Confirmando a famosa frase de que ‘pai é quem cria’, José Moncris e a esposa, Sinara, têm dois filhos adotivos e escolheram compartilhar a experiência com outras pessoas. Com o intuito de trazer informação e convencimento acerca da adoção, o Meu Lar é um grupo para aqueles que estão com dúvida ou não sabem nada do sistema adotivo.
“A gente não habilita ninguém, isso fica por conta do ministério público, mas a gente facilita, para que eles tenham as dúvidas sanadas também”, explicou Moncris. O grupo se reúne na igreja Abba Pai Church, no bairro Argentina, em Criciúma, apesar de não possuir nenhum vínculo religioso.
Qualquer pessoa é bem-vinda no grupo e pode adotar, seja um casal, um viúvo (a), solteiro (a)... No local eles contam da experiencia deles, interagem, respondem dúvidas, às vezes, também trazem palestrantes. Uma nova turma deve ser aberta em breve.
Por que adotar?
A adoção para muitos ainda é um tabu. Em alguns casos, quando a criança já tem uma certa idade, como foi o caso de Moncris e Sinara, a criança já vem com algumas ideias formadas a respeito de muitas coisas, principalmente questões culturais.
“Algumas vem com traumas, porque teve, em algum momento, uma ruptura biológica e emocional para a vida dela. Teve que ficar sem a mãe e o pai, ou nunca teve um pai. A questão da adoção em si envolve muita coisa, e a principal é amor e compreensão”, frisou o pai.
Para as pessoas que tem insegurança, dúvida de como será no futuro, ou até preconceito, a pergunta que é: “quem é que sabe como vai ser o filho que espera no ventre? Ninguém sabe. É um mistério para todo mundo”.
Como o pai adotivo explica, tudo é uma questão de educação, orientação e amor! Porque, se você dá amor para um filho do ventre, você também pode oferecer amor para uma criança que não tem seu sangue. Assim como as pessoas amam amigos ou, até mesmo, a esposa e o marido.
Pai é quem cria
Ele e a esposa relataram que essa foi a melhor escolha de suas vidas. “A gente fez todos os trâmites que a lei exige e, quando chegou nossa vez na fila do fórum… eu não sei se consigo descrever a emoção! Parece que a minha esposa estava ganhando bebê naquela hora… e eram gêmeos! Foi muito emocionante, a gente ficou bobo, não tenho palavras… a gente chorava, a gente ria…”, desabafou o pai.
A maior emoção veio depois, quando os papais, enfim, conheceram pessoalmente os dois meninos que, agora, iriam chamar de filhos. O casal passou por todo o processo burocrático de adoção para conseguir a guarda das crianças. Até então, tinham visto os irmãos apenas por foto e ouvido sua história. Moncris nunca teve um filho biológico, mas ele sente que a sensação seja tão boa quanto, afinal: pai é quem cria.
“É algo que eu não consigo descrever. Mas deve ser como um pai e uma mãe depois de um parto”, contou. “Teu filho falar para ti antes de dormir que, quando ele vai orar pra Deus, ele pede para que Deus nunca deixe o pai e a mãe morrer, que ele quer te ter para toda a vida… isso não tem preço! Não precisa nem dizer obrigado, aliás, nunca foi por favor, foi por amor!”.
Ao adotar é importante que a família reconheça que está fazendo isso pela criança. Segundo Moncris, o filho adotado não vai entrar para a família para preencher um vazio. “Por exemplo, uma família que não pode ter filhos e vai adotar uma criança para poder tapar esse buraco, não é assim! Porque se for só pra ter uma companhia dentro de casa, se parece que está faltando alguma coisa, então pega um pet!”, ressaltou.
Para a Justiça, há o filho biológico e o filho adotivo. Mas, com o tempo, quem adota sabe que não existe essa diferença. As mesmas emoções que um pai biológico tem pelo seu filho, se tem com um filho adotado. Os pais passam a enxergar seus filhos não mais como adotivos. “No meu caso, eu não vejo os meninos como adotivos, eu vejo como filhos! E, de fato, é assim”, concluiu.