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É turismo de primeira!

Montanhas, cachoeiras e verdadeiras paisagens de cinema, em uma Santa Catarina que também brilha longe das famosas praias

Francine Ferreira / Toda Sexta Bom Jardim da Serra, SC, 13/10/2020 - 15:05 Atualizado em 21/10/2021 - 17:42
Fotos: Guilherme Hahn / Toda Sexta / Especial / 4oito
Fotos: Guilherme Hahn / Toda Sexta / Especial / 4oito

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A revista e jornal Toda Sexta percorreu, em sua edição 002, mais caminhos da Serra catarinense. Na abordagem anterior, as obras que vão garantir segurança a quem trafega pela SC-390. Desta vez, a reportagem expôs os caminhos para os turistas, sejam nativos, sejam os que vieram de longe, caso do grupo de motociclistas do Mato Grosso do Sul que se encantou com as encostas entre Bom Jardim da Serra e Lauro Müller. E Toda Sexta foi até São Joaquim. A reportagem é da jornalista Francine Ferreira com o repórter fotográfico Guilherme Hahn, conteúdo que o 4oito reproduz abaixo. Confira:

Para quem vem pelo Sul catarinense e tem como destino os picos mais altos do Estado – distante das famosas praias paradisíacas do litoral –, o próprio caminho já se torna parte de um roteiro turístico que poderia, muito bem, ser retirado de histórias retratadas em filmes nos cinemas. A subida pelos 24 quilômetros da Serra do Rio do Rastro, retorcidos em 284 curvas que vão de Lauro Müller a Bom Jardim da Serra, dá um show à parte. 

E as belezas não se esgotam por ali. O verde vale de mata fechada, com seus paredões rochosos imensos, é início de uma viagem encantadora. Um percurso que, no fim da subida, recebe os visitantes em um mirante com vista espetacular e recepção amigável de dezenas de quatis que por ali vivem. 

O que fazer, então? Opções, definitivamente, não faltam, em uma região onde o ecoturismo, com o passar dos anos, tem se desenvolvido fortemente e ganhado cada vez mais força. 

Na Serra catarinense, inclusive, turistas aventureiros conseguem chegar ao ponto mais alto do Estado, o Morro da Boa Vista, com seus 1.824 metros e um mirante de tirar o fôlego, onde os visitantes podem apreciar vales, montanhas e planícies que se perdem no horizonte.

Na região, ainda é possível conhecer a Serra do Corvo Branco, uma estrada sinuosa com curvas que chegam a 180 graus; o Morro da Igreja, onde se encontra a deslumbrante Pedra Furada; a Cascata Véu da Noiva, que possui quedas d’água de até 60 metros e um paredão inclinado que lembra mesmo um véu; o exuberante Cânion do Funil e a gigante Cachoeira do Avencal, de 100 metros de altura, além dos pitorescos centros históricos, charmosos e aconchegantes, de cidades que abrem seus braços para bem receber.

Um ponto turístico nacional

Se der sorte, ao chegar ao mirante no topo da Serra do Rio do Rastro o turista poderá ser recepcionado por dezenas de quatis, que fazem da mata nos arredores suas casas. Um ambiente acolhedor, com seus restaurantes e lojinhas de souvenires que atraem visitantes de todos os cantos do país.

Como no caso de um grupo de motociclistas do Mato Grosso do Sul, que criou a expedição “Serra do Rio do Rastro” e viajou durante dois dias, percorrendo 1,5 mil quilômetros, para prestigiar as belezas serranas de Santa Catarina.

Manfredo Barbosa, que integra o grupo, conta que a expedição sobre duas rodas era um sonho dele e dos amigos. “Todo motociclista quer vir de moto para a Serra do Rio do Rastro. Eu já havia vindo de carro antes, mas dessa vez juntamos um grupo de Sidrolândia, Campo Grande e Dourados e decidimos embarcar nessa aventura”, completa.

Amante do motociclismo desde os 13 anos, Manfredo finalmente conseguiu, aos 56, realizar o desejo de se desafiar em um percurso. Antes, nunca havia feito uma viagem de mais de mil quilômetros. 

“Sempre viajo com a minha esposa, mas dessa vez vim sozinho para testar e ver se eu conseguiria. Consegui, e achei excelente. Sempre falo que, de carro, você vê a paisagem, mas de moto, você faz parte dela. Pegamos chuva e frio na estrada, saímos do Mato Grosso do Sul com os termômetros marcando 40 graus e chegamos em São Joaquim com nove graus. E de moto a gente sente tudo: o frio, a chuva, o vento, é uma viagem totalmente diferente”, avalia.

E o que se sente, na conclusão da jornada, não poderia ser diferente. “É tudo que imaginávamos e o sentimento maior é de gratidão a Deus, por ter criado tudo isso e nos proporcionado esse momento, só temos a agradecer. Nas fotos, a serra é muito linda, mas ao vivo, ela é maravilhosa. Pretendo voltar e trazer minha esposa para sentir o que estamos sentindo, estou verdadeiramente maravilhado”, acrescenta o motociclista.

Lugar de belezas e de muito trabalho

Turistas procuram cada vez mais a Serra catarinense e, com isso, a economia local também se desenvolve. Alguns estabelecimentos vão, aos poucos, se fixando ao longo dos anos para, compartilhando com a beleza natural, oferecer serviços, dando comodidade aos momentos dos turistas. Há 11 anos em funcionamento no Mirante da Serra do Rio do Rastro, o Café e Restaurante Mensageiros da Montanha se tornou um dos rostos desse desenvolvimento. 

E, ainda que inúmeras dificuldades tenham sido impostas neste ano, como a pandemia do novo coronavírus e o bloqueio da SC-390 – rodovia que percorre a Serra do Rio do Rastro – para as obras de contenção, o estabelecimento permanece firme e forte em seu objetivo de recepcionar, de forma amigável e cortês, e com uma comida de dar água na boca, quem por ali passar.

Conforme o gerente Gustavo Bettu, o turismo na Serra catarinense vinha em uma crescente de larga escala. “A região está caindo na graça dos turistas e, com isso, se estruturando cada dia mais. Hoje está muito melhor do que era há dois, três anos”, exemplifica.

Para o Mensageiros da Montanha, o início de 2020 vinha sendo o melhor primeiro trimestre da história do restaurante, até que a pandemia tornou necessário o fechamento das portas para contenção da propagação do vírus. Foram 51 dias sem funcionamento por conta das determinações publicadas em decreto.

Já com a permissão para retomada dos atendimentos, hoje o restaurante funciona todos os dias da semana e recepciona seus clientes com todas as regras de segurança: álcool gel, aferição de temperatura e tapete sanitizante logo na entrada. 
Só que, atualmente, o novo desafio a ser superado é o impacto econômico causado pelas obras na Serra do Rio do Rastro, que tem mantido o trânsito da via bloqueado das 8h às 18h de segunda a sexta-feira, e das 8h às 13h aos sábados. 

“Entendemos que a Serra precisa de cuidados e se vai ser feita toda essa estruturação para que não tenha mais problemas, é sempre bom. Depois que tudo terminar, provavelmente a pandemia vai estar controlada e a Serra vai estar 100%, as pessoas vão ter segurança para passar nela. Então a expectativa é maravilhosa, eu acredito que de 2021 e 2022 em diante, vamos ter uma condição muito melhor”, ressalta Bettu.

Novas vocações

Apesar de a alta temporada na região serrana ser durante o inverno, não é apenas na estação mais fria do ano que a Serra catarinense registra intensa movimentação. De acordo com o gerente do Mensageiros da Montanha, no verão muita gente também tem passado pelo Mirante da Serra do Rio do Rastro, pelo fato de o local ser rota de passagem para o litoral. 

“Todas as pessoas que vem do Oeste de Santa Catarina e de uma parte do Rio Grande do Sul, com destino às praias do Sul catarinense, passam por aqui, e como é um ponto turístico, torna-se inevitável que parem para prestigiar”, explica.

Além disso, a Serra tem sido palco de diversos eventos esportivos. “Nos meses de menor movimento, temos desafios de ciclismo e maratonas, o pessoal que vem pedalar, correr, fazer trekking. Hoje podemos dizer que o esporte escolheu a Serra, o que é muito bacana, tendo em vista que nos dá projeções bastante positivas e faz com que tenhamos em mente que 2021 não terá como ser um ano ruim”, analisa Bettu.

Brindar ao sabor de bons vinhos

No Brasil, não é apenas o Rio Grande do Sul que produz bons vinhos. Pelo seu clima frio, a Serra catarinense tem despontado, também, como berço de inúmeras vinícolas de alta qualidade. Como no caso da Villa Francioni, com seus enormes vinhedos localizados na zona rural de São Joaquim.

De acordo com a coordenadora de varejo da vinícola, Cryslei Padilha, mesmo com a pandemia, muitas pessoas tem aproveitado a oportunidade para conhecer lugares mais isolados, no interior, como a Villa Francioni. “Não é à toa que temos recebido mais catarinenses, além de inúmeros visitantes de outros estados, como do Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo. É que além dos nossos vinhos, temos o diferencial das visitações, em que cada modalidade oferece uma degustação diferenciada”, reforça.

Moradora de Imbituba, no litoral, a fisioterapeuta Tatiane de Almeida é um dos exemplos de quem opta por conhecer as vinícolas em passeios pela Serra catarinense. “Gosto muito de montanhas e adoro vinho, então quando soubemos desse espaço, eu e meu marido decidimos prestigiar”, relata.

Em um cenário que recepciona, cada estabelecimento contribui para o desenvolvimento do setor turístico e, consequentemente, da economia da região. “Se formos parar para analisar, a Serra está crescendo muito mais por conta do turismo, e não só nas vinícolas, mas em tudo que o turista movimenta. Agora as pessoas não vem buscar só o vinho, porque existem várias posadas e restaurantes legais, e isso abrange tudo, quando você tem só uma coisa boa é difícil o visitante ir atrás, mas quando tem todo um sistema legal, consegue atrair cada vez mais pessoas, porque com todos trabalhando em conjunto, tudo cresce junto”, enaltece Cryslei.

A última visita de Tatiane à região havia sido em 2018 e, para a fisioterapeuta, já é possível perceber como tudo cresceu. “Eu acho que é isso que as pessoas vão buscar daqui para frente, esse turismo rural como uma opção mais restrita. Ainda há muito para se desenvolver, mas já é uma experiencia única”, finaliza.

Leia esse e outros conteúdos nas versões online de Toda Sexta.

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