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Fauna e flora em favor do sustentável

Meio ambiente respeitado, novas espécies que surgem e qualidade superior para os alimentos

Por Fagner Santos Morro da Fumaça, SC, 06/09/2018 - 07:46
Daniel Búrigo / A Tribuna
Daniel Búrigo / A Tribuna

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A rotina de Orivaldo Turossi começa cedo. Entre 5h e o por do sol, ele realiza tarefas agrícolas na propriedade que possui no Bairro Vila Rica, em Morro da Fumaça. São 20 hectares destinados a mais de 4 mil plantas frutíferas, com 14 hectares de áreas de preservação permanente, espécies de mata nativa e de reserva legal. Ao todo, a propriedade contabiliza mais de 60 variações frutíferas, obtidas através de técnicas de harmonização de plantio, colheita, adubagem e polinização. 

O segredo da grande variedade obtida depende da boa utilização dos recursos naturais disponíveis no local, por meio do manejo sustentável, além de sementes de qualidade, polinização e adubagem natural e o clima da região. “Temos um espaço muito interessante com uma harmonia única que oferece alta capacidade de colheita em um espaço menor se comparado à produção industrial”, apontou o produtor rural. A polinização, por exemplo, é realizada por 11 agentes diferentes, divididos entre espécies de insetos, pássaros e morcegos de alimentação frutífera. 

Como a propriedade é baseada na agricultura familiar, nem tudo o que é produzido acaba sendo vendido. “As seis variações de goiaba que cultivamos renderam 3 mil quilos este ano, mas apenas mil foram vendidos. O resto foi utilizado em consumo próprio, utilizado como adubo para melhores safras no futuro”, disse Turossi. 

Animais à vontade, produção em alta

Os animais também possuem espaço na propriedade do agricultor. Galinhas convivem no espaço de plantio, consumindo frutas que caem dos pés e garantindo a adubação natural do terreno. “Essa harmonia entre o que é plantado e os animais que adubam e polinizam a terra é o que garante bons rendimentos de plantio”, explicou. Resultado, a produção de ovos alcança 600 unidades diárias, incluindo uma variação de ovos azuis, possibilitada pela alimentação natural e a mixagem de espécies.

“Aqui priorizamos a qualidade dos produtos, mas a qualidade de vida no local permite também uma boa produção animal e vegetal. Conseguimos produzir 3 mil quilos de pitaia no ano passado e esperamos o aumento para 5 mil quilos este ano e um total de 10 mil quilos em 2019”, estimou o agricultor. 

Além das galinhas, dez bois são alimentados de forma natural para a revenda ao longo do ano, e mais um animal exclusivo para o consumo do agricultor e sua esposa, Brígida. “Eu compro os animais em janeiro, todos pesando em média 100kg, e, através da alimentação de qualidade, harmonia ambiental e liberdade que eles ganham, consigo revender cada um com o peso quadruplicado ao final de cada ano. A carne que consumimos também vem direto do animal, pois buscamos manter distância de alimentos industrializados”, afirmou Turossi. Os bois auxiliam na adubação natural dos mais de 300 pés de nougueira alocados na propriedade. 

Epagri, parceria garantida na pesquisa ambiental

Todo o trabalho de Orivaldo não seria possível sem o auxílio da Epagri de Urussanga. “Recebemos mais de 30 mil bespas do tipo trichogramma da Epagri de Urussanga, que foram colocadas na mata natural da propriedade e ajudam no controle de larvas que poderiam prejudicar as plantações”, contou. 

A Epagri também utiliza a propriedade para pesquisas de melhoria na qualidade de plantações, utilizando a simbiose entre uma planta frutífera e um pé de palmito. “A relação entre o palmito e as outras plantas é que ambos se beneficiam, absorvendo mais nutrientes do solo ao mesmo tempo em que nenhuma das duas bloqueia o recebimento de sol por parte da outra”, esclareceu Turossi. Das terras dele saem, também, alimentos para a merenda escolar da rede municipal de ensino de Morro da Fumaça.

O manejo sustentável utilizado por Turossi é um conceito que presume a inserção de carbono no solo de plantio, de maneira que facilite a produção de frutos e flores no local. “Essa inserção é realizada através de animais, como galinhas, cavalos e bois, além da realocação de plantas em decomposição”, explicou o agrônomo da Epagri, Darlan Rodrigo Marchese.

Outro conceito importante posto em prática na propriedade é a rotação de plantio, onde o agricultor deve alternar entre famílias e espécies de plantas, garantindo a renovação da flora local e dos insetos e animais atraídos por diferentes tipos de vegetação. “Isso inclui também o manejo da água disponível para as plantas e para os animais que realizam a adubagem, já que diferentes espécies possuem características e hábitos distintos de absorção de minerais e da água em si”, complementou o especialista.

O conhecimento que transforma o Brasil

No último dia 27, Orivaldo foi destaque no Jornal Nacional, da Rede Globo. Em 14 segundos, ele deu seu recado no quadro “O Brasil que eu quero”. Pediu atenção à saúde, educação e segurança e discursou contra a corrupção.

O agricultor garante que está fazendo a sua parte para um futuro melhor. Há alguns anos, Turossi recebeu uma multa ambiental de R$ 30 mil por extração ilegal de madeira, mas a situação foi mais benéfica do que prejudicial. “O processo correu sete anos na Justiça. Foi nesse tempo que resolvi aprender técnicas de cultivo sustentável para poder redimir meu erro com o meio ambiente e a sociedade, buscando fazer algo para mudar”, esclareceu. 

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