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Nutricionista da Afasc fazia e fiscalizava os pedidos de carne

Conforme diretores da instituição, auditoria foi levantada para apontar erros de fiscalização

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 28/10/2019 - 18:39 Atualizado em 28/10/2019 - 19:54
Advogado Alexandre Barcelos João respondeu à maioria das perguntas
Advogado Alexandre Barcelos João respondeu à maioria das perguntas

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A diretoria da Afasc concedeu na tarde desta segunda-feira, 28, uma entrevista coletiva para elucidar alguns pontos sobre o suposto desvio de carnes da instituição. A investigação aponta para a possível participação da nutricionista da Afasc no caso. O contrato com o fornecedor de carne e a nutricionista que estaria envolvida foram suspensos por tempo indeterminado, até que se conclua o inquérito. A Afasc afirmou que abriu uma sindicância para apurar os possíveis erros internos.

A própria nutricionista era quem formulava a dieta das crianças, fazia os pedidos de carne e fiscalizava as entregas. A suspeita da polícia é de que uma tonelada de carne tenha sido desviada no mês passado, quantia não confirmada pela Afasc. A carne era entregue em 32 CEIs e os recibos eram assinados pelas próprias creches, quem enviavam à nutricionista. 

A Afasc afirmou também que não tem conhecimento do modus operandi da suspeita. Por mês, a instituição efetuava a compra de cerca de 2,5 toneladas de carne, em um valor de R$ 28 mil. Uma nova nutricionista já atua na Afasc e há um novo fornecedor de carne, que suprirá a demanda para o resto do ano. Confira os pontos respondidos pela Afasc na coletiva desta segunda-feira:

A denúncia

A Afasc confirmou que recebeu uma denúncia anônima sobre irregularidadas na compra de carne e imediatamente repassou à Polícia Civil, cerca de 15 antes do caso tornar-se público. 

“Tão logo tivemos a denúncia de irregularidade na distribuição de carnes, para utilização na merenda escolar, procuramos a Polícia Civil que iniciou o procedimento de investigação. No universo de aproximadamente 5 mil crianças, 32 CEIs, embora seja um quantitativo que assusta (a suspeita de uma tonelada), pelo volume de refeições que oferece, acaba sendo imperceptível. O encaminhamento da Afasc em relação às refeições são técnicos. A Afasc programava a atividade financeira de acordo com a projeção anual da nutricionista, que fazia os pedidos e conferia o recebimento de carnes e de todos os alimentos”, explicou o advogado Alexandre Barcelos João.

Auditoria

A avaliação da Afasc é de que houve sim falhas internas para o controle dos alimentos. Era a nutricionista quem fazia os pedidos e fiscalizava as entregas. Como medida preventiva, após as denúncias, a instituição cancelou os contratos da nutricionista e da empresa fornecedora. 

"Aguardamos a conclusão das investigações e suspendemos o contrato com o fornecedor e da nutricionista, até que se tenha o desfecho dos inquéritos e que tenhamos uma clareza sobre o que fazer. Implantamos uma auditoria externa. Tudo que é compra, recebimento, contratação, demissão, está ao crivo de uma auditoria externa. Em razão de ocorrer um fato que passou despercebido, nós contratamos uma tomada de contas especial, que vai fazer um levantamento quantitativo de todo o cardápio, fazendo a relação por criança, pra que a gente possa entender a distorção”, pontuou o advogado.

Será avaliado não apenas a compra e o consumo de carne, mas de todos os alimentos adquiridos e distribuídos às creches. A Afasc alega que a empresa contratada para o fornecimento de carne errou ao menos na entrega da carne, que estava prevista no contrato.

“A gente não pode falar sobre o modo de operação e nem fazer ilação do que aconteceu. O que a gente pode adiantar é que contratamos a compra da carne e a entrega e a entrega não estava sendo feita pela empresa Então ela tem culpa, a gente não sabe se culposa ou dolosa. A Afasc contratou e pagou pela entrega. O inquérito pode apurar que havia ou não havia combinação entre ambos", afirmou Alexandre Barcelos João.

Baseado na confiança

Essa foi a justificativa da Afasc para a situação da própria nutricionista, que trabalhava lá há 10 anos, fazer e fiscalizar os pedidos. "A nutricionista emitia a nota e a escola fazia o recebimento. Ela fazia a conciliação de tudo e conferia se tudo estava dentro. Cada escola recebia o quantitativo dentro do cardápio nutricional, que era técnico e sem questionamentos. O erro é: quem comprava, controlava. O que pode ter havido é que na hora de fazer o quantitativo, se colocava a mais em alguma coisa e no modo geral ficava imperceptível”, argumenta o advogado.

A explicação para ser imperceptível é de que em nenhum momento houve alteração no valor da compra das carnes, em contrato vigente desde fevereiro: preço mensal era de R$ 28 mil. “O motivo da tomada de contas especiais vai nos permitir detectar os pontos falhos, que existem. Quem se propõe a corrigir algo, tem que admitir de que havia falha”, pondera.

A Afasc afirma ainda que, caso comprovada a irregularidade, irá procurar ressarcimento se for provado e ajudará a promover todas as medidas criminais necessárias, seja quantos forem os envolvidos. 

De onde saía a carne?

É a resposta que, até agora, ninguém conseguiu responder. A Afasc limita-se a dizer que não houve perda às crianças. Também diz que não notou alterações nos pedidos de carne, que cumpriam um planejamento anual de acordo com a dieta prescrita pela nutricionista.

Essa situação, provavelmente, será respondida apenas quando concluído o inquérito policial. De acordo com o delegado Túlio Falcão, que investiga o caso, apenas no mês passado foram desviadas uma tonelada de carne. “Os indícios apontam que esse desvio vem desde novembro do ano passado, mas não era com elementos tão voluptuosos como vem acontecendo agora. Uma tonelada foi desviada em outubro e uma tonelada seria desviada novamente em novembro”, contou o delegado em entrevista à Rádio Som Maior na semana passada.

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