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Educação Socioemocional nas escolas: o processo de formação e preparo para uma futura sociedade

As abordagens podem variar significativamente entre escolas públicas e privadas

Ana Maciel e Laura Silva Criciúma, SC, 10/07/2024 - 13:52 Atualizado em 10/07/2024 - 14:00
Foto: Divulgação
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A educação socioemocional é um processo que visa ao desenvolvimento de competências emocionais e sociais, como autoconhecimento, autocontrole, empatia, habilidades de relacionamento e tomada de decisões responsáveis. No contexto escolar, ela é essencial porque prepara os alunos para lidar com desafios pessoais e interpessoais, promovendo um ambiente mais saudável e propício ao aprendizado. 

De acordo com a Base Nacional Curricular, desde 2020 é obrigatório que todas as escolas públicas ou privadas do Brasil tenham no currículo escolar a disciplina de educação socioemocional. Nas escolas em geral a inserção da matéria de educação socioemocional desempenha um papel fundamental na promoção de relacionamentos saudáveis e na construção de comunidades mais solidárias.

“Sua eficácia não pode ser alcançada de forma isolada, ela depende de mudanças estruturais e funcionais profundas que envolvem toda a comunidade escolar – desde a escola e seus métodos, passando pelos professores, alunos, famílias e a sociedade como um todo”, afirma João André Rodrigues, psicoterapeuta de orientação gestáltica. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que a educação é um dever tanto da família quanto do Estado, enfatizando a responsabilidade compartilhada na formação integral dos cidadãos. De acordo com a legislação, a família tem o papel fundamental de iniciar o processo educacional, cultivando valores, normas e comportamentos essenciais desde a primeira infância. 

“O objetivo das aulas da educação socioemocional é tratar o emocional das crianças, trazendo uma sanidade no meio da turbulência, uma saúde emocional para que eles possam lidar com as adversidades que a vida normalmente tem”, comenta a professora de ensino religioso, Dila Maciel.

Diferença entre educação socioemocional no ensino público e privado

A educação socioemocional tornou-se uma parte cada vez mais reconhecida e valorizada do processo educacional do Brasil. No entanto, as abordagens para promover o desenvolvimento socioemocional podem variar significativamente entre escolas públicas e privadas. 

Uma das diferenças mais marcantes entre as escolas públicas e privadas é a disponibilidade de recursos financeiros e infraestrutura. Muitas escolas públicas enfrentam desafios financeiros e de infraestrutura, o que pode limitar sua capacidade de implementar programas abrangentes de educação socioemocional.

A educadora de ensino religioso na rede municipal de ensino de Araranguá, Dila Maciel, é um exemplo de profissional que implementa a educação socioemocional na grade curricular do município. “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é uma sugestão de assuntos direcionados à criança. Então, a gente faz tudo dentro de um padrão, adaptando a realidade do aluno em relação à cultura que ele tem, tendo esse olhar de como é que ele está vivendo e transformando isso em um material rico para ajudar ele na questão socioemocional”. 

Embora existam diferenças significativas na forma como a educação socioemocional é abordada nas escolas públicas e privadas no Brasil, é importante reconhecer que ambas desempenham um papel crucial no desenvolvimento dos alunos. 

“Nas aulas dialogadas que são muito importantes na educação socioemocional, aprendemos a ouvir o aluno, ensiná-lo também a escutar quando é necessário, aprender a falar, através de dinâmicas com histórias reais", afirma o professor de geografia e aplicador da educação socioemocional na rede privada em Araranguá, Eder Vieira. 

Enquanto as escolas privadas possuem mais recursos para investir na área da educação socioemocional, as escolas públicas desempenham um papel vital na promoção da equidade e da inclusão, garantindo que todos os alunos, independentemente de sua origem socioeconômica, tenham acesso a uma educação de qualidade. 

"Uma das minhas metodologias é aplicar a minha vida em sala de aula, aquilo que aconteceu comigo. Eu sempre tenho esse posicionamento de que aconteceu comigo e deu certo, então pode dar certo com você também”, conclui Vieira.

Necessidade da educação socioemocional para alunos que não tiveram acesso à disciplina

A educação vai além de ensinar matemática, ciências e leitura. Uma área que ganha cada vez mais atenção é a educação socioemocional, um componente essencial que ajuda os estudantes a desenvolver habilidades como empatia, autoconhecimento, gestão de emoções e habilidades sociais. Muitos alunos, especialmente em áreas desfavorecidas, não têm acesso a programas de educação socioemocional. Isso pode ser devido a uma série de fatores, incluindo falta de recursos, currículos sobrecarregados e a falta de formação adequada para professores.

"Hoje percebo o quanto a falta de educação socioemocional me afetou durante esses anos. Sempre me disseram que a escola era para aprender matemática, português, e essas coisas. Ninguém nunca me falou sobre como lidar com minhas emoções ou como lidar com os meus problemas. Quando comecei a enfrentar questões pessoais, como a pressão para entrar em uma faculdade, senti que estava sozinho. Eu não sabia como falar sobre o que estava sentindo. Muitas vezes me senti sobrecarregado e sem saber para onde correr", relata Ismael Pedroso, um ex-estudante que não teve acesso às disciplinas de educação socioemocional no ensino médio.

Segundo relatos dos acadêmicos, é crucial que escolas invistam em programas de educação socioemocional. Incluindo a capacitação de professores, a integração de Aprendizagem Socioemocional (SEL) no currículo escolar e o desenvolvimento de políticas que apoiem a saúde mental e emocional dos alunos.

O impacto da educação socioemocional na vida de estudantes do ensino médio

A inclusão da educação socioemocional no currículo escolar tem transformado a vida de estudantes do ensino médio. À medida que enfrentam as pressões dos vestibulares e a transição para a vida adulta, esses jovens relatam melhorias significativas no gerenciamento do estresse, na capacidade de resolver conflitos e na construção de relacionamentos saudáveis. 

Ao aprenderem a lidar com suas emoções e a desenvolver empatia, autocontrole e habilidades de relacionamento, os alunos ganham ferramentas valiosas para enfrentar situações de pressão e incerteza. Além disso, a educação socioemocional contribui para a melhoria do clima escolar, reduzindo casos de bullying e aumentando a cooperação entre os estudantes.

"A nossa escola não tem conflitos entre alunos. Quando têm conflitos, eles são resolvidos na hora. O bullying, por exemplo, a gente consegue resolver também em questão de diálogo. Temos muito trabalho sim, com a coordenação da escola. Uma determinada turma está trabalhando a questão de rótulos. A gente faz dinâmicas acerca disso. Rotular pessoas por algumas características e tudo isso a gente vê, assim, uma melhora bem positiva nesses anos que a gente trabalha", pontua o professor de geografia e aplicador do programa socioemocional Escola da Inteligência, Eder Vieira.

A estudante de fisioterapia Julia Conceição, que participou de aulas de educação socioemocional durante o ensino médio, afirmou que graças às aulas em questão a habilidade de gerir seu socioemocional não melhora apenas o desempenho acadêmico, mas também a prepara para enfrentar desafios da vida. 

"Em situações onde eu tenho que lidar com o meu próprio erro, onde eu tenho que esquecer aquilo que eu já cometi, o erro que eu já cometi, e focar em não errar a partir do presente momento, ter que continuar focado no trabalho e focado no que eu tenho que fazer, esquecendo todo o resto que já passou", relata Julia Conceição.

Por Ana Maciel e Laura Silva | Acadêmicos do curso de Jornalismo da UniSatc

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