Toda chuva forte que cai em Criciúma, moradores do bairro Sangão ficam apreensivos. Por diversas vezes, o rio Sangão transbordou, alagando a localidade e causando prejuízo aos que moram nas proximidades. Em busca da solução do problema, um desassoreamento foi feito em 2009, porém, nada mudou. Meses depois, o problema voltou e permanece até os dias de hoje. O rio Sangão separa as comunidades do Sangão, em Criciúma, e Cidade Alta, em Forquilhinha. Além das duas cidades, a água do rio desemboca em Maracajá.
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Gustavo Dumineli é da diretoria da Associação de Moradores do bairro Sangão e sabe o que a falta de limpeza no no rio representa para a comunidade. "Em 2009 foi feito em desassoreamento, só que no decorrer dos dias, os rejeitos caíram e assoreou tudo novamente. Uns problemas ocorreram. O Ministério Público processou a Prefeitura de Criciúma, e esse processo está correndo desde 2015. A prefeitura está pagando multa de R$ 50 mil até hoje. Não há mais recurso. Até abril, o executivo de Criciúma terá que fazer um projeto para desassorear o rio Sangão, porém, até agora não temos nenhuma informação, e gostaríamos de alguma resposta. Enquanto isso, tem chuvas intensas no centro de Criciúma, não chove no bairro Sangão, mas o nosso rio enche porque vem toda a água do centro. Tanto que o prefeito está fazendo os canais auxiliares no centro da cidade, e tem que fazer, só que desemboca tudo aqui no bairro Sangão. Esse é o nosso problema. Enche tudo aqui. Já passei por sete enchentes. Já saí de dentro de casa com água na cintura e correnteza. Já vi vizinhos perderem tudo de dentro de casa e não conseguir se reerguer", afirma Gustavo.
Preocupação também no lado de Forquilhinha
Para Jailson da Silva Rosa, presidente da Associação de Moradores do bairro Cidade Alta, em Forquilhinha, as prefeituras de Criciúma, Forquilhinha e Maracajá deveriam chamar a responsabilidade para si. "Não foi feito mais nenhuma limpeza no rio Sangão, e isso precisa ser feito. A gente vem cobrando. As comunidades de Sangão e Cidade Alta estão sempre unidas. Precisamos que o setore público de Criciúma, Forquilhinha e, também, Maracajá, se unam e chamem a responsabilidade para si, para que tirem as licenças para refazer o desassoreamento do rio Sangão. Muitos moradores do bairro Cidade Alta já perderam muitos móveis, sem falar nos valores dos bens que se desvalorizam por causa disso. Tem gente que quer vender uma propriedade e não vende porque ninguém vai comprar uma casa em um lugar onde há enchente. E enche pela falta de atenção dos órgãos públicos, principalmente no período de 2010 para cá", lamenta.
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De acordo com Jailson, o problema não foi resolvido, e não foi por falta de reuniões. "A gente vem fazendo reuniões atrás de reuniões, mas a coisa não anda. A gente cobra, mas as lideranças dizem que em seguida terá uma posição concreta, e até agora nada. A cada chuva ficamos apreensivos. Ontem, com esses 42mm, não foi ainda pior porque estamos numa seca, ou seja, a chuva que caiu o solo absorveu bastante. Mas, se não tivesse essa seca, teria alagado os bairros Sangão e Cidade Alta", acrescenta.
Vereador acompanha de perto
O vereador de Forquilhinha e morador do bairro Cidade Alta, Dinho Rampinelli, já fez várias indicações no Legislativo. Ele quer uma ação definitiva para o caso, e não paleativa. "Vimos a situação com apreensão. Há vários relatos de moradores que a cada chuva mais forte que chega, eles não conseguem dormir, ficam ansiosos. Nós, enquanto vereador e morador do bairro Cidade Alta, já fizemos inúmeras cobranças na Câmara e também participamos de reuniões com as comunidades com o objetivo de buscar uma solução. Eu entendo que essa discussão deveria ser feita pelos três municípios, Criciúma, Forquilhinha e Maracajá. Esse é um problema bem sério e terá um custo bem elevado para fazer um trabalho de desassoreamento que resolva. Porque se for fazer um paleativo, não adianta. Não vai resolver, e dentro de alguns meses, o problema volta", afirma.
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A moradora do bairro Sangão, Glória de Fátima Luiz da Silva, já teve muitos prejuízos com enchentes. Ela pensa em vender a casa, porém, o imóvel desvalorizou devido as condições da comunidade. "Muitas vezes que a água entra aqui, eu fico preocupada. Já perdi tudo. Há poucas coisas dentro da minha casa porque não adianta termos as coisas, pois cada vez que chove ficamos numa ansiedade, um nervosismo e tem que erguer tudo. Ontem, graças a Deus, que a chuva logo cessou e não alagou. A gente espera por uma melhoria. Eu peço para as autoridades para virem olhar, buscar recursos para fazer a limpeza no rio. Eu queria vender a minha casa para morar com a minha família em Lauro Müller, mas não posso porque o imóvel perdeu o valor. Não vou dar a minha casa de graça".
Confira no podcast a reportagem na íntegra: