O Governo do Estado suspendeu o transporte público urbano por 14 dias, a contar a partir desta segunda-feira, 20, na Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) e outras regiões catarinenses. O decreto, utilizado para combate a Covid-19, surpreendeu os trabalhadores do setor, que já haviam parado por 84 dias durante a pandemia de Covid-19, e é considerado injusto por parte de empresários do segmento.
“Nós consideramos um equívoco e uma injustiça a decisão do governador Moisés de paralisar novamente o transporte coletivo. Isso porque foi feito todo um trabalho, ficamos 84 dias parados com um todo um trabalho feito, com pedidos da indústria, comércio e setores produtivos. Retornamos e cumprimos todas as exigências sanitárias municipais e estaduais, acrescentando novas despesas, e agora ele nos pega no contrapé com essa decisão”, disse o presidente da Associação Criciumense de Transporte Urbano, Everton Trento.
O movimento no transporte coletivo estava em uma crescente em Criciúma, após um início bastante modesto e que mal pagava o combustível dos ônibus. Se no início do retorno, a média de passageiros transportados por dia no município era de 4 mil, na última semana esse número chegou próximo dos 7,5 mil, devido ao incremento de novas linhas.
Trento destaca que, no entanto, distribuindo o número de veículos com a quantidade de passageiros atendidos em média por dia, cada ônibus atendia a aproximadamente 8 ou 10 passageiros diariamente. O movimento se concentrava nas 16h no terminal central, quando a grande maioria das pessoas se dirigia ao local para pegar os ônibus de linha.
A relação entre aumento na disseminação do vírus na cidade e o funcionamento do transporte, segundo o presidente da ACTU, não é direta. “Não existe uma comprovação científica de que o contágio vai através do transporte coletivo, não existe um dado real. Entendemos que se cada pessoa usar sua máscara, gel, adentrar nos ônibus respeitando os bancos intercalados e fazer a sua parte, não terá problemas”, pontuou.
A paralisação do transporte, segundo Trento, resultará novamente no uso por parte de outros transportes como táxis, ubers e vans, os quais podem não possuir o mesmo nível de fiscalização utilizado nos ônibus. “Quando eles entram num táxi com quatro ou cinco pessoas para dividir os custos, existe distanciamento ou obrigatoriedade do uso de gel e da máscara? Alguém está fiscalizando isso?”, indagou.
Trento ainda aponta para uma falta de diálogo por parte do governador, anunciando suspensões sem conversa prévia com o segmento, e mostrando em preocupação com a folha de pagamento dos funcionários, caso as duas semanas de paralisação aumentem. “Lá atrás o governador disse que iria parar por 15 dias, prorrogou por 70 e fechou em 84 dias. Agora diz 14, mas acreditas mesmo que retorna daqui há 14 dias? claro que não”, disse.