"O futuro da comunicação pede autenticidade, pede verdade e esse é um caminho sem volta", afirmou a jornalista Mari Palma, ex-Rede Globo e atualmente uma das principais âncoras da CNN Brasil, que conversou e respondeu perguntas durante uma hora e meia. A palestra marcou o lançamento da Escola de Comunicação Criativa da UNESC, a ECoCria, na noite desta terça-feira (25). A ECoCria conta com três cursos, sendos dois bacharelados (Jornalismo e Publicidade e Propaganda) e um tecnólogo (Comunicação Digital). Eles funcionarão na modalidade semi-presencial e são ofertados nos Campus de Araranguá e de Criciúma.
O tema principal foi o futuro da comunicação e contou com a participação da Reitora da Unesc Luciane Ceretta, a Pró-Reitora, Profa Dra Indianara Reynaud Toreti, o Diretor de Ensino de Graduação, Prof Marcelo Feldhaus, e ambém de diversos comunicadores da região.
Para iniciar a conversa, a jornalista contou sua trajetória na área da comunicação. Demarcou a importância das experiências no período de faculdade para descobrir o que gosta e qual área atuar na comunicação. "A gente só descobre o nosso caminho quando sabe o que não quer fazer. A comunicação tem inúmeras oportunidades. Digital, TV, Rádio, Podcast, Foto. Você já tem diferentes meios de comunicação. Tirando os meios, você pode falar de economia, esporte, entretenimento, maternidade enfim, milhares de assuntos. Como você vai descobrir o que você quer falar e como você quer falar? É difícil demais, é muito difícil. As possibilidades são gigantescas.", disse a jornalista.
Trajetória no jornalismo
Na Rede Globo, onde ficou conhecida por apresentar o G1 em um Minuto entre outros, iniciou como estagiária em "videochat" em 2008. Foi lá que começou a conhecer o poder da internet e da interatividade, mediando perguntas aos ex-BBBs. "Ali naquele momento eu comecei a entender o que era interatividade na internet. Isso é super importante. Porque a gente estava acostumado a uma comunicação de um lado só. Somente ouvir. A internet trouxe o outro lado. Quando eu comecei a entender que o outro lado podia falar, podia questionar, podia perguntar. A gente pensou como usar isso da melhor maneira possível?", destacou a profissional.
Passou por outros setores, como repórter do G1, responsável pelo site do Bem-Estar, e chegou ao G1 em Um Minuto. Foi onde aprendeu que comunicação é mais abrangente do que a fala, que gestos, roupas, entre outros, também fazem parte. Com seu estilo mais descolado, de tênis e camisetas descontraídas, ela deu início ao piloto do G1 em Um Minuto, que marcou uma desconstrução do jornalismo e aproximou o público em um segundo momento.
"Nem eu sabia que existia uma demanda, uma lacuna para ser preenchida. As pessoas receberam muito bem o diferente e entenderam que dá para passar uma notícia de política, de economia, notícias sérias, muitas vezes notícias tristes e difíceis de um jeito diferente. Usando camiseta, piercing, tatuagem, e que isso não tira a credibilidade e muito menos a seriedade do que está sendo falado".
Com isso ela aprendeu que as pessoas querem se identificar com quem elas vêem comunicando, e elas só se identificam quando a gente é de verdade. "O futuro da comunicação pede autenticidade, pede verdade e esse é um caminho sem volta", concluiu Mari Palma.
Consumo de conteúdos diversificados
Na CNN, Mari Palma foi se desafiar de novo. Lá ela iniciou junto com a pandemia no dia 15 de março, o que intensificou o desafio, "Foram 3 meses no Live com sensação de 3 anos", constatou. Ela fortaleceu a importância de consumir conteúdos de diferentes fontes e de estar atento ao que acontece no mundo. E destacou o consumo de referências de conteúdos que não fazem parte do gosto pessoal, para expandir e conhecer outras ideias. "Consumir conteúdo é o primeiro passo para você ser produtor de conteúdo" afirmou, e complementou que todo mundo tem algo para ensinar.
Também foi abordado a atual situação de multiplataformas no jornalismo. "Hoje em dia comunicação é você ouvir na tv e mandar uma mensagem para quem te falou na televisão, é 360" e enfatizou a necessidade de ser hulmide e escutar os outros, de estar aberto para aprender de diferentes fontes. Com a chegada da pandemia, chegaram também mudanças em diversos setores da comunicação e muito foi possibilitado através das novas tecnologias.
Para finalizar a sua fala, Mari Palma, deixou o questionamento sobre como a comunicação no pós-pandemia. "O que eu queria deixar de provocação é a gente tentar entender qual vai ser a comunicação, primeiro quando a pandemia passar e depois, em um segundo momento, a gente pensa como será a comunicação. Será que a gente vai comunicar cada vez mais? Será que as lives vão ficar? Será que a produção de conteúdo vai mudar? Será que a gente está entendendo que dá para produzir conteúdo remotamente? Será que o presencial vai voltar?"
A necessidade de ouvir
Dentre os questionamentos feitos, em destaque ficou a pergunta do jornalista Adelor Lessa sobre o embate do Presidente da República com a Rede Globo e os desdobramentos, de como se refletem na sociedade e na mídia tradicional. Ao qual ela respondeu relembrando a necessidade de se ter humildade em ouvir e de estar aberto para o diálogo. "Acho que a gente perdeu a capacidade, de ouvir opiniões diferentes. A gente está cada um dentro de uma bolha e isso é muito perigoso porque a gente busca a escutar quem reforça o que a gente acredita. Isso é muito ruim. E eu vejo o jornalismo hoje em dia como resistência. A gente está falando de uma sociedade e a gente precisa saber dialogar", concluiu Mari Palma.
Confira a palestra completa: