Santa Catarina se mantém como referência em saúde animal e defesa agropecuária. Nesta terça-feira, 25, o estado comemora 14 anos do reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O status sanitário diferenciado foi fundamental para que o estado se tornasse o maior produtor e exportador de carne suína de todo o país, além de abrir as portas para os mercados mais exigentes e competitivos do mundo.
"O reconhecimento faz de Santa Catarina uma referência em saúde animal e defesa agropecuária, o que nos permite acessar os mercados mais exigentes do mundo. Conquista dos produtores e dos nossos servidores", disse o governador Carlos Moisés.
A certificação da OIE é o maior reconhecimento sanitário que um estado ou país pode alcançar e demonstra ao mundo, principalmente aos mercados internacionais, o cumprimento de vários requisitos técnicos para assegurar a saúde dos rebanhos. Como a febre aftosa é uma doença com alto risco sanitário e gera um enorme impacto econômico, alguns países só compram carnes de áreas livres da doença sem vacinação - onde não existe circulação do vírus e, consequentemente, o controle sanitário é mais rígido.
"Um pequeno estado, com apenas 1,12% do território nacional, se tornou um gigante na produção de alimentos. Esse é o fruto do trabalho de empreendedores, que semearam o nosso futuro e acreditaram no potencial catarinense. Hoje, mais de 70% do total exportado por Santa Catarina têm origem no agronegócio, somos um estado essencialmente agrícola e isso é motivo de muito orgulho para todos nós. Temos um setor produtivo comprometido e motivado, que se transformou em sinônimo de qualidade e excelência em todo o mundo", destaca o secretário da Agricultura, Altair Silva.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, o estado se tornou uma ilha de sanidade no país, com um sistema de defesa agropecuária que se tornou um exemplo nacional e internacional. " Paralelamente à produção de alimentos cárneos, Santa Catarina opera um avançado e competente sistema de vigilância, fiscalização e controle sanitário que monitora todas as fases da produção pecuária. Esse sistema foi estruturado arduamente e exigiu sacrifícios, investimentos, estudos e pesquisas da sociedade, tornando-se, portanto, um patrimônio dos catarinenses, dos produtores rurais, do Governo e das agroindústrias", ressalta.
Resultados
Desde a suspensão da vacina em Santa Catarina, o estado se consolidou como grande produtor e exportador de carnes, com acesso aos mercados mais exigentes do mundo. Atualmente, a produção catarinense é comercializada em mais de 150 países e os embarques de produtos de origem animal respondem por 38% de todo comércio internacional catarinense.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, a certificação internacional trouxe grandes conquistas para Santa Catarina e é um patrimônio imensurável. "Santa Catarina tem um território relativamente pequeno, mas é grande na sua produção. Não a toa somos líderes na exportação de carne suína e de frango, tudo isso graças ao trabalho do Governo do Estado, produtores rurais, agroindústrias e cooperativas. Foram muitas mãos trabalhando de forma organizada e sinérgica para conquistar a certificação interacional, o que nos permitiu alcançar a liderança nas exportações e se tornar relevante na produção nacional".
Em 2006, um ano antes da certificação internacional, Santa Catarina exportava 184 mil toneladas de carne suína, faturando US$ 310 milhões. Em 2020, esse número saltou para 523,4 mil toneladas e trouxe US$ 1,17 bilhão para o estado, um aumento de 184,4% na quantidade e 277,4% na arrecadação.
O cenário é o mesmo para a carne de frango, que se tornou o primeiro produto das exportações catarinenses, faturando mais de US$ 1,5 bilhão em 2020, com 965 mil toneladas embarcadas. Com o reconhecimento da OIE, Santa Catarina teve acesso a grandes compradores de carnes como China, Hong Kong, Estados Unidos e Coreia do Sul.
O último foco de febre aftosa em Santa Catarina ocorreu em 1993 e a partir de 2000 foi suspensa a vacinação contra a doença. Em 25 de maio de 2007 representantes do Governo do Estado compareceram à Assembleia Mundial da OIE para receber o certificado que fez do estado a única zona livre de febre aftosa sem vacinação do Brasil.
Para o presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Plinio de Castro, a manutenção do status sanitário por 14 anos é resultado de ações forte do Governo de Santa Catarina, Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural e do profissionalismo de todos os médicos veterinários e demais técnicos da Companhia junto aos produtores rurais, além de entidades públicas e privadas ligadas ao setor produtivo. “O trabalho incansável realizado há décadas em Santa Catarina resultou na conquista do certificado internacional de Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação. É um marco que elevou o status sanitário do estado no mercado internacional. Sem dúvida estamos colhendo os frutos dessa conquista, um retorno muito positivo tanto no quesito da saúde pública e qualidade, quanto na comercialização dos produtos de origem animal”, comemora Plinio.
Manutenção do status sanitário
Para manter o status sanitário diferenciado, os esforços são imensos. A Cidasc mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina que controlam a entrada e a saída de animais e produtos agropecuários. Além do controle do trânsito de animais e produtos de origem animal nas fronteiras, em Santa Catarina todos os bovinos e bubalinos são identificados e rastreados.
Em Santa Catarina não é permitida a entrada de bovinos provenientes de outros estados que não tenham o reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de zona livre de febre aftosa sem vacinação. Para que os produtores tragam ovinos, caprinos e suínos criados fora de Santa Catarina é necessário que os animais passem por quarentena tanto na origem quanto no destino e que façam testes para a febre aftosa, exceto quando destinados a abatedouros sob inspeção para abate imediato.
O Governo do Estado mantém ainda um sistema permanente de vigilância para demonstrar a ausência do vírus de febre aftosa em Santa Catarina. Continuamente, a Cidasc realiza inspeções clínicas nos rebanhos, além de dispor de uma estrutura de alerta para a investigação de qualquer suspeita que venha a ser notificada pelos produtores ou por qualquer cidadão. A iniciativa privada também é uma grande parceira nesse processo, por meio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa).