Olhar para o futuro parece difícil, mas planejá-lo é possível e fundamental. E é isso que a Unesc, em parceria com o Sebrae/SC, fará em parceria com a Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc).
Os debates que iniciarão em março e se prolongarão por abril e maio darão origem ao Plano de Desenvolvimento Socioeconômico. A proposta é conhecida no Sul de Santa Catarina, já que a Universidade colocou a sua expertise à disposição da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) recentemente. A diferença é que agora cada uma das cidades do Vale do Araranguá terá o seu próprio plano e poderá trilhar cada qual o seu caminho rumo a um futuro promissor, convergindo para o fortalecimento de toda a região.
A ideia, conforme a Pró-reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Proplan), da Unesc, Gisele Silveira Coelho Lopes, é trazer à tona uma reflexão sobre o ser e estar no território em questão, o que, segundo ela, irá mexer com todas as estruturas. “Tanto na economia, mas também na educação, na saúde, no âmbito social, discutiremos no sentido de encontrar o direcionamento para os próximos dez anos”, conta.
O trabalho de escuta começará pela maior cidade da região já na próxima quinta-feira, dia 24 de março, Araranguá terá o lançamento do Plano, seguido do workshop 15 dias depois, em 8 de abril.
Na sequência, quem apresentará as suas ideias será a população de Balneário Arroio do Silva, com lançamento no dia 31 de março e workshop em 15 de abril. “Temos uma peculiaridade na nossa metodologia que é fazer a escuta qualificada de todos os atores da sociedade. O Plano é denso na coleta de informações e na participação popular porque entendemos que o planejamento não se faz sozinho, ele se faz com pessoas, com aqueles que irão fazer o ecossistema funcionar de fato. O poder público, o setor produtivo, a sociedade em geral, as entidades, conselhos, igrejas, todos participarão”, enfatiza Gisele.
Os araranguaenses podem se inscrever por meio do endereço eletrônico: https://materiais.unesc.net/amesc-ararangua, enquanto os moradores de Arroio do Silva devem acessar o link https://materiais.unesc.net/amesc-arroio-do-silva.
Após os workshops, que terão a participação dos setores produtivos, empresários, população em geral, entre outros atores, a Unesc fará uma proposição de objetivos estratégicos, de visão de futuro e apresentará o resultado do diagnóstico e o mapa estratégico. “Neste momento de apresentação validamos com o município se aquilo faz sentido, se é necessário pontuar melhorias no documento. Depois disso, nós vamos para o território novamente para fazer os projetos estratégicos desde a reflexão de validação dos objetivos, das ações, metas e indicadores”, confirma.
Com entrega prevista para o fim de novembro de 2022, o planejamento terá todo o suporte da Unesc e do Sebrae para a sua aplicação. “Estruturaremos o Plano, mas também daremos condições para a aplicação dele na prática. Este é o grande diferencial deste modelo, em que a governança está dentro do processo”, revela Gisele.
Trabalho integrado
“A Amesc está unida e focada em um trabalho integrado em prol do desenvolvimento regional”. A afirmação do presidente da Amesc, prefeito de Timbé do Sul, Roberto Biava, reforça a importância da elaboração dos planos em parceria com a Universidade. “Este trabalho colabora com o levantamento e diagnóstico de nossos pontos fortes e fracos para trabalharmos em conjunto e mantermos este crescimento que obtivemos nos últimos anos. A Unesc é uma instituição forte e séria que colabora com o desenvolvimento não apenas através da formação dos estudantes, mas com um trabalho ofertado com qualidade para auxiliar os cidadãos, através de parcerias com municípios e entidades. Estar disposta a trabalhar no plano é colocar sua capacidade técnica em apoio ao desenvolvimento regional”, enfatiza.
Para Timbé, conforme o prefeito, o documento será importante para reflexão e atuação na busca por compreender melhor o momento.
Caráter comunitário da Universidade na prática
A Unesc é uma Universidade Comunitária e, desta forma, possui missão que vai além da formação de profissionais e perpassa o desenvolvimento do ambiente no qual está inserida. “Nascemos de uma iniciativa popular com a prerrogativa de desenvolver a região. A nossa origem teve este intento e como comunitária temos o compromisso do desenvolvimento desta sociedade, não somente na qualificação de profissionais, mas também na reflexão do território e do seu futuro, porque estando na condição de instituição de ensino, nós preparamos os talentos para serem protagonistas deste desenvolvimento no dia a dia com as diferentes competências que este cenário solicita, no entanto, entendemos também que esta educação precisa estar alinhada com o futuro, mas responder às necessidades do presente. Como eu quero estar no futuro? Essa é a grande pergunta! É preciso uma formação profissional alinhada com esta realidade”, frisa a pró-reitora.
Gisele acrescenta ainda a importância de se ter uma região forte e os benefícios que ela gera. “Nós não somos Universidade que tem dono, não visamos o lucro, o nosso resultado é reinvestido na própria operação e tudo que fazemos é para que esta região seja cada vez mais forte. A quem interessa uma região fraca? Ninguém! O compromisso de uma Universidade Comunitária é tornar uma região cada vez mais forte, com projetos estruturantes de governo, de educação, de saúde, econômicos de forma que agreguem valor, que promovam mais qualidade de vida e que estejam alinhados às tendências mundiais como o desenvolvimento sustentável, uma diretriz essencial que orientará a discussão estratégica deste planejamento. Temos a preocupação de trazer à discussão tendências mundiais que contribuirão na reflexão durante o processo, por exemplo, a temática das cidades inteligentes”, acrescenta a pró-reitora.
O trabalho relevante para o Extremo Sul, de acordo com Gisele, precisa da participação dos habitantes de cada uma das 15 cidades. “Queremos que a sociedade com seus diferentes atores, participe e que todos sintam-se parte deste movimento. Ele não é um projeto da Unesc e do Sebrae, é da sociedade. É um projeto de Estado, não de governo. Os autores serão os cidadãos, o gestor público, o CEO da empresa, enfim, todos nós. Esta digital somente pode acontecer na medida em que as pessoas se sintam parte disso”, relata.
Curto, médio e longo prazo
As informações levantadas ao longo de todo o processo e nas análises, conforme o gerente Regional Sul do Sebrae/SC, Murilo Gelosa, irão nortear as ações a serem realizadas em um curto, médio e longo prazo para alavancar o desenvolvimento dos setores mais importantes da região elevando o nível de competitividade das empresas. “Fazer este projeto a quatro mãos com uma entidade tão relevante como a Unesc, unindo forças e expertise com o Sebrae, facilita muito o avanço para o objetivo a ser alcançado. Os municípios terão a possibilidade de enxergar as suas potencialidades, problemas e caminhos para seguir em uma direção e definir as suas prioridades”, explana.
Diferentes formas de participação
Aqueles que queiram apresentar as suas ideias e sugestões não terão desculpas, já que a Unesc coloca à disposição diversas formas de participação.
Uma das novidades é a realização dos encontros no formato híbrido. Conforme Gisele, apesar do retorno gradual das atividades presenciais, a iniciativa permite que mais pessoas participem. “Entendemos que nem todos têm condições de ir ao local. Como a pandemia ainda não acabou e precisamos preservar a saúde das pessoas, vamos fazer o lançamento híbrido, no qual a Unesc TV fará transmissão ao vivo. No primeiro workshop abriremos uma sala virtual para os circuitos, mas também teremos o presencial. Este modelo é também inovador. Estaremos construindo com a nossa equipe esta metodologia híbrida para atender as características da região”, frisa, acrescentando ainda a necessidade pontual de realizar alguns encontros para discussão presencial.
Metodologia de resultados
O sucesso do plano está ligado à toda a expertise envolvida no processo. Por isso, o Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e Inovação da Unesc participa de forma ativa e preparou uma metodologia que garantirá que tudo que for apontado pelos 15 municípios seja colocado em prática.
Um dos coordenadores do Observatório, Thiago Rocha Fabris, ressalta que uma das formas é a abordagem quantitativa, o que significa levantar todos os indicadores e, através deles, extrair os dados para formular iniciativas públicas visando o desenvolvimento econômico. “Vamos voltar os olhares para a parte econômica, a educação, a saúde, o comércio internacional, o valor adicionado, os gastos públicos, como é a eficiência dos gastos públicos. Vimos tudo isso para criar o diagnóstico quantitativo. Depois passamos para a fase em que vamos ouvir as pessoas para captar o que elas acham”, explica o professor.
Também coordenadora do Observatório, Melissa Watanabe, relata que a lógica é nivelar e dar subsídios para que os participantes dos encontros desenvolvam e entendam os números do município em questão. “A partir disso, a gente começa a fazer os questionamentos para que eles pensem aquela cidade. Nós nos dispusemos a ser um processo de escuta. Fizemos neste processo indagações para que o grupo traga o que entende como desafios da região, como oportunidade e como perspectiva de futuro. Trabalharemos de forma dinâmica estes três pontos. Depois do workshop, voltamos para o laboratório e depuramos todas as informações, fazendo uma sistematização metodológica que já trabalhamos anteriormente e, a partir daí, conseguimos descrever qual a missão e as informações mais relevantes que o grupo entende para o desenvolvimento do município”, ressalta.
Melissa complementa lembrando que, ao final da primeira etapa, se terá o material qualitativo e quantitativo. “Ele será o subsídio para tomadores de decisões por parte de empresários e poder público. Depois vamos para a etapa de planejamento das metas e ações que o município trabalhará a partir de setores que foram mapeados”, conclui.
Após a conclusão e entrega do diagnóstico, os profissionais se debruçarão nos modelos de governança, ou seja, de como os projetos serão implantados e como os recursos para os projetos estruturantes serão captados.
Dados em mãos
Os dados citados por Melissa, que serão apresentados ao longo do processo, já estão nas mãos e na tela dos computadores dos coordenadores do Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e Inovação da Unesc.
Conforme Fabris, no somatório das cidades que compõem o Extremo Sul, as atividades que geram a maior movimentação econômica, são indústria, produção primária, comércio e serviços. “Quando a gente desagrega, os setores que mais adicionam na economia são a produção primária, a fabricação de produtos amiláceos, depois o comércio que também é forte. Além de extrair estes grandes componentes para ver o crescimento econômico, fizemos outro tipo de modelagem para identificar o quanto estes grandes setores contribuem efetivamente para aumentar a produção da região. Chamamos isso de efeitos multiplicadores”, acrescenta.
Além disso, Fabris cita dois tipos de grandes projetos. “Tem aqueles que são estruturantes, que mexem na base e criam demandas, e aqueles icônicos, que são projetos de sonho de futuro e que a população deseja, também chamados de portadores de futuro. A gente espera na Amesc receber muitos pedidos de informação sobre o turismo, por exemplo, que hoje não aparece entre os principais setores, mas que sabemos que tem potencial”, frisa.