Se depender do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), todos os mais de 20 mil alunos da Rede Municipal de Ensino estarão nas salas de aula a partir da próxima terça-feira, 1º. Ele já vem comentando o assunto nas últimas semanas e confirmou recentemente.
A informação também foi dada pelo secretário Municipal de Educação, Miri Dagostim. Nesta segunda-feira, 30, em uma entrevista coletiva, eles irão detalhar como o retorno irá funcionar. O assunto foi tema de uma reunião realizada na semana passada com gestores das unidades escolares e autoridades da administração municipal. Desde o início do ano, as aulas ocorrem de maneira híbrida, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Dagostim afirma que o alinhamento das aulas presenciais é um desejo de muitas pessoas. “Todos estão pedindo, a comunidade está pedindo, o corpo docente está pedindo. Fizemos uma grande reunião e ouvimos diretores de escolas e coordenadores, e sempre houve a colocação e de que a aula presencial é muito importante para o aprendizado do aluno”, ressaltou Miri.
Ao todo, Criciúma conta com 65 escolas municipais, onde estudam 20,3 mil alunos e trabalham mais de 2,3 mil colaboradores. O município, já nas últimas semanas, vem fazendo a busca ativa dos estudantes buscando convencer os pais e responsáveis para que haja o retorno presencial. “Estão sendo adequadas as salas, tudo de acordo com as normas sanitárias, afastamento das cadeiras. Foi um dia muito importante para a educação na nossa cidade”, declarou Miri.
Decretos do Estado
A volta totalmente presencial, no entanto, ainda está condicionada aos decretos do Governo de Santa Catarina. Primeiramente, é preciso que os alunos estejam com suas cadeiras espaçadas em 1,5 metro na sala de aula. Além disso, até o fim da pandemia de Covid-19, o retorno presencial é uma decisão dos pais e responsáveis - que ainda poderão optar pelo modelo híbrido ou a distância.
No dia 16 de maio, Clésio Salvaro levantou o assunto em vídeo postado em suas redes sociais. Na publicação o prefeito diz ter visitado todas as escolas e salas de aulas e se disse triste pela baixa presença dos alunos. "A partir do dia primeiro de junho, todas as crianças deverão ir para a escola. São escolas boas, bem acolhedoras, merenda escolar de qualidade, uniforme bonitinho e as professoras estão lá, está tudo certo", disse.
Outra solicitação de Salvaro é que seja obrigatório o canto do Hino Nacional e municipal todas as semanas nas escolas.
Sindicato dos servidores é contra
As declarações do prefeito e do secretário de Educação encontram resistência no sindicato dos servidores e pais que querem manter os filhos em casa durante a pandemia. "Tem a lei. Existe decreto estadual em vigor. Meus netos vão estudar em casa, como cidadã minha filha tem o direito de receber as aulas remotas dos meus netos em casa. Vai fazer o município cumprir o decreto estadual. A vontade do prefeito e secretário pode ser de irresponsabilidade, mas a lei ainda é responsável e protege aqueles que querem ter os filhos protegidos em casa", ressalta a presidente do sindicato, Jucélia Vargas.
Ela mantém postura crítica à gestão de pandemia da prefeitura. "Chamem psiquiatra para consultar o prefeito e o secretário. Eles não estão verificando o que está acontecendo. As pessoas estão morrendo de Covid-19, os hospitais lotados e a terceira onda está aí. Vão buscar solução na forma de distanciamento, proteção ou vão ser cúmplices das mortes?", questiona.
Segundo Jucélia, há falhas na fiscalização das aulas presenciais ofertadas, com a falta de cumprimento do distanciamento estabelecido, inclusive com fornecimento de máscaras adequadas insuficiente aos professores e funcionários das escolas. Jucélia cobrou medidas da secretaria de Educação que preze pela recuperação do aprendizado no período pós-pandemia. "É preciso construir um projeto político e pedagógico para o pós-pandemia, quando as escolas estiverem em plenas condições de atendimento e trabalho coletivo. Agora vai cantar o hino nacional e da cidade, quando o momento era para pensar no que fazer para reduzir as lágrimas das famílias que têm perdido gente por conta do Covid-19. É uma coisa desumana e de desrespeito", apontou a sindicalista.
Jucélia também criticou a manifestação de Salvaro que insinuou que os pais estão indo para o "boteco" e não estão mandando os filhos às aulas. "O prefeito faz um pronunciamento dizendo que os pais vão para o boteco e as crianças não vão para a escola. O prefeito já insinuou, no ano passado, em contaminação de uma determinada virose, que as mães não lavavam os filhos e não sabiam quem eram os pais. E agora chama por tabela os pais das crianças de bêbados. Não entendo o desejo do prefeito", finaliza.
O que pensam as mães
Integrantes do grupo "Lute Como Uma Mãe" também participaram da reunião da semana passada. Em nota, elas afirmam que ficou esclarecido que não são obrigadas a mandar os filhos para as escolas neste momento. "Estamos firmemente amparados por lei e que embora os diretores das escolas e a Secretaria de Educação vá fazer uma conversa com cada pai, aqueles que forem contrários ao retorno dos filhos à escola não serão obrigados a mandá-los, independente se possuírem ou não qualquer tipo de comorbidade. A coação ou ameaça de qualquer tipo por parte da secretaria ou de diretores escolares é ilegal e caso aconteça pode ser denunciada ao Ministério Público ou comunicada ao grupo Lute Como Uma Mãe", diz o comunicado.