Cerca de 14 pacientes com câncer já foram tratados com a CAR-T Tell, uma terapia revolucionária que utiliza as próprias células do paciente para combater a doença. Em São Paulo, um dos exemplos é de Paulo Peregino, que estava com câncer há mais de 13 anos e, em abril, foi submetido ao tratamento, em apenas um mês, ele teve remissão completa do linfoma.
Em entrevista ao programa Adelor Lessa, Vanderson Rocha, hematologista, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador de terapia celular da Rede D Or, explicou que esse tratamento está disponível apenas para alguns tipos de câncer como leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo.
[a matéria continua após o áudio]
Ouça a entrevista completa com Vanderson Rocha:
“É importante frisar que esse tratamento está restrito a esses tipos de câncer hematológicos. É um tratamento consolidado fora do Brasil, há cinco anos aprovado no mundo. Vamos abrir nas próximas semanas o estudo chamado de fase 1 e fase 2, que vai incluir 75 pacientes”, ressalta o coordenador.
Esses dois tipos de cânceres são os menos frequentes. Para os cânceres de mama, próstata, intestino e pulmão, considerados mais comuns, o tratamento ainda não é eficaz. “Estou nos Estados Unidos vendo protocolo de pesquisa, mas mesmo fora do Brasil, ainda não está estabelecido”, diz Rocha. “A dificuldade é que outros tumores são sólidos e as células não conseguem se infiltrar, é como se fosse um cimento e precisasse de uma britadeira e elas ainda não conseguem”, complementa.
A expectativa é que o tratamento esteja disponível futuramente no Sistema Único de Saúde (SUS). “Otimismo não falta em cientistas e estou aqui, justamente, vendo os protocolos para o tratamento. Precisamos de vários anos de pesquisa, em torno de três anos pode estar estabelecido no SUS já para os outros temos que contar cinco anos pela frente”, explica Rocha.
A importância no investimento da saúde
O primeiro tratamento em um paciente foi feito há cerca de dez anos, nos Estados Unidos. De acordo com o coordenador, é necessário mais investimento na pesquisa, porque isso será revertido para toda a população.
“Esses 14 pacientes são do SUS, o que é importante falar é que a ciência está na frente e que isso se transforme em uma arma na saúde, precisamos de investimento, para produzir teve um grande investimento e para podermos fazer essa próxima etapa precisamos de ainda mais verba”, destaca o coordenador.