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Unesc avança na pesquisa de pozolana a partir de resíduos do carvão

Subproduto vira material para fabricação de cimento

Por Giovana Bordignon Criciúma, SC, 20/06/2024 - 14:52 Atualizado em 20/06/2024 - 16:05
Foto: Arquivo Unesc Iparque
Foto: Arquivo Unesc Iparque

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A Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) está liderando um projeto que transforma resíduos de carvão em pozolana, um material de alta utilidade na construção civil. A iniciativa, que faz parte da transição energética justa, foi detalhada por pesquisadores da universidade em entrevista ao programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior.

Ouça a entrevista completa:

O professor Michel Peterson, um dos principais pesquisadores do projeto, explicou o objetivo e o progresso da iniciativa. “Identificamos que os rejeitos de carvão, agora chamados de resíduos, possuem uma fração argilosa significativa, que pode ser transformada em pozolana através de um processo térmico clássico”, afirmou. 

O que é pozolana?

A pozolana é um material usado na construção civil como substituto ou aditivo ao cimento. Em contato com hidróxido de cálcio, ela forma um aglomerado resistente e durável. Historicamente, a pozolana foi utilizada na construção de grandes estruturas, como o Coliseu de Roma, que se beneficiou das cinzas vulcânicas da região. A inovação da Unesc está na produção de pozolana a partir de resíduos de carvão, que anteriormente eram considerados um problema ambiental.

Desenvolvimento do projeto

O projeto começou a ganhar forma a partir de 2010, com os esforços conjuntos dos professores Michel Peterson, Adilson Oliveira da Silva e Agenor Denoni. “Em 2008, defendemos a tese sobre a utilização da pirita da região sul catarinense, o que nos levou a identificar novas aplicações para os resíduos de carvão”, lembrou Peterson.

O professor Adilson destacou a importância histórica da pozolana e suas vantagens sobre o cimento Portland tradicional. “O cimento Portland, criado em 1750, revolucionou a construção, mas não é adequado para todas as situações. Obras submersas ou que exigem alta durabilidade se beneficiam mais da pozolana, que continua a ganhar resistência ao longo do tempo”, explicou Adilson.

Impacto ambiental e econômico

A transformação de resíduos de carvão em pozolana oferece uma solução sustentável para um problema ambiental significativo. O professor Michel Peterson ressaltou a redução de emissões de gás carbônico como um dos benefícios do projeto.

“Ao substituir o cimento tradicional pela pozolana, reduzimos a quantidade de gás carbônico emitido na atmosfera, contribuindo para mitigar os efeitos do aquecimento global”, afirmou.

Além dos benefícios ambientais, o projeto tem potencial para impulsionar a economia local. “Temos uma planta piloto na Unesc, e o produto já foi validado em laboratórios e indústrias importantes do Brasil. Agora, estamos na etapa de buscar investidores para levar o projeto a uma escala maior”, disse Peterson.

Próximos passos

A Unesc está preparada para apresentar o projeto a investidores em um roadshow, com o apoio da reitoria e Iparque. “Estamos em contato com empresas nacionais e internacionais de grande porte, e acreditamos que a implementação em larga escala da produção de pozolana pode ser a nova onda econômica para a nossa região”, afirmou Adilson.

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