Investir em saúde mental é investir em produtividade". A partir dessa reflexão, o psicoterapeuta Márcio Schultz traçou caminhos para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável, durante palestra promovida pela Associação Empresarial de Criciúma (Acic), nessa terça-feira (21).
Falando a profissionais e gestores com atuação em diferentes áreas, Schultz ressaltou a importância de criar condições que levem à segurança psicológica. Apresentou os conceitos, o papel da inteligência emocional nesse processo e, explorando o campo das soluções, trouxe uma caixa de ferramentas aplicáveis no dia a dia das organizações, explicando o passo a passo para a implantação.
"Essa é uma jornada de autoconhecimento, de identificação das competências e habilidades, com a percepção de que a vida tem tensões normais, mas o líder pode criar uma relação de confiança, usar as emoções de forma a obter os melhores resultados de sua equipe", expôs.
"É possível criar condições para um trabalho produtivo e frutífero, por meio de um ambiente saudável, no qual a equipe tenha segurança para falar e contribuir, sem o medo de ser mal interpretada ou sofrer represálias", afirmou o especialista.
Schultz lembrou que a saúde mental está relacionada a fatores endógenos, próprios de cada indivíduo, de sua habilidade para lidar com as emoções. Mas também a fatores exógenos, como as políticas da empresa e a pressão por metas e resultados. "Se isso não estiver bem alinhado, vem o desengajamento, prejuízos e a perda de produtividade", enfatizou.
Bases
O psicoterapeuta também apresentou as bases para a segurança psicológica, que incluem o clima organizacional, a postura do líder, o exercício da franqueza, a disposição para o conflito (pontos de vista diferentes), experimentação em grupo e no presente, consequências imediatas, proatividade, assumir riscos e erros, proporcionando mais desempenho e tirando os freios da realização.
"Com tudo isso, o líder ainda vai ter que tirar do caminho um grande obstáculo: a epidemia do silêncio, pois as pessoas entendem que não falar é o melhor caminho para evitar confrontos e retaliações", ponderou Schultz.
Caixa de ferramentas
Para quebrar essa resistência e alcançar um ambiente de trabalho mais saudável, o especialista apresentou um passo a passo, começando pela "preparação do terreno". "Esse primeiro momento envolve alinhar as terminologias. Por exemplo: de erro para falha; de problema para situação a ser resolvida", citou.
O segundo momento é o convite à participação. "O líder precisa baixar as barreiras, ter humildade para reconhecer que não sabe de tudo e pedir a colaboração da equipe, gerando confiança de que a voz para a discussão é bem-vinda. Além disso, desenvolver boas perguntas", indicou Schultz.
Já o terceiro momento caracteriza-se por responder produtivamente, orientando na direção do aprendizado contínuo, expressando agradecimento, combatendo a percepção negativa das falhas. "E também sancionando as violações que se repetem. Impor limites claros também contribui na construção de um ambiente de trabalho com segurança psicológica", observou o especialista.