O presidente da Associação de Clubes de Futebol Profissional de Santa Catarina (SC Clubes), Francisco José Battistotti, negou que exista a possibilidade de retorno do Campeonato Catarinense apenas com jogos na Ressacada e no Orlando Scarpelli. Essa possibilidade de volta com a fase final ocorrendo em Florianópolis foi levantada pela imprensa da capital do Estado.
De acordo com Battistotti, que também é o presidente do Avaí, a SC Clubes mantém tratativas com o governo do Estado e espera o retorno do futebol catarinense na segunda quinzena de junho, com o calendário mantido em jogos de ida e volta. As opções oferecidas ao governo foram de jogos com 30% da capacidade ou com portões fechados. O dirigente adotou um discurso mais crítico em relação à postura das rádios da capital.
"Não existe isso (jogos apenas em Florianópolis). Teria que ser aprovado por unanimidade. Tu acha que o Criciúma aceitaria jogar contra o Figueirense no Scarpelli? A Chapecoense aceitaria jogar na Ressacada? Esses caras (imprensa) não têm a condição de ligar para o presidente da Associação para perguntar. É tentar criar mais algum fato e uma semana de polêmica", disparou Battistotti..
A reportagem do Portal 4oito procurou também o diretor executivo do Criciúma, Evandro Guimarães, para saber o posicionamento do clube sobre esse possível retorno. Evandro considerou absurda a ideia de jogos apenas em Florianópolis, especialmente por ser uma das cidades mais afetadas pelo coronavírus no Estado.
"Isso não chegou até mim. A gente tem um compromisso muito grande com o sócio e a gente vai procurar priorizá-los, isso (jogar em Florianópolis) seria pior do que jogar com portão fechado. Não entendo qual seria a razão. Agora é questão de saúde, vai tirar todos e colocar em uma cidade que tem maior índice de contaminação? Não vejo como ir adiante e nem propósito que justifique", manifestou o dirigente.
Battistotti reforçou que a Associação pressiona o governo pela liberação do futebol em meados de junho, mas trabalha com a ideia de retorno dos jogos na segunda quinzena do mês. Segundo ele, a maioria dos clubes, como Avaí, Figueirense, Chapecoense, Brusque e Juventus estão treinando. Por outro lado, o Tigre optou por retornar os treinos presencialmente apenas quando houver anúncio de calendário. Os jogadores fazem atividades físicas comandadas por vídeo.
O presidente da SC Clubes concordou com a hipótese levantada pela Federação Catarinense de Futebol (FCF) de os jogos que definem o rebaixamento acontecerem após a fase final. No entanto, posicionou-se contrário à ideia de não haver rebaixamento, que teria sido levantada por Concórdia e Tubarão em reunião com a FCF.
"Isso acho que não é correto. Os times jogaram e eles não tiveram a condição de ficar entre os oito e agora não querem rebaixamento? e o pessoal da Série B, como fica? Sou radicalmente contra virar o futebol no tapetão. Recebo uma pressão enorme dos meus torcedores, porque como presidente estou brigando pelo retorno do futebol catarinense. Dizem que se acabar o futebol o Avaí é campeão. Eu não gostaria de ter um título no tapetão, se outros times levaram, é problema deles", atacou Battistotti.
Por outro lado, o diretor do Tigre demonstra mais cautela sobre o retorno dos jogos. "Concórdia está fechado, Tubarão o campo está tomado. São dois times que se conversaram para jogar depois, mas acho que tem que ser todo mundo junto. No Rio vai voltar sem torcida. A gente entende que a torcida é fundamental. Eu acho que 30% do estádio é mais seguro do que os jogadores, se bem fiscalizado. Jogar sem torcida é muito ruim, ainda mais aqui que o torcedor apoia e o clube é sustentado pelo sócio", avaliou Evandro.
Evandro opina que, a partir do anúncio do retorno dos jogos, o ideal seria um período de 20 dias para uma nova pré-temporada, mas que deveria ser levado em conta a diminuição da taxa de contágio de coronavírus para remarcar o calendário. " Você faz o jogo e aparece algum adversário doente, tem que parar, testar. Se aparece um atleta que nao se sabe onde contaminou, novamente testa e para, até ter os resultados. A coisa é muito complicada. Tem que estar diminuindo, porque se não toda hora tem que parar e esperar".
Já Battistotti pede a volta mais rápida, pois a última das três parcelas de cota televisivas só serão pagas quando retornar os jogos. "O clube precisa de recurso agora, poderia pagar 100% agora, mas não. Quem faz o futebol é quem menos ganha dinheiro nesse país, que são os clubes. A Federação, CBF, empresário, sindicato, todos ganham e beliscam dos clubes", justificou Battistotti.