhecer", acrescentou Gonzaga.
Para a professora de Ciências do Colégio Unesc, Savana Bernardo Alfredo, as expectativas são as melhores possíveis, pois o projeto vai atrelar conhecimento da sala de aula com a prática. "Vai ser uma experiência incrível, pois eles vão vivenciar tudo isso, vão cuidar e ver, no dia a dia, o processo das abelhas e a produção que é tão importante. Esperamos que eles curtam bastante e se dediquem", comentou Savana.
A diretora da instituição, Giselle dos Passos Vieira, também salientou a importância da atividade para alunos e comunidade. "Esse vai ser um grande trabalho com o envolvimento de todos vocês. Será um momento de criar memórias e se conectar com a natureza. Um trabalho em conjunto tanto na preservação, como também no olhar atento na questão da polinização e ecológica", destacou.
Suporte
A professora doutora da Unesc, Birgit Harter Marques, estudiosa sobre abelhas, vai dar todo o suporte para a implantação do Meliponário na escola. Segundo ela, sem abelhas não haverá seres humanos. "Se as abelhas desaparecessem, a humanidade teria apenas mais quatro anos de existência", destaca. Inicialmente, conforme a professora, será cultivada a espécie Melipona Bicolor, conhecida por Guarupu.
"Essa é uma grande iniciativa. Percebo que, ao longo dos anos, as pessoas têm despertado mais interesse e, na escola, isso será muito importante. Iniciaremos com uma espécie, mas podemos ampliar para outras. Vamos acompanhar todo o manejo, explicar como funciona e dar todo o suporte e supervisão", contou.
"O espaço será todo das crianças que vão cultivar e levar o mel para a casa. O que a gente não conhece tem medo. Quando tivermos conhecimento a respeito vamos saber como manusear, lidar e proteger que são importantes para a natureza", finalizou a professora Wânia.
Vivências
Hobista, o médico de Criciúma, Juparethan Trento Ribeiro esteve na instituição e trouxe para os alunos as espécies cultivadas por ele. "O Colégio Unesc está de parabéns pela iniciativa. Sou apaixonado por essas abelhas, por esses pequenos insetos que são os responsáveis por toda a alimentação que temos. Sem abelhas não temos vida. É muito gratificante estar aqui contando um pouco da minha experiência e desse cultivo das abelhas sem ferrão que é o meu hobby", disse.
Ribeiro iniciou o cultivo na pandemia e atualmente conta com três espécies: Uruçu Amarela, Mandaçaia e Mirim Nigriceps. "Durante a pandemia lembrei do meu avô que tinha algumas abelhas pelos muros de casa e fui atrás para entender melhor todo o processo e estudar a respeito. Hoje todos da família ajudam, gostam e estão faceiros com a ideia", disse ele, que mostrou fotos e trouxe as espécies em pequenas caixas para mostrar à garotada, que ficou literalmente encantada.
Mel, uma doçura de abelha
A coordenadora do Museu de Zoologia da Unesc, Morgana Gaidizinski, também passou pelo local e deixou um recado sobre a importância da preservação das abelhas. Morgana é autora do livro: Mel, uma doçura de abelha.
O livro narra a história de uma abelha da espécie conhecida popularmente por abelha-do-mel, apis melífera, e, ao longo da sua narrativa, apresenta as características de cada fase da vida que essa espécie de abelha possui, com o seu papel importante ecológico de representatividade para o equilíbrio e manutenção da vida no planeta.
Ao longo da história, também são apresentadas as principais razões do desaparecimento das abelhas no meio ambiente, carregando uma mensagem de transformação e necessária preservação. "O livro carrega consigo uma mensagem de preservação ambiental e conscientização. O objetivo é promover reflexões sobre as questões ambientais", apontou Morgana. Os estudantes foram agraciados com os exemplares.