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Treviso: uma cidade que tem muito a ensinar através da fauna e da flora

A riqueza de detalhes desse mundo natural virou livro que será usado nas escolas municipais

Por Marciano Bortolin Treviso - SC, 22/05/2021 - 15:56
Foto: Guilherme Hahn / 4oito / Especial
Foto: Guilherme Hahn / 4oito / Especial

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Treviso, a menor cidade do Sul de Santa Catarina, com pouco mais de 157,6 mil metros quadrados ocupados por 3,9 mil habitantes, é rico em fauna e flora. Esta riqueza atrai os olhares de muitos turistas que vão ao local para apreciá-la. Pontos de interesse não faltam: Trilha Dois Dedos, Cachoeira do Cirenaica e do Salto Branco, Mirante do Morro São Pedro, só para citar alguns. 
Composto pelo verde e uma trilha sonora especial para quem quer fazer… caminhada pela mata. Este som especial vem dos animais que têm o local como lar. A composição é completa e agrada olhos, ouvidos e mentes.

E por falar em animais, você já parou para pensar como um tatu cava a sua toca, ou ainda na agilidade dos movimentos da jaguatirica. Quantas vezes sentiu medo dos morcegos, de como são sinistros e, em uma fantasia, imaginou ele se transformando em um vampiro?

Quantas vezes achou engraçado o longo nariz do tamanduá e da forma como ele come formigas? Ou, ainda, lhe chamou atenção a capivara ser um roedor. Aliás, o maior roedor. Estes são alguns animais que parecem distantes, que vivem no imaginário de muitas pessoas que acreditam somente vê-las por fotos ou naqueles canais de TV especializados. Mas eles e muitos outros animais estão aqui bem perto de nós, mais precisamente naquela pequena cidade do Sul do estado que citamos ali no primeiro parágrafo.

Das matas para as páginas do livro

Agora, estes e muitos outros mamíferos fazem parte de um livro de 50 páginas, fruto da parceria entre o Instituto Alouatta, o Governo do Município e o Laboratório de Zoologia e Ecologia de vertebrados da Unesc, através do projeto “Turismo e Educação São a Nossa Natureza”.

Toda ilustrada, a publicação, que leva o nome de “Mamíferos do Entorno da Reserva Biológica Estadual do Aguaí”, será utilizada nas escolas do município já em 2021. “O livro é resultado de um trabalho de três anos, em parceria com o Município e com a Unesc, por meio do Laboratório de Zoologia, que instalou 20 câmeras de monitoramento de fauna em 2018. Começamos a fazer o monitoramento, a coleta de dados e criando um banco de informações. Com estas informações alinhadas, tivemos a ideia de lançar o livro todo ilustrado para que a comunidade faça a leitura de forma compreensível e tenha acesso ao material. Os animais que foram encontrados, muitos deles não são vistos com frequência, mas que estão no entorno da reserva do Aguaí”, revela o presidente do Instituto Alouatta, Paulo Cadallóra.
Ele conta ainda que a inciativa é sequência de um trabalho feito há alguns anos. “Treviso vem ensaiando alguns passos no turismo de natureza e agora entendemos que o município deve ganhar maioridade neste setor. Entendemos que isso deve ser feito a várias mãos, por isso envolve Secretaria de Educação e Fundação do Meio Ambiente”, fala.

O Instituto Alouatta, comandado por Cadallóra atua principalmente em Santa Catarina desde 2005 com o objetivo de fomentar o ecoturismo e o turismo de aventura, sendo declarado de Utilidade Pública Municipal em 2011 em Treviso.

Levando a educação ambiental aos lares

Com o livro já em mãos, o secretário de Educação, Gladson Tasca, ressalta que ele será fundamental para levar a educação ambiental aos lares da população de Treviso. “Sabemos na parte da educação que o livro é fundamental na aprendizagem e ensino das crianças e ele é uma importante ferramenta para o aluno se apropriar do saber. Como a gente deseja trazer a conscientização para a população do nosso município, nada melhor que começar pelas nossas crianças. A grande parte da população não conhece os mamíferos que estão presentes na cidade e sabemos que as crianças levam para as suas famílias. Sabemos que o município tem um grande potencial turístico principalmente de natureza, então precisamos conscientizar. Uma forma de mudar algo na cultura é através das crianças e ainda há a possibilidade de melhorar a renda do município de forma sustentável, sem destruir o meio ambiente”, relata.

Agora a Secretaria de Educação, em parceria com as pastas de Cultura e de Meio Ambiente organizam a forma de utilização do livro nas salas de aula. “Pensamos em utilizar em alguma disciplina específica, vamos analisar ainda. Também podemos trabalhar com o livro no contra turno, quando a pandemia acabar e, a longo prazo, pensamos em fazer um estudo para introduzir a disciplina de turismo na grade curricular do município. Um projeto que iremos fazer um estudo ainda, para que as outras disciplinas não sejam afetadas. Sabemos que é um trabalho de todos e nós como educação nos colocamos à disposição para tudo que venha a contribuir com Treviso”, cita.

“Não é um hobby, é uma fonte de emprego e renda”

A professora do 5º ano da Rede Municipal de Ensino, Roberta Fernandes destaca que o layout do livro proporciona que os alunos aceitem e se engajem no projeto de preservação, vista a importância para a busca por fontes de renda de maneira sustentável para o município. “Neste ponto, o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Mauro Fernandes; o secretário de Educação, Gladson Tasca, o diretor da Funtrev,  Valtair Agenor da Silva e o Instituto Alouatta,  visam que é fundamental a preservação da fauna e flora no  entorno da Serra Geral, sabendo que a principal fonte de renda  de Treviso é o carvão, que é um recurso  econômico finito”, diz.

Cadallóra destaca o turismo como fonte de emprego e renda, mesmo que, por muitas vezes, ainda seja visto como hobby por algumas pessoas. “É notado em alguns destinos do Brasil como ele pode trazer benefícios para a comunidade. Conseguimos com este projeto que todos os atores da comunidade sejam envolvidos. O maior ativo no turismo em Treviso é a natureza, então precisamos conhecer esta natureza. O trabalho que está se iniciando hoje com o projeto ‘Turismo e Educação São a Nossa Natureza’, é levar para os alunos a importância dos bens naturais que temos no nosso município. O turismo em Treviso tem uma vertente na natureza. O que precisamos é justamente um projeto desta envergadura e envolver toda a comunidade. Se é bom para a comunidade é bom para quem nos visita. Não é um hobby, é uma fonte de geração e renda, emprega milhares de pessoas no mundo inteiro. Treviso tem duas unidades de conservação e é preciso entender que elas são amigas da população”, finaliza.

Uma amiga chamada natureza

Para tornar o que é planejado em realidade, o presidente do Instituto Alouatta reforça algo que é fundamental para qualquer pessoa. “Precisamos conhecer o que existe onde vivemos e o objetivo principal deste livro é começar nas escolas, porque no futuro estas crianças vão ser um guia, um dono de pousada. A natureza é a nossa amiga e gera emprego e renda”cita.

A professora Roberta endossa as palavras do secretário. “A obra, ilustrada por André Francisco, contribuirá de forma interdisciplinar. O livro passará por todas as disciplinas no intuito de esclarecer a importância da preservação dos mamíferos listados nele como patrimônio da Reserva Biológica Estadual do Aguaí. Ele também potencializa o turismo de natureza, científico, de preservação, de contemplação, de observação, como o projeto  de observação de aves, por exemplo, que ajuda no crescimento do turismo rural, fortalecendo a caminhada dos visitantes pelas comunidades, a preservação da cultura dos imigrantes, aumenta a oportunidade de emprego e renda, além de favorecer a permanência dos pequenos agricultores no campo”, enaltece.

Impulso à economia

Não é de hoje que Treviso investe no turismo como forma de melhorar a economia do município e há anos colhe os frutos desta dedicação. O município teve crescimento de 80% na oferta de leitos em pousadas nos últimos anos. A cidade tem ainda outras iniciativas como a observação de aves, lançada ainda em 2015 e que já catalogou mais de 230 espécies. “O lançamento do livro tem como propósito a conscientização desta geração, mostrando que o turismo ajuda na  diversificação da economia local  e regional, na  preservação da biodiversidade e também na  cultura e imigração dos nossos antepassados, mantendo assim vivas nossas raízes”, pontua Roberta.

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