Nascida em Porto Alegre e formada em Odontologia há quase 40 anos, Carmen Lygia possui uma grande e longa carreira na área da saúde, e acompanhou de perto e com os próprios olhos a melhoria do setor ao longo dos anos. Em Santa Catarina desde 1983, a odontóloga já passou pelas mais diversas unidades e empresas, mas mantém um forte amor pela saúde pública.
A profissional morou por sete anos em Lauro Müller, trabalhando no Sesi, Sindicato dos Mineiros e em um consultório próprio, até ser transferida para Criciúma em 1990 - onde passou a integrar também a prefeitura. “Quando cheguei em Criciúma as pessoas tinham pouca assistência em odontologia, porque eram poucas necessidades. Ainda era o sistema incremental em que íamos em kombis. A cadeira do dentista era uma maca, algo completamente rudimentar”, relembrou.
Na época, ainda não existia os trabalhos de odontologia feitos nas escolas, e as unidades de saúde começavam a surgir - mas ainda não eram capazes de atender toda a população. Segundo Carmen, as mudanças começaram com a reforma e o surgimento do Sistema Único de Saúde em 1988, com a expansão do programa feita pelo Ministério da Saúde e a construção de várias unidades.
Quando começamos a trabalhar os materiais não eram bons. Por mais que tu se esforçasse, não conseguia fazer aquela técnica com tanta qualidade, e hoje é incrível, temos tudo na saúde pública. Para ter uma ideia, o Centro de Especialidades Odontológicas está fazendo endodontia, que é com microscopia. Poucos dentistas em consultório particular hoje em dia tem esse recurso, e o SUS possui”, disse.
Apaixonada pela saúde como um todo, Carmen afirma que aqueles que trabalham na área precisam gostar de pessoas - porque é com elas que terão que lidar durante todos os atendimentos. A profissional destaca que não são somente as dores que são contadas aos médicos em consultórios, mas sim boa parte da vida - e que é preciso escutar.
“Tem que fazer um trabalho psicológico em cima da pessoa para que ela adquira o hábito que estás ensinando, aí sim tu ta fazendo saúde. Restaurar um dente, colocar uma prótese ou painel não é fazer saúde em si. Fazer saúde é fazer o paciente ver como ele pode melhorar”, comentou.
Durante sua carreira como odontóloga, Carmen nunca abandonou o salto e o jaleco para atender os seus pacientes - fossem eles nas minas, nas unidades públicas ou em seu próprio consultório particular. Para ela, todos os pacientes deveriam ser tratados bem e da mesma forma.
Odontóloga, mãe e esposa
Carmen veio para Santa Catarina sozinha, sem mãe, companheiro ou qualquer pessoa para ajudar. Quando chegou em Lauro Mûller, começou a trabalhar logo de cara em três turnos. “Quando começamos a trabalhar não temos como escolher apenas um turno. Ou você é profissional ou não é”, disse.
Com dois filhos já maiores de idade e formados em suas respectivas profissões, Lygia conciliava os turnos dos trabalho com a casa e a família. “Ter que conciliar dois filhos, trabalhando em três turnos, com casa e marido ao mesmo tempo não foi fácil. Mas a gente pode tudo, tem que fazer tudo que se propõe a fazer”, ressaltou.