Após quase 16 horas de julgamento, mãe e filho foram condenados, em júri popular na madrugada desta sexta-feira (11), pelo assassinato de Edson Rosa da Silva, 43 anos, em Criciúma. A vítima, que foi morta com 24 facadas, no dia 01 de novembro de 2022, no bairro Colonial, era respectivamente o ex-marido e pai dos acusados. Por motivo torpe, por uso de meio cruel e por emboscada, a ex-esposa, de 43 anos, foi sentenciada a uma pena de 18 anos em regime fechado e o filho, de 21 anos, por homicídio por motivo torpe, por uso de meio cruel e traição, a 16 anos. A acusação, segundo a advogada Aline Marques, vai recorrer pedindo o aumento da pena. "Pelo elevado grau de culpabilidade e porque alteraram várias provas, além de influenciarem no depoimento das testemunhas", afirmou. Entre os argumentos de acusação estão a motivação por benefícios financeiros, envolvendo a quitação do financiamento da casa.
O filho pegou uma sentença menor, porque à epoca do crime não tinha 21 anos. O julgamento foi acompanhado pelos familiares, amigos, além de ex-colegas da vítima que era motorista de uma empresa cerâmica da região. O filho cumprirá pena no Presídio Santa Augusta e a ex-esposa seguirá no presídio feminino de Florianópolis. Foram ouvidas cinco testemunhas de acusação e seis de defesa. O caso foi conduzido pela promotora Greice Chiamulera Cristianetti.
O crime:
Na época, segundo informações da Polícia Militar (PM), o filho da vítima disse aos policiais que o pai havia saído da residência havia cerca de um mês e que enquanto ele estava com sua esposa na residência, o pai retornou ao local para buscar alguns documentos que estavam na casa.
Ainda no depoimento aos policiais militares, ele contou que o pai puxou um canivete para tentar agredir a mãe, sendo esse o momento que Edson teria dado um golpe em sua mão esquerda, mas ele conseguiu aplicar um “mata-leão” no pai. Após isso, ele foi ao hospital para tratar o ferimento.
A ex-esposa na época relatou uma versão diferente a PM, alegando que o filho havia sido acertado por Edson com uma faca, e que ele teria conseguido tirar a arma da vítima e ele realizou diversas facadas no marido. O corpo da vítima foi encontrada dentro da residência por policiais militares.
Conforme informações do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) os dois foram presos no dia do assassinato, e apesar de terem sido liberados na audiência de custódia, voltaram a ser detidos em maio do ano seguinte, seis meses após o crime. O pedido de prisão realizado pela Polícia Civil foi atendido pela Justiça após manifestação favorável do MPSC. Além disso, segundo o MPSC, houve indícios que os denunciados teriam influenciado no depoimento de uma testemunha que presenciou a ocorrência. O titular da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Criciúma, Promotor de Justiça Marcus Vinicius de Faria Ribeiro, ofereceu a denúncia contra os acusados pelo crime de homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, meio cruel e traição. A motivação do possível homicídio, conforme o MPSC, é que o homicídio teria acontecido porque ambos queriam se beneficiar financeiramente, por meio de uma cobertura de um financiamento do imóvel, além da ex-esposa querer se beneficiar por uma pensão pela morte.
O que argumentou a defesa:
Segundo um dos advogados dos réus, Wagner Corrêa, o que aconteceu no dia foi uma legítima defesa do filho de Edson. “A vítima foi para cima da nossa cliente, o filho tentou separar sendo atingido por uma facada na mão, a mãe acreditando que Edson tinha matado ele, desferiu umas facadas nele para tentar se defender e defender o filho, temos testemunha ocular desta situação”, explicou o advogado.
No julgamento, a defesa agumentu que as facadas vieram apenas da ex-esposa de Edson e que ela sofreu violência física, psicologia e moral da vítima. Ele também discordou sobre a alegação do crime ter sido premeditado. “Quem que planeja um crime sendo que ocorreu na casa deles e como eles tirariam o corpo da casa se nem carro eles possuíam? A casa onde aconteceu o fato é cercada de vizinhos, o crime aconteceu o durante o dia, que planejamento é esse que ocorreu em um lugar cheio de gente, na casa, e sequer tinha carro para levar o corpo”, questionou Corrêa.
O advogado de defesa também discorda da acusação do beneficiamento financeiro. “O terreno já pertencia ao pai da ex-esposa e deu para ela de presente quando casou, e tinha uma casa, só que resolveram ampliar. Eles viviam em união estável há 19 anos, então qualquer divida que tivesse também seria repartido em eventual divórcio entre os dois”, comentou Corrêa.
A defesa:
A advogada Aline Marques, reforçou que a vítima foi imobilizada pelo filho e atacada pela esposa. “A brutalidade foi tanta, que a faca usada no crime quebrou. O laudo também aponta que o filho deve ter desferido facadas também, pois foram usados uma faca e um canivete, além disso ele tinha um ferimento no dedo, que pode ter sido atingido no momento em que a mãe desferia as facadas”, destacou.