Surgiu a informação no final de semana de que três, dos agora nove casos confirmados do Covid-19 em Criciúma, atingiram profissionais da área da saúde. Um dos infectados foi o médico superintendente da Unimed, Rodrigo Scheidt. O médico especula ter contraído o vírus em um encontro de medicina em Concórdia* e permanece isolado em casa, com a família, desde a terça-feira da semana passada. Para Rodrigo, o mais difícil nesse período - que aproveita para curtir os filhos - é estar longe da linha de frente no hospital.
Scheidt concedeu uma entrevista ao Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior, nesta segunda-feira e falou sobre o próprio quadro clínico. "Passo bem, estou em casa isolado há uma semana. Estou bem, não há necessidade de procurar o hospital", afirmou. "Começou sem tosse, sem falta de ar e eu não tive isso em nenhum momento. Basicamente foi um quadro de dor de cabeça", acrescentou.
Os sintomas do coronavírus começaram a aparecer na última segunda-feira. "À noite eu tive uma febre baixa e depois dor no corpo muito intensa. Muito provavelmente adquiri nessa viagem a Concórdia, na quinta-feira (da semana retrasada)". De acordo com o blog Ney Lopes, outra médica com o Covid-19 também especula ter contraído o vírus neste mesmo encontro.
"Na segunda de manhã participei da reunião com a Unimed. Na terça de manhã coletei o exame, como trabalho diretamente com paciente, preferi coletar o exame na terça mesmo e me afastei. Estou recluso em casa desde então", acrescentou o médico. O exame positivo veio na última sexta-feira.
Rodrigo falou também sobre o período recluso em casa. O único contato que mantém é com os dois filhos pequenos e a mulher. "Eu durmo em quarto separado, uso louça e toalha isolados, somente para mim. O álcool gel é espalhado pela casa. Quando manejo algum alimento eu uso a máscara, estou usando-a desde que coletei o exame. O isolamento completo é muito difícil porque eu tenho dois filhos pequenos. Todos eles vão ficar 14 dias afastados", disse o médico.
Para Rodrigo, o mais difícil é manter-se afastado da medicina. "Não poder estar na frente de batalha ajudando o pessoal é o que nos deixa mais triste. Poder trabalhar junto no hospital, é uma coisa que a gente sente bastante". Em casa, a alternativa acaba sendo brincar com os filhos e dedicar-se à leitura.
"A gente tem que entender essa situação e aguardar que passe. A gente tenta ler alguma coisa, o whatsapp às vezes atrapalha mais do que ajuda. Busco bastante os livros e brincar com os filhos. A gente acaba curtindo a família", conclui.
A expectativa do médico é retornar ao trabalho no começo da semana que vem, respeitando o tempo de quarentena estipulado para os casos confirmados do Covid-19, caso não surjam novos sintomas.
*O setor de comunicação do município de Concórdia procurou a reportagem do 4oito e afirma que não tem nenhum caso confirmado de coronavírus, apenas uma suspeita e que não é de uma pessoa da área da Saúde. Foram feitos cinco exames no município e apenas um permanece sob suspeita; os outros quatro foram descartados.