Quantas voltas a vida pode dar para lhe colocar no lugar e no momento que você realmente deveria estar? No caso da dona Lucenir e do seu Severino foram muitas. Eles são irmãos por parte de pai, mas não se conheciam. Foi necessário que ambos estivessem na mesma cidade e no mesmo quarto de hospital, neste mês, para que o encontro finalmente acontecesse. Parece coisa de novela, mas é a vida real e suas reviravoltas.
Natural de Araranguá, Lucenir Maria da Silva tem 56 anos e é comerciante. Agora moradora de Balneário Arroio do Silva, ela veio ao Hospital Unimed Criciúma como acompanhante do marido, o administrador de empresa Valdelir Cesconetto, de 59 anos. Ele passou por uma cirurgia e ocorreu tudo bem. A surpresa e emoção maior aconteceu quando o casal foi levado para a unidade de internação.
No quarto 108 já havia um paciente, o funcionário público aposentado Severino Estevam, de 68 anos, em recuperação pós-UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Também nascido em Araranguá e acompanhado da esposa, a comerciante Jucelia Estevam, de 65 anos, ele foi conversando com os recém-chegados e começaram as coincidências.
"O meu marido e ele (Severino) comentaram onde moravam, onde cresceram, coincidiu que todos nós éramos de Araranguá. Falaram da Praia da Caçamba, no Arroio do Silva, da Lagoa do Caverá, que é onde a minha família morava, e todos esses lugares o Severino conhecia também. Foi quando falei 'eu sou filha do Pedro Miguel, você conhece?'", conta Lucenir.
Com a cortina que divide o quarto ainda fechada, seu Severino gelou e fez sinal para a esposa não falar nada, mas, ciente da história de vida do marido, ela não resistiu e deu uma ajudinha para aproximar a família. "Primeiro fiquei quieta, muito surpresa, mas depois resolvi falar: 'então vem aqui, esse é teu irmão, filho de Pedro Miguel também'. Eu precisava aproveitar essa oportunidade", lembra Jucelia.
Nesse momento, Lucenir foi até a cama de Severino, pegou nas mãos dele e, muito emocionados, eles se abraçaram pela primeira vez em 56 anos – idade dela, que é a caçula dos seis irmãos.
"Se fosse para definir esse momento, seria dádiva de Deus. Sempre soubemos que tínhamos um irmão, mas a gente não podia se aproximar, era coisa de família, mas a gente sempre se perguntava como ele estava, como tinha sido criado. Tinham me falado até que ele já havia falecido, então o sentimento é de muita felicidade em saber que ele está vivo, que tem uma família maravilhosa e que agora é nossa família", comenta Lucenir.
Também entre lágrimas, seu Severino descreve o momento do encontro. "Ela veio até mim e me abraçou. É uma sensação gostosa, é como uma joia que tu tinha perdido e achou. Eu ganhei um presente, é muito bom", enaltece.
Ressignificando o passado
Seu Severino perdeu a avó materna ainda na infância e sua mãe faleceu quando ele tinha 22 anos, então passou a viver sozinho muito cedo. Depois, formou uma família ao lado de Jucelia, com quem tem duas filhas, mas a esposa afirma que ele sempre se sentiu muito só.
Fruto de um outro relacionamento do pai (já falecido), o aposentado chegou a conhecer os tios, a avó paterna e também sabia sobre os irmãos, porém, preferiu manter-se distante para, nas palavras dele, não interferir na outra família.
"A história é um pouco complicada, mas sempre pensei que, se fosse da vontade de Deus e deles, um dia a gente poderia se encontrar e eu ficaria muito feliz, até que realmente aconteceu isso aqui no hospital. Agora quem imagina? Uma cidade desse tamanho, a gente cair no mesmo hospital, no mesmo quarto, no mesmo momento, isso é divino, vai além da coincidência", declara o paciente.
O presidente do Grupo Unimed Criciúma, Leandro Avany Nunes, destaca que "o ambiente hospitalar é algo intrigante. Algumas pessoas ficam apreensivas, o que é normal, mas ele também pode proporcionar momentos emocionantes, de superação, alegria e histórias surpreendentes, como essa dos irmãos. O Hospital Unimed Criciúma foi apenas o início desse encontro. Que agora eles tenham muita saúde para aproveitar os ótimos momentos que virão".
Os planos para o futuro
A família inteira já está sabendo da novidade e eles fazem planos para o futuro: conhecer os outros irmãos, os sobrinhos e sobrinhas, passear juntos, visitar a antiga casa do pai, até fazer um churrasco entre cunhados. "É um momento de muita surpresa e muita alegria. Que a partir de agora seja um recomeço, tanto é o desejo do seu Severino, como da minha esposa e dos demais irmãos, que eles possam aproveitar esse momento e integrar toda a família", ressalta Valdelir.
Enquanto isso, Severino brinca que foi melhor do que ganhar na loteria. "Estou com 68 anos, imagina no finalzinho da vida ganhar um presente desses. Agora, o que se aproximar para mim eu vou abraçar, não só com os braços, mas com a alma, afinal de contas, ganhei uma nova família", finaliza o aposentado.
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Colaboração: Vanessa Amando | Assessoria de Imprensa Unimed Criciúma