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O Criciúma no “desafio dos dez anos”

Em 2009, Tigre tinha contas atrasadas, Majestoso destelhado e um futebol quase de Série D

Por Lucas Renan Domingos Criciúma, SC, 22/01/2019 - 08:07
Em novembro daquele ano, tempestade levou parte da cobertura do Estádio Heriberto Hülse/Foto: Arquivo/A Tribuna
Em novembro daquele ano, tempestade levou parte da cobertura do Estádio Heriberto Hülse/Foto: Arquivo/A Tribuna

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Seguindo a febre do #10YearChallenge (“Desafio dos dez anos”, em tradução livre), brincadeira que acabou viralizando nas redes sociais nos últimos dias, o jornal A Tribuna resolveu entrar na onda e lembrar onde estava o Criciúma há dez anos. O retrospecto do Tigre remete ao ano de 2009, um período que, nas memórias do torcedor do Tricolor, faz recordar lembranças pouco agradáveis e que, com certeza, os carvoeiros não querem retornar a viver.

Apesar de viver aquele ano inteiro sem conquistar uma campanha de expressão, o episódio mais marcante da temporada aconteceu em novembro de 2009. Um vendaval que assustou a população criciumense, deixou estragos no Majestoso. “Levou parte do telhado do estádio. Aquela estrutura já estava precisando de melhorias, assim como vários outros locais do Heriberto Hülse”, lembra o vice-presidente de Patrimônio do Criciúma, Vilmar Casagrande, que exercia a mesma função no clube há dez anos atrás.

O fato ilustrou bem a dificuldade que o clube viveu no período. “A gestão em 2008 quis investir no time, gastou muito dinheiro. Trouxe o atacante Jardel e outros. Só que acabamos rebaixados para a Série C. Em 2009, ficou difícil ter patrocínios, o clube tinha dívidas. O dinheiro mal dava para comprar um saco de cimento”, compara Casagrande.

Até mesmo o dinheiro que era para ser utilizado na reforma da parte da cobertura que voou, não foi investido da maneira que deveria ter sido. “Recebemos R$ 70 mil de seguro, mas era tantas outras dívidas, que foram pagas outras contas e a questão do telhado ficou para depois”, reforça.

No futebol, um ano apático

Porém, antes do vendaval, o Criciúma já passava por um ano de resultados expressivos. Depois da campanha em 2008, quando o Tigre chegou a ir para às oitavas de final na Copa do Brasil, sonhava com o acesso para a Série A, o ano seguinte já começou complicado. Em dezembro de 2008, o Tricolor pagou salários e 13º atrasados e dispensou jogadores. Mesmo assim, conseguiu fazer um Campeonato Catarinense razoável naquele ano. Passou para o quadrangular final, mas ficou em último na segunda fase da competição.

“O clube já tinha vendido jogadores da base, como o lateral Patric, por exemplo, para fazer caixa e mais alguns atletas. Foi um ano muito duro”, comenta o vice-presidente de Patrimônio. Depois do estadual, o Tigre não conseguiu repetir o desempenho na Copa do Brasil que teve em 2008. Passou pelo Tupi-MG na primeira fase, caiu na segunda, eliminado pelo Náutico.

Um quase rebaixamento para a Série D

A campanha mais sofrida daquele 2009, foi o Campeonato Brasileiro. O Tricolor disputava a Série C, mas quase chegou ao fundo do poço e caiu para o Quarta Divisão do futebol nacional. Escapou em um jogo emblemático. No primeiro turno do Grupo 4, o Criciúma havia perdido para o Marcílio Dias, em casa, pelo placar de 4 a 1. Só que, desacreditado pela má campanha até aquele momento na competição, no returno, o Tigre venceu, em Itajaí, o mesmo Marcílio. Com gol marcante de Glaydson, aos 40 do segundo tempo.

Glaydson marcou importante gol para o Tigre na Série C, na vitória em cima do Marcílio Dias/Foto: Arquivo/A Tribuna

Esse resultado, mais tarde, garantiria a permanência do time na Série C do Campeonato Brasileiro. O calendário do futebol 2009 foi fechado com a Copa Santa Catarina. Campeonato que o Tigre resolveu participar pois não teria mais o que disputar naquele ano e para manter o time ativo. O desempenho foi até interessante, na classificação geral, um segundo lugar para o Criciúma, mas a competição levava a disputa do campeão do turno e do returno à final, que foram Joinville e Metropolitano, respectivamente.

A prova de que o ano foi ruim, é a quantidade de jogadores de passaram no elenco do Tricolor em 2009. Foram exatos 71 jogadores. Nomes como os goleiros Pedro Paulo e Passarela – ambos hoje no futebol amador -, o próprio meia Glaydson, os achados da base Henik e Lucca e os atacantes Ronaldo Capixaba, Kempes e Zulu foram nomes que jogaram no Heriberto Hülse na temporada.

Mais um ano no vermelho

Logicamente, ao fim do ano, a torcida carvoeira pressionou. Edson Búrigo, o Cascão, que era o presidente, não resistiu aos dois primeiros jogos do Campeonato Catarinense de 2010. Renunciou. Robson Izidro, hoje superintendente do Criciúma, assumiu o cargo de dirigente do Tricolor. “Pelo Estatuto do clube, como na época eu era o vice-presidente financeiro do Conselho Deliberativo, tive que ir”, relembra.

De imediato, iniciou um plano para recuperar o time. “Mais uma vez tentamos vender alguns jogadores. Conseguimos arrecadar pouco mais de R$ 300 mil. A situação era triste, eu cheguei a pagar conserto de banco do ônibus do Criciúma do meu próprio bolso”, afirma Izidro. Os valores do caixa não eram nada agradáveis. “Foram dois meses de salários atrasados, mais 13º pra pagar, passava de R$ 500 mil”, emenda o hoje superintendente.

Depois de um 2009 trágico, Antenor Angeloni retornou ao Criciúma para recuperar o time/Foto: Arquivo/A Tribuna

As contas, aos poucos iam se ajeitando, a passos lentos. “Era buscando gente pra ajudar de todos os lados”. Mas a missão maior era repatriar um presidente. “Quem estava comigo nesse objetivo era o Clementino Bolan. Na época ele trabalhava com o Antenor Angeloni e foi uma das pessoas que me ajudou a convencer o Antenor a voltar para o clube”, comenta.

Dali em diante o Tigre voltou a entrar nos trilhos. “Ele chegou e já depositou R$ 400 mil na conta do Criciúma para sanar as dívidas. Não investiu no futebol pro Campeonato Catarinense, mas foi um ano bem melhor, porque começou a se reerguer”, diz Izidro.

Investimentos de volta ao patrimônio

“Ele chegou e começou a investir. Arrumou o telhado, trocou iluminação, fiação do estádio arrumou os quartos de concentração, conseguiu erguer o Centro de Treinamentos”, recorda Casagrande. “Hoje estamos bem melhor. Se não fosse o Antenor Angeloni o time não teria acabado, mas não sei que campeonato estaria jogando, não sei nem se teria equipe para alguma divisão do Campeonato Brasileiro”, dispara.

Depois disso, o Criciúma subiu para a Série B em 2010. Passou dois anos na Segunda Divisão até conseguir o acesso para a Série A em 2012. Caiu novamente para a B em 2014, onde está até hoje tentando retornar a elite, porém com estádio conservado, Centro de Treinamentos referência no Brasil e com a perspectiva de um 2019, dez anos depois, longe de ser aquele 2009.

Heriberto Hülse hoje, dez anos depois de ter parte de sua cobertura destelhada por um vendaval/Foto: Daniel Búrigo/A Tribuna

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