A disparidade salarial, resultante do machismo ainda instalado na sociedade, continua sendo uma realidade no Brasil. Ela é evidente, principalmente, no setor empresarial: além das mulheres ocuparem significamente menos cargos de administração nas empresas, elas recebem um salário médio 25% mais baixo do que os homens.
A diversidade e os impactos financeiros causados pela discriminação foi o tema da palestra de Carmela Borst, Head de Marketing para a América Latina na Infor, na quarta edição da Expomais, em Criciúma. "O foco é na diversidade, o impacto e o legado que isso causa. Quero também passar para as mulheres que ocupam cargos que podem fazer a diferença dentro das organizações, que é o que elas devem saber. Devolver à sociedade as oportunidades que se tem", falou Carmela à reportagem.
A questão, segundo Carmela, não é apenas na diversidade. A disparidade salarial causa sérios impactos econômicos. Pesquisas de fundações, como a Locomotiva, citada por Carmela, apontam nesse sentido.
"Se equiparassem o salário no Brasil, injetaria cerca de R$ 450 bilhões de reais na nossa economia, o que poderia erradicar a pobreza. Então é uma questão muito maior do que a diversidade, pois trata da economia de maneira muito forte”, explica Carmela.
Diferença social
Uma reportagem da BBC Brasil do começo deste ano pontua as diferenças entre homens e mulheres na sociedade: a igualdade avança em passos lentos e as mulheres continuam recebendo menos oportunidades no mercado de trabalho, ocupam menos cargos gerenciais e políticos e têm participação na indústria de tecnologia ainda irrisória. Veja as principais discrepâncias:
- As mulheres trabalham em média três horas por semana a mais do que os homens (somando-se trabalho remunerado, atividades domésticas e cuidados com outras pessoas), mas ganham apenas dois terços (76%) do rendimento deles. Dados do IBGE
- Nas ocupações que exigem nível superior completo ou mais, a diferença salarial é ainda maior: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016
- Levantamento do Fórum Econômico Mundial indica que o Brasil está em 95º no ranking de igualdade de gênero: "o abismo entre gêneros está em seu maior nível desde 2011"
- O salário das mulheres brasileiras com filhos é, em média, 35% menor que o das que não têm filhos
- Em 2016, as mulheres cumpriam 18 horas semanais de trabalhos domésticos ou a cuidados com pessoas, contra 10,5 horas dos homens, dificultando as mulheres na busca por emprego em horário integral