Desde as 6h30 desta quarta-feira (06), moradores do bairro Mina Brasil, em Criciúma estão reunidos em protesto na SC-108, manifestando-se contra a possível liberação de uma Licença Ambiental que permitirá a construção de um condomínio no Morro Cechinel, que era área de preservação permanente. A preocupação da comunidade remonta a 2019, quando uma lei, embasada em estudo da Unesc, assegurou o status de preservação para o local, entretanto foi alterada em setembro de 2022.
A modificação veio após uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Municipal com uma empresa interessada na obra, quando o prefeito, Clésio Salvaro (PSD), encaminhou uma nova lei, posteriormente aprovada pela Câmara de Vereadores, alterando o dispositivo que restringia o uso da área. Com o zoneamento ajustado, o projeto de construção avança, e os moradores agora se mobilizam para evitar que a licença ambiental seja concedida, temendo impactos irreversíveis na região. "São bichos que estão fugindo, que não tem mais alimentação. Tem um certo local aqui, da nascente, que tamparam e estão maquiando aí com uma grama sintética em cima e as árvores de 15 metros, com 50 metros e 60 centímetros de espessura, sendo enterrada rapidamente para fugir dos olhos da sociedade. Aqui não tem nada, nem fizeram nada para preservar. Os animais estão morrendo, a gente tem várias gravações, que são fortes, que às vezes não dá para botar em público", destacou um dos moradores, Dalton Schmitz. [a matéria segue após o áudio e o vídeo, com o biólogo, Vitor Bastos]
Ouça o depoimento do morador Dalton Schmitz, durante o Programa Adelor Lessa, na rádio Som Maior:
Os impactos ambientais
O biólogo Vitor Bastos destacou os impactos da obra sobre a fauna local, observados com mais intensidade nos últimos dias. “Esse desmatamento está forçando animais a invadirem áreas urbanas, um fenômeno que ocorre agora com maior frequência. Temos visto tamanduás-mirins, ouriços e até macacos bugios aparecendo nas imediações do loteamento. Muitos acabam sendo atropelados ou atacados por cães soltos, além do risco de eletrocussão nas redes elétricas da área”, explicou Bastos.
Para Bastos, as consequências do desmatamento do Morro Cechinel são amplas e preocupantes, sobretudo pela fragmentação de habitat. “A fauna precisa de áreas extensas para sobreviver. Fragmentando pedaços aqui e ali, restam apenas pequenas ‘ilhas de mata’, limitando o movimento dos animais e expondo-os a perigos urbanos. É fundamental mantermos essas áreas verdes intactas para preservar a biodiversidade local e evitar impactos ainda maiores a longo prazo”, reforça.
Ouça o que disse o biólogo Vitor Bastos, sobre o desmatamento no Morro Cechinel, ao jornalista Enio Biz: