A mobilidade é um desafio e está no discurso de grande parte dos postulantes ao cargo de gestor de Criciúma. Os transtornos são muitos e visíveis no trânsito da cidade no dia a dia. Dentro do projeto Eleições 2020, da Rádio Som Maior e do Portal 4oito, o tema foi debatido durante o Programa Adelor Lessa desta quinta-feira, 20.
Na mesa, os engenheiros Édio Castanhel e Mauro Sônego, além do presidente do Setransc, Lorisvaldo Piucco. Projetos de melhorias dominaram a conversa.
Passado que projeta o futuro
O engenheiro Édio Castanhel abriu o debate relembrando alguns fatos históricos que envolvem o tema. “A Avenida Centenário é da década de 1970. O Anel Viário, apesar de não estar terminado, começou no final da década de 1980 e ainda não terminamos. A Via Rápida, foi um alinhamento dos astros, pois foi feita em tempo recorde, mas da ideia inicial ate terminar foram 15 anos. A mobilidade é um fator quer todo mundo pretende melhorar. Não podemos ir no achismo”, falou.
Castanhel lembrou também que uma obra que está em andamento atualmente, o binário da Avenida Santos Dumont, levou 12 anos para sair do papel e da importância em se manter os projetos mesmo com a mudança de prefeitos. “Quando troca um prefeito, não pode engavetar o projeto. Fazer projetos com pessoas gabaritadas. Eu acredito em projetos. Importante não só para Criciúma, mas toda a região, cada real que se aplica em projeto, consegue entre R$ 50 e R$ 150. Colocando R$ 1 milhão em projeto, se consegue R$ 100 milhões para a obra. Para saber o que vai fazer, têm os técnicos. Primeiro vai fazer estudo de origem, destino, quantos carros passam. Tem que fazer desapropriação. São anos para elaborar o projeto. Quantos anos para conseguir um verba?”, enfatizou o engenheiro.
Viadutos não podem mais ser solução
Castanhel opinou ainda sobre os viadutos. “A Via Rápida têm 17 viadutos. Precisa 300 metros de rampa. Aqui (na área central), se fazer um viaduto, vai chegar ao terceiro, quarto andar dos prédios. Vai ter que começar a derrubar prédios. Precisamos pensar em soluções inteligentes. Quando falo em projeto, a população tem que comprar a ideia. Se começa um projeto e a população não compra a ideia, uma pessoa vai no Ministério Público. Tem que fazer tudo com transparência”, citou.
O engenheiro Mauro Sônego, assim como Castanhel, lembrou que a maioria das obras da mobilidade urbana são antigas. “A Avenida Centenário, um marco histórico, começou quando Ruy Hülse era prefeito. Conhecendo a história, a gente sabe da evolução da cidade. Temos ideias, prospecções. No tempo do Altair (Guidi), foi implantado o anel viário central. Fazendo que o trânsito fosse um pouco mais diluído. A gente têm méritos. Fomos evoluindo. Têm projetos, da época do Décio (Góes), Eduardo (Moreira). A gente pode desenvolver estes projetos. Precisaríamos ter um diagnóstico”, relatou.
Tecnologia como aliada
Para Sônego, a tecnologia deve ser uma grande aliada também na melhoria da mobilidade urbana. “Podemos fazer os terminais virtuais. Central semafórica, com a vinda do 5G, fica mais fácil. Controlar de forma inteligente o fluxo na área central. Tem que juntar as ideias, eleger as prioridades e elencar as prioridades. Tudo tem que ser organizado de forma única”, disse.
Outro fato enfatizado pelo engenheiro é a revisão do conceito de região. “A legislação prevê recursos para regiões metropolitanos, mas precisa atender algumas coisas. Até a legislação estadual nós precisamos adequar. É preciso pensar de forma regional. O planejamento tem que estar independente do gestor público., Tem que ser como, por exemplo, fez Maringá (PR), um trabalho voluntário. O prefeito assina e se compromete em seguir aquele plano. Nós precisamos disso aqui também”, pontuou.
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Porto Seco tiraria 90% dos veículos pesados da área central
A implantação do Porto Seco de Criciúma é uma luta iniciada na década de 1990 e que até agora não foi concluída. O presidente do Setransc, Lorisval Piucco, destacou os benefícios da obra. “Conseguiríamos tirar 90% dos caminhões da área central. Os caminhões daqui não vem, mas os de outros locais vêm, pois vêm descarregar em mercados e outros estabelecimentos. Deixariam de passar pelo centro, estragar a camada asfáltica e outras coisas. É prejuízo para o município. Prejudica a mobilidade, é grande, lento, mas ele abastece. O caminhão sempre foi visto como o patinho feio", pontuou.
No áudio abaixo, você confere o debate na íntegra: