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Manifestantes saem em passeata pela democracia e contra o racismo

De acordo com a Polícia Militar, 150 pessoas estiveram no protesto contra o governo Jair Bolsonaro em Criciúma

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 07/06/2020 - 14:07 Atualizado em 07/06/2020 - 14:59
Fotos: Heitor Araujo
Fotos: Heitor Araujo

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Aproximadamente 150 pessoas fizeram um ato pró-democracia e contra o fascismo e o racismo em Criciúma. O encontro começou por volta das 9h em frente à rodoviária e marchou pela avenida Centenário, passou pela rua Rui Barbosa  e parou na Praça Nereu Ramos, retornando à rodoviária, com encerramento por volta das 12h30.

O protesto acontece em meio a manifestações contra o racismo em todo o mundo, iniciado após o assassinato de George Floyd por um policial no estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Em Criciúma reuniu grupos organizados estudantis, mas a maioria dos manifestantes estava ali de forma independente.

Durante a marcha pela Avenida Centenário, que contou com o apoio da Polícia Militar para trancar o trânsito, manifestantes portavam cartazes e entoavam cânticos anti fascista, contra o racismo, machismo e preconceito LGBT+, além de palavras contra o presidente Jair Bolsonaro. Também foram lembrados os assassinatos de Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro e ainda não solucionado pelas autoridades, além do menino João Pedro, morto por um tiro em ação militar em uma favela carioca. 

Douglas Santana, 20 anos, estudante de Geografia da Unesc, presidente do Centro Acadêmico do curso e embaixador da juventude brasileira da IYD Brasil, usou o microfone, aberto para o público, para puxar a passeata. À reportagem, ele falou sobre as bandeiras do manifesto. "Há muito tempo viemos passando por angústias e ficamos calados por causa da pandemia e do isolamento social, mas chegou a hora de se manifestar, nossa voz precisa ser ouvida. Vidas negras importam, nós existimos e resistimos", disse Douglas.

"Nos últimos três ou quatro domingo houve manifestações pró-governo, eles têm todo o direito, mas quando a gente levantou a voz para começar a falar, a gente sofreu vários tipos de ataque na nossa rede social que a galera criou para começar a engajar. Com comentários de ódio, de ameaças e tal. É difícil organizar esse tipo de manifesto (contra o governo) aqui em Criciúma, mas se torna possível porque a galera pega junto", concluiu. 

Antes de sair em marcha da rodoviária à Praça Nereu Ramos, a organização do ato conversou com a Polícia Militar, que falou sobre o apoio prestado à manifestação e reforçou o pedido para evitar depredações ou atos violentos. O protesto, que saiu por volta das 10h do ponto de partida, transcorreu de forma pacífica até o fim, quando os manifestantes retornaram à rodovária para a dispersão.

Guilherme de Jesus, 24 anos, estudante negro, falou sobre a pauta anti-racista, uma das mais fortes do movimento, consoante com a movimentação mundial. "O aumento da violência contra os negros faz a gente não conhecer a nossa própria história, não saber o valor e o respeito da nossa ancestralidade para ter uma visão mais profunda de superar as barreiras. A repressão policial é muito forte no Brasil e no mundo", disse.

De organização espontânea, o ato foi encorpado por movimentos sociais e teve ampliação de pautas. Além dos gritos pela democracia e contra o racismo, a luta contra o preconceito LGBT+ foi abordada. Luiz Antonio Rosso, 21 anos, professor da rede municipal, estudante da Unesc e integrante do grupo estudantil Rebeldia, falou sobre as bandeiras contra os preconceitos e contra o governo Jair Bolsonaro.

"Só é possível salvar vidas se tirar o Bolsonaro e o Mourão com essa política genocida. Aqui em Criciúma o prefeito vai liberar os ônibus na segunda-feira, enquanto aumentam os casos no Estado. O protesto é contra a LGBTfobia, racismo, machismo. O Brasil é o país que mais mata as pessoas trans, estamos na luta contra esse sistema que privilevia o lucro à vida dos humanos", manifestou-se Luiz.

Os protestos contra o governo Bolsonaro no Brasil em meio à pandemia começaram a partir de manifestações das torcidas organizadas dos clubes paulistas. Timidamente, o movimento antifa foi representado em Criciúma por torcedores do Tigre, do Flamengo, Corinthians e Athletico Paranaense, por meio de faixas, camisetas e até máscaras.

Ismael de Mattia, 29 anos, é marceneiro e torcedor do Tigre. Ele falou à reportagem sobre o futebol no engajamento social. "O futebol está sempre presente nas lutas anti-fascistas e racistas. O futebol é um lugar de todos, onde todos se encontram. Surgiu das arquibancadas a ação antifascista em Criciúma", disse. "Estamos unidos para combater o racismo e o fascimo que está saindo do armário no Brasil no momento", concluiu.

Na Praça Nereu Ramos, o microfone foi aberto ao público para discursos. Os manifestantes sentaram-se em círculo no meio da praça. Após as manifestações, em caminho de retorno à rodoviária, novamente sentaram-se, desta vez em silêncio e em meio ao cruzamento com a rua Anita Garibaldi, para dois minutos de silêncio em solidariedade às vidas negras perdidas em ações policias nos Estados Unidos e no Brasil. 

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