A Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) realizará nas próximas semanas um estudo sobre os efeitos psiquiátricos em pessoas afetadas pela pandemia de Covid-19 em Criciúma e região. A pesquisa faz parte de uma chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ligada diretamente à pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a doutora em Ciências da Saúde da Unesc, Gislaine Zilli, já existem estudos em outros países que mostram que o vírus da Covid-19 afeta o sistema nervoso central e o cérebro. Dessa forma, as pessoas acabariam desenvolvendo problemas neurológicos e transtornos psiquiátricos decorrentes da própria doença.
“Acontece que a pandemia em si pode gerar essas alterações. A nossa pesquisa vai ser feita aqui na região, especialmente em Criciúma, e outra parte do estudo será conduzido em Chapecó. A ideia é investigar em indivíduos que foram acometidos pela Covid-19, sejam eles sintomáticos graves ou leves, e também naqueles que não apresentam sintomas. Além disso, vamos convidar para participar da pesquisa indivíduos que não foram acometidos pelo coronavírus”, pontuou a doutora, em entrevista ao Programa Adelor Lessa.
A ideia da pesquisa é de que sejam investigados vários marcadores relacionados aos danos neurológicos e, também marcadores inflamatórios que, de certo modo, se relacionam entre si. Estresse, depressão, ansiedade e transtorno do sono são alguns efeitos que podem ter relação com o ambiente da pandemia de Covid-19 em si.
“Todo mundo está estressado, dormindo errado e tendo padrões alimentares diferentes, sem uma rotina definida. Estamos preocupados também com a população que vivencia tudo isso, não somente aquelas que são acometidas pelo vírus”, ressaltou Gislaini. “Apesar disso, imaginamos que as que foram acometidas terão, a longo prazo, mais chances de desencadear esses transtornos”, completou.
A pesquisa será aplicada em pessoas entre 18 e 90 anos, em que psicólogos e psiquiatras da Unesc irão diretamente na residência das pessoas que aceitarem participar do projeto. Além de um questionário aplicado, em relação a diversos transtornos, a universidade também irá coletar uma amostra de sangue daqueles que aceitarem.