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O Addo, a Capital do Carvão e o puxão de orelhas

O ex-prefeito que acompanhou de perto e a construção do Centro Cultural Jorge Zanatta

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 31/10/2018 - 11:05
Reprodução / Folha do Povo, 11 de junho de 1951
Reprodução / Folha do Povo, 11 de junho de 1951

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Certa vez, Ruy Hülse contou que, a seu favor, a campanha à prefeitura em 1965, por ele vencida, apresentou um plano de governo. Pela primeira vez um aspirante à cadeira de Marcos Rovaris carregava tal documento. Mas contra si, havia o marketing. Sim, o marketing. Aquela Criciúma dos anos 60 contava, em mais uma eleição, com talvez um dos primeiros políticos populares da sua história: Addo Caldas Faraco. Três vezes prefeito, entre os anos 40 e 50, ele tinha votos, e um slogan: “Como é bom ser bom”. Ele tinha essa fama, de bom coração, tanto que por isso às vezes falhava no necessário rigor das contas públicas. Longe de improbidades, claro.

E o Addo era bom de slogans mesmo. Em 48, poucos anos depois de chegado do Rio de Janeiro, de onde viera a serviço dos Correios, ele lascou um “Criciúma, Capital do Carvão”. De tanto insistir nele, pegou. A alcunha ganhou relevância nacional, tanta que é lembrada até os dias atuais, por mais que não se extraia carvão de nosso subsolo atualmente. Pegou. Digital do Addo. “Como é bom ser bom”, diziam dele, e nesse embalo o primeiro grande líder do PSD criciumense elegeu-se prefeito em 47 e de novo em 55. Antes, havia comandado Criciúma em 1945, por alguns meses, na tumultuada sucessão de Elias Angeloni, saído com a queda de Getúlio Vargas e seus interventores Brasil afora.

Addo já estava em Criciúma quando aquele prédio que prometia ser imponente, de paredes sólidas e muito capricho material, nascia na Coronel Pedro Benedet, a rua que ligava Urussanga à praça Nereu Ramos. Do alto de uma sutil colina, brotava a edificação em um cenário ainda deserto, de uma vizinhança retoma e rural, que viria a urbanizar-se nos anos seguintes. A obra durou quase três anos. Às custas do Plano Nacional do Carvão, ligado ao Departamento Nacional de Produção Mineral, que ali instalaria uma sede com foco nos três estados do Sul.

E Addo, tinha o que a ver com isso? Tudo. Além de em seu breve primeiro mandato de prefeito ter visto concluída a imponente edificação em 45, foi ele certamente, ao lado do advogado José Pimentel, quem mais redigiu discursos, reportagens e artigos na defesa do carvão nacional, a grande meta inicial da nova edificação da Pedro Benedet. Ali operariam, como de fato operaram, as estratégias, os técnicos, a ciência que deveria caminhar par e passo a uma indústria que fazia Criciúma passar, com números vultosos e diariamente acrescidos, dos 50 mil habitantes. Marchava para, em duas décadas, se tornar a maior cidade do Sul. O prédio, portanto, empolgou Addo, seus muitos eleitores e correligionários e até os que diferente dele pensavam. Era um grande passo. Um progresso.

Em “Nosso progrésso”, assim mesmo, com acento agudo no “é”, Addo usava de privilegiado espaço na capa do extinto semanário Folha do Povo, edição de 11 de junho de 1951, para uma crítica à falta de bairrismo do criciumense. Dizia o político-cronista: “Assistindo todo o vertiginoso progresso de nossa Capital do Carvão, notamos a falta de alguma coisa. O que será? Vamos tentar procura-la entre nós. Talvez o encontremos ainda em estado de incubação. Não será a falta de bairrismo local?”. Pergunta inquietante, talvez até hoje não respondida. 

Publicação simultânea no Jornal A Tribuna e Rádio Som Maior.

Confira em áudio:

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