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Coronavírus: criciumenses falam dos transtornos da quarentena na Itália

Desde segunda-feira, o país encontra-se isolado, com a maioria dos trens e voos suspensos; relatos de quem está lá se dividem entre a tranquilidade e o medo

Por Heitor Araujo 10/03/2020 - 11:08 Atualizado em 10/03/2020 - 14:32
Lago de Como, na região da Lombardia (Foto: Júlia Lodetti / Especial 4oito)
Lago de Como, na região da Lombardia (Foto: Júlia Lodetti / Especial 4oito)

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O retorno do surto de coronavírus no norte da Itália, com o disparo do número de casos e de mortes na região, elevou o alerta das autoridades e o país inteiro entrou em quarentena. A maioria dos voos e trens para o país foram cancelados e a recomendação é de que as pessoas evitem mudar de uma cidade para a outra, mesmo dentro da Itália. Criciumenses que estão lá mantêm-se tranquilos quanto à epidemia, mas relatam a mudança forçada na rotina, devido às medidas de contenção impostas.

De acordo com a Agência Brasil, a Itália é o segundo país com mais mortes pela nova mutação do coronavírus.  A doença atingiu até agora 9.172 pessoas e provocou a morte de 463; só no último sábado, foram confirmados 133 óbitos. Por isso, as autoridades redobraram os cuidados. A intercambista Júlia Lodetti, que saiu de Criciúma para Milão há aproximadamente um mês, relata as precauções contra o vírus que retornaram com força a partir de sábado.

"A quarentena começou em Milão no sábado e na segunda-feira anunciaram que seria no país inteiro. Até sexta-feira estava tudo tranquilo e parecia que nem existia mais o vírus, agora todos os vôos e trens começaram a ser cancelados" conta a estudante. Segundo ela, ainda há opções para quem quer sair da Itália, apesar de raras; com medo, muitas pessoas optaram por deixar o país.

"Muitas pessoas estão indo para outros países. Há restrições. Por exemplo, quem for pra Alemanha agora tem que ficar de seis a 14 dias em quarentena em casa", acrescenta. "Muitos alunos do intercâmbio estão voltando para os seus países e vão fazer as aulas online ou planejam voltar no próximo semestre. Intercambistas de Singapura e Austrália estavam sendo obrigados pelas suas universidades a voltarem para casa, agora talvez nem consigam mais voltar", completa Júlia.

A estudante esteve a turismo na Hungria na semana passada e teve problemas ao chegar no país do leste europeu. "Quando cheguei no aeroporto, todos que estavam no vôo foram mantidos em uma sala fechada até medirem a temperatura de todos os passageiros e garantir que ninguém estava febril", diz. Para retornar à Itália, mais problemas: os voos para Milão estavam cancelados. "Meu vôo pra cá no domingo foi cancelado. Tive que ir para Roma e pegar um trem, porque só Milão estava em quarentena no momento. Agora está diminuindo no país todo as opções", afirma.

Outro criciumense na região é Alvaro Balod. Ele está há 30 dias na pequena cidade de Crescentino, na região de Piemonte. De passagem pela Itália, ele projeta uma viagem para a Alemanha, onde irá trabalhar. "Na segunda às 22h eles começaram a fechar todas as fronteiras entre as cidades e decretaram quarentena, foi muito de repente. Se tudo der certo daqui a 20 dias estou na Alemanha", relata.

Ele acrescenta que, na cidade em que está, de pouco mais de 7 mil habitantes, o dia a dia está tranquilo. "Só vi duas pessoas de máscara. A cidade aqui está bem tranquila, não é turística e não tem muita gente para passar o vírus. Como está fechada, está mais tranquilo ainda. Ninguém deixa de sair na rua", complementa. 

E quem fica?

"Não sei se vocês estão acompanhando pela TV, mas estamos vivendo um momento muito difícil e com muito medo pelo coronavírus Aqui em Verona tem 83 pessoas contaminadas. Muitos locais estão fechados, no trabalho temos q fazer várias mudanças. A região da Lombardia e a nossa, que é o Vêneto, são as que têm mas pessoas com o vírus. Dia após dia o governo vai dizendo o que se tem que fazer. Ontem morreu dois aqui em verona no hospital bem pertinho de casa", é o que conta uma criciumense, que preferiu não se identificar, à reportagem.

Cartaz em escritório de Verona pede distância de um
metro entre as pessoas e apenas um atendimento por vez

O relato retrata a situação na Itália: a divisão entre quem tenta manter a tranquilidade e as pessoas que acabam caindo ao pânico da nova epidemia. O programa de contenção do vírus altera os trabalhos e o funcionamento dos mercados. Em Milão, por exemplo, a estudante Júlia Lodetti aponta que só cinco pessoas podem entrar simultaneamente para fazer compras. 

"Tá tudo fechado ou com horários reduzidos até 3 de abril. Nos mercados eles controlam para as pessoas ficarem pelo menos dois metros de distância umas das outras. Isso é mais pra controlar porque já não tem mais espaço nos hospitais ou suprimentos/máscaras de oxigênio para tantas pessoas", conta. 

Não há, até o momento, relato de falta de produtos básicos, com exceção das máscaras e álcool gel. A situação mais crítica está nos hospitais, que "segundo contam, a maioria está superlotado", diz Júlia. As autoridades aconselham as pessoas a ficarem em casa e que saiam apenas para o essencial. "Muita gente está trabalhando de casa, mas quem não consegue, ainda pode pegar o transporte coletivo, que funciona normalmente", aponta.

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